Ao Papai Noel.
Sabe
Papai Noel, eu não ia escrever não. Sabe por quê? Porque eu tava
com raiva do senhor. É! Tava mesmo. Eu ainda estou, mas, só um
tiquito de nada. Todo ano eu esperava um presente e nunca ganhava
nada. O último ano, como eu não tinha sapato, – disseram que o
senhor só botava o presente no sapato – aí eu botei o sapato
velho de pai. Foi um sapato que ele achou no lixo. É que pai vive
catando lixo. No dia que os carros passam, ele sai bem cedinho, que é
pra catar o lixo antes do carro passar. O povo sempre bota o lixo pra
fora de noite porque o carro não tem hora pra passar no outro dia.
Mãe disse que o senhor não botou o presente, porque o sapato tava
furado e fedendo ao chulé de pai. Mãe num trabalha por causa da
minha irmã pixitita, mas ela ajuda pai a separar o lixo. Ela só sai
de tarde, porque vai na casa duns ricos que moram aqui perto. Tem uma
empregada lá, que junta os restos de comida que ficam nos pratos,
bota numa lata, e dá pra mãe trazer pra gente comer. Sabe Papai
Noel, teve um ano que eu tava com tanta raiva, que eu desejei que
desse um vento bem forte, e derrubasse a tua carrocinha com os
presentes aqui bem pertinho do viaduto. Ah! Eu nem falei! É que a
gente mora embaixo dum viaduto no caminho que vai pra cidade. Será
que não dá pra o senhor trazer uns presentinhos aqui pra gente.
Quando eu digo pra gente, é porque aqui embaixo do viaduto tem
outras famílias e tem muitos meninos. O senhor pode fazer o
seguinte: ao invés de dar os brinquedos novos aos ricos, o senhor
troca pelos velhos, e guarda pra trazer pra gente. Ah! Se o senhor
trouxer os presentes, veja se dá pra trazer pão também, a gente
aqui, sempre vai dormir com fome, mas, como vai ser no Natal, a gente
poderia comer, pelo menos, um pedaço de pão.
Eu
acho que vou parar por aqui. Quem está escrevendo esta carta é uma
amiga minha que trabalha aqui num posto de saúde. Como agora não
tem médico, nem medicamento, nem equipamento, também não tem
ninguém pra ela atender. Aí, eu falei pra ela que se eu soubesse
escrever, eu escreveria uma carta para o Papai Noel pra pedir um
presente. Foi quando ela pegou uma folha do caderno dela e mandou que
eu falasse o que eu gostaria de lhe dizer. Pois é Papai Noel, já
estou com nove anos e ainda não sei ler nem escrever. Todo dia mãe
me manda rezar pra ver se as coisas melhoram. Reza meu filho! Reza e
pede a DEUS, pra ver se os homens deixam de roubar, criam vergonha na
cara, e melhoram a situação do povo. A escola fica muito longe
daqui do viaduto, também, eu não tenho nem lápis, nem caderno, e
nem também, roupa e sapato. Sim! Ia esquecendo! Tem também a minha
irmã pixitita. Quando ela está dormindo, eu também ajudo pai a
separar o lixo e quando ela está acordada, eu tenho que tomar conta
dela quando mãe ajuda pai ou precisa sair pra pegar os restos de
comida ou a água numa pracinha aqui perto.
Será
que o senhor não vai esquecer? Olha! Eu não vou mandar um beijo pra
o senhor, porque eu não escovei os dentes. Eu nem tenho escova! Sabe
como é pobre né?
Um
abraço,
Palito
(esse é meu apelido porque sou muito magro, e também, porque pobre
não tem nome).
MEUS
QUERIDOS AMIGOS!
O
Natal chegou, e com ele as festas, as alegrias, e acenderam-se as
esperanças de muitos, quanto à obtenção de dias melhores.
Aproveitamos a oportunidade, para agradecer a todos, indistintamente,
pelo apoio e pelo carinho dedicado aos nossos Arte & Emoções e
Literatura & Companhia Ilimitada, não só aos nossos queridos e
leais amigos seguidores, como também, àqueles que nos visitaram
durante o ano de 2019, pois temos certeza de que sem esse apoio
jamais teríamos chegado aonde chegamos. Não sei se será pedir
demais, mas, gostaríamos de continuar contando com esse valiosíssimo
apoio, por tratar-se do nosso principal fomento e a razão maior da
nossa existência. Aproveitamos também para apresentar nossas
desculpas, caso tenhamos, mesmo inadvertidamente, cometido algum
erro. A partir de hoje, faremos uma pequena pausa para descanso,
repor as energias e concatenar as ideias, e somente retornaremos em
2020, ocasião em que atualizaremos as nossas visitas.
Pedimos
ao nosso DEUS misericordioso que cubra com seu manto todo o universo,
abençoe e proporcione a todos os viventes de um modo geral, um Feliz
Natal e que o ano de 2020, seja de muita paz, amor, saúde e
felicidades, e que o homem adote como prioridades, o amor, a
compreensão, a harmonia e a solidariedade para com o seu semelhante,
e assim, possamos ter um mundo mais justo e mais humano.
Muitíssimo
obrigado e até 2020.
“QUE
DEUS SEJA LOUVADO!”
R.S.
Furtado.