DESILUSÃO
Que mais importância tem viver, se a vida,
Já não é a mesma de antes feliz, e vivida,
Nos saudosos tempos de outrora?
Para que serve mais viver, se a saudade,
É tudo que me restou, e que me invade,
Em todo momento, e a qualquer hora?
Partiu de mansinho, sem nenhuma despedida,
Nem sequer pensou que a sua partida,
Chegasse a ferir de alguém, o coração.
Levou consigo a alegria e a felicidade,
De um ser que jamais esperou tanta maldade,
E uma prova de tamanha ingratidão.
Sem alento, desprezado e de coração partido,
Sigo caminhando sozinho e desiludido,
Neste mundo cruel e sem compaixão.
Descrente do amor e descrente de tudo,
Desisti de amar, pois assim não me iludo,
Nem tampouco degrado, meu pobre coração.
E, por nada mais ansiar, e nenhuma esperança,
Seguirei meus passos, só com a lembrança,
Dos dias felizes, com muito amor e paixão.
Levarei na bagagem muita dor e sofrimentos,
Saciarei minha sede com os meus tormentos,
E matarei minha fome, com a minha desilusão.
R.S. Furtado