sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Criação da Árvore-de-Natal.


CRIAÇÃO DA ÁRVORE-DE-NATAL 

1530 – (dezembro) Cria-se a “árvore-de-natal”. E foi assim: Martinho Lutero caminha, meditativo, na noite de Natal. É límpida e clara. Entra por uma floresta de pinheiros. Aí divisa milhares de estrelas brilhando através dos galhos cobertos de neve. Tal espetáculo o deixa deslumbrado e embevecido. Corta um galho de pinheiro. Leva-o para casa. Enfeita-o com velas acesas para que seus filhos compartilhem do espetáculo que se desenrola do lado de fora. A árvore-de-natal torna-se daí, um símbolo de esperança, paz, alegria. Os imigrantes alemães trazem-na para a América, na época colonial. 

Fonte: Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 116. 

Meus queridos amigos(as)! 

O Natal está chegando, mais um final de ano que aos poucos vai se aproximando, e cada vez mais forte está a minha esperança do dever cumprido neste 2011. Procurei fazer o possível para agradar, tanto com o que postei de terceiros, quanto com as ínfimas baboseiras que criei. 

Hoje estou iniciando uma pausa para descansar um pouco a cuca e a carcaça, analisar os erros e os acertos e dar uma arrumadinha no nosso humilde espaço, prometendo, se “DEUS” quiser, retornar em janeiro para dar continuidade às atividades. 

Aproveito a oportunidade para apresentar as minhas desculpas àqueles que, de alguma forma, não agradei com as minhas postagens, e agradecer a todos indistintamente, amigos(as) e seguidores(as), pelo carinho, compreensão e, principalmente, pelo grande apoio que é de vital importância neste mundo virtual, esperando no próximo 2012, continuar sendo merecedor dessas ímpares e valiosas companhias. Muito obrigado de coração. 

A todos, um “Maravilhoso NATAL” e um “Fantástico ANO NOVO”, não com fortuna, mas, com muitas felicidades

“QUE 'DEUS' SEJA LOUVADO” 

Arte & Emoções 
Rosemildo Sales Furtado. 

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Cigarra.


CIGARRA 

Amei a vida 
Como se fora um castigo 

Cantei-a 
Como se fora um feitiço 

Agora chora 
Esse canto calado 
Sacie-te a voz 
Agasalhe-te o pranto 

Que fizeste no Verão? 
Vendeste o teu canto? 

Não vendi 
Dei-o às aves 
A qualquer viandante 

Oh leva-me flores 
Quando já o meu corpo 
Caído não cante 

Daniel Faria 


Daniel Augusto da Cunha Faria nasceu em Baltar, Paredes, a 10 de Abril de 1971. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa – Porto, tendo defendido a tese de licenciatura em 1996. No Seminário e na Faculdade de Teologia criou gosto por entender a poesia e dialogar com a expressão contemporânea. Licenciou-se em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante esse período (1994 - 1998) a opção monástica criava solidez. A partir de 1990, e durante vários anos, esteve ligado à paróquia de Santa Marinha de Fornos, Marco de Canaveses. Aí demonstrou o seu enorme potencial de sensibilidade criativa encenando, com poucos recursos, As Artimanhas de Scapan e o Auto da Barca do Inferno. Faleceu a 9 de Junho de 1999 quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga. 

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/ 

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quando o Sol for Sol.


QUANDO O SOL FOR SOL 

na doçura da idade: 
o sul chora no coito forçado 
o sexo sangra longe da ave-picasso 
a naufragar no bolso. 

Na doçura da idade: 
a noite povoa o sexo da mocidade 
o mel foge dos lábios da mulher 
que procura escaldante beijo. 

Quando o sol for sol 
despir-se-á todo 
para mostrar aos mortos 
as cicatrizes da respiração 
na doçura da idade. 

António Panguila 


Poeta e jornalista angolano, António Francisco Panguila nasceu no dia 15 de julho de 1963, em Luanda, e passou a sua infância em Kitata, Kibala, na província do Kuanza-Sul. 

Licenciou-se em Ciências da Educação, em História, pelo Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) da Universidade de Luanda Agostinho Neto, onde apresentou um ensaio intitulado "Impacto Histórico-Literário do Ohandanji"

A sua formação académica na área da História, abriu-lhe as portas da docência no Ensino Secundário, durante um período de tempo. 

Integrou o coletivo literário "ohandanji", formado pelo grupo de jovens poetas que começaram por publicar no suplemento cultural do Jornal de Angola e na Gazeta Lavra e Oficina da U.E.A. e que, posteriormente, para enfrentar as dificuldades, publicaram uma coleção policopiada intitulada Katetebula/Semi-breve. Quer ler Mais? 

Fonte: http://www.infopedia.pt/$antonio-panguila

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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fundação da Anatomia Humana Científica.

Andreas Versalius

FUNDAÇÃO DA ANATOMIA HUMANA CIENTÍFICA 

1543 – Andreas Versalius (1514-1564) funda a Anatomia Humana Científica. Nasceu em Bruxelas. Estudou Medicina na Universidade de Louvain. Por esse tempo a intolerância religiosa considerava sacrilégio dissecar um corpo humano. Quem o fizesse seria conduzido às fogueiras da Inquisição. E Versalius tinha sede de conhecimentos. Que fez? Viu ele que muitos cadáveres, dos condenados à forca, se encontravam dependurados nas árvores dos campos. Alguns, as aves já haviam devorado as carnes e permaneciam somente em ossos. Altas horas da noite Versalius ia aos campos recolher esses ossos, uni-los, estudá-los, fazer desenhos e anotações, até concluir sua obra, denominada: Estruturas do Corpo Humano, publicada nesse ano de 1543. Versalius apresenta essa obra com 750 desenhos, incluindo todos os ossos, o coração, os pulmões, o fígado, os rins, o cérebro, os vasos sanguíneos, os nervos. Fundou toda a Anatomia em novas bases, corrigindo muitos erros do passado e baseando toda a Ciência na observação direta. Portanto, foi nomeado professor de Anatomia da Universidade de Pádua. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 116/119.

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Lágrimas.


LÁGRIMAS 

Lágrimas tristes, lágrimas doridas, 
Podeis rolar desconsoladamente! 
Vindes da ruína dolorosa e ardente 
Das minhas torres de luar vestidas! 

Órfãs trementes, órfãs desvalidas, 
Não tenho um seio carinhoso e quente, 
Frouxel de ninho, cálix recendente, 
Onde abrigar-vos, pérolas sentidas. 

Vindes da noite, vindes da amargura, 
Desabrochastes sobre a dura frágua 
Do coração ao sol da desventura! 

Vindes de um seio, vindes de uma mágoa 
E não achastes uma urna pura 
Para abrigar-vos, frias gotas d’água! 

Lívio Barreto 


Lívio da Rocha Barreto nasceu em Granja/CE, no dia 18 de fevereiro de 1870 e faleceu em Camocim/CE, no dia 29 de setembro de 1895. 

Foram seus pais José Soares Barreto e Mariana da Rocha Barreto. Lívio foi morar na sede Granja, onde chegou em 1878 e aí aprendeu, com o professor Francisco Garcez dos Santos, as primeiras letras. 

Necessidades o forçaram, ainda criança, a trabalhar como caixeiro de um parente, atividade que o marcou por toda a vida, tendo, no trabalho, vivido a maior parte da infância. 

Contudo, o forte apelo pela literatura, com José Barreto, Luís Felipe, Belfort e outros funda um jornal literário – O Iracema – onde aparecem seus primeiros versos, já reveladores da inspiração e da originalidade daquele que mais tarde passaria a ser o principal representante do Simbolismo no Ceará, apesar da forte tendência romântica. Quer ler mais? 

Fonte: http://www.biografia.inf.br/livio-barreto-poeta.html

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sábado, 10 de dezembro de 2011

"Só o bem".


"SÓ O BEM"

“Se não tiveres condições de falar de bem de uma pessoa, nunca fales de mal.”

R.S. Furtado.

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Falésias.


FALÉSIAS 

Poder-me-ão encontrar, trago um rapaz na minha 
memória, a casa a uma janela 
da qual o faço vir como um sabor à boca, 
falésias onde o aguardo à hora do crepúsculo. 

Regresso assim ao mar de que não posso 
falar sem recorrer ao fogo e as tempestades 
ao longe multiplicam-nos os passos. 
Onde eu não sonhe a solidão fá-lo por mim 

Luís Miguel Nava 


Luís Miguel Nava nasceu em Viseu, Portugal, em 1957. Estudou Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, partindo mais tarde para Oxford, onde lecionou Português. Estreou com o volume de poemas Películas (1979), pelo qual recebeu o Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Publicou ainda as coletâneas A Inércia da Deserção (1981), Como Alguém Disse (1982), Rebentação (1984), O Céu Sob as Entranhas (1989) e Vulcão (1994). Em 1986, mudou-se para a capital belga, trabalhando como tradutor do Conselho das Comunidades Europeias. Foi assassinado em seu apartamento de Bruxelas, em 1995. 

Fonte: http://revistamododeusar.blogspot.com/

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O rio quando antilira.


O RIO QUANDO ANTILIRA 

O rio explode. Quando as mãos 
dos anjos vêm varrer a névoa. 
Ungido primeiro da tristeza, 
escurece-lhe a voz 
nas locas onde canta o pez. 

Escuto-lhe os decibéis da ira 
quando por uma tarde navegável 
solta seu manancial de gritos: 
já não é essa mansidão que ronronam 
os líricos, mas um aguilhão 
saltando às têmporas. 

Mar e margem amparam o fragor 
que leva o desalinho às vísceras. 
Na máquina do poema 
é lenta a combustão que devolve 
o tejo ao afago que tantas metáforas 
sussurrou aos zelosos funcionários da musa. 

Não há, porém, métrica que cinja 
a voz de um rio quando suspira nas entranhas 
avivando um passado que é cisco na memória. 

José Luís Tavares 


José Luís Tavares nasceu a 10 de Junho de 1967, no lugar de Chão Bom, concelho do Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde. Estudou literatura e filosofia. Tem colaboração em jornais e revistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil. Pelo seu primeiro livro publicado, "Paraíso Apagado por um Trovão", recebeu o Prémio Mário António de Poesia 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian à melhor obra de autor africano de língua portuguesa e de Timor-Leste publicada no triénio 2001-2003.  

Fonte: http://www.wook.pt

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Criação da primeira agência de publicidade.


CRIAÇÃO DA PRIMEIRA AGÊNCIA DE PUBLICIDADE 

1554 – Pierre Eyguen, pai de Michel Montaigne, funda em Bordeaux, na França, a primeira Agência de Publicidade do mundo. Deve ser considerado o verdadeiro fundador das modernas agências de anúncios e publicidade, das agências de empregos, dos anúncios e da própria imprensa. Substituiu os “simples avisos” gritados de tempos a tempos, em todas as esquinas, que se faziam com o auxílio de trompas. Lê-se nos ensaios, capítulo 34: “Meu pai disse-me, outrora, que organizara nas diversas cidades do Norte, agências especiais, nas quais, os que desejavam qualquer coisa, iam registrar em um livro especialmente destinado a este fim. “Desejo vender pérolas”. – “Desejo dama de companhia para viagem a Paris”. – Desejo saber do paradeiro de minha irmã, Mlle. Ivete Corbin”. – “Precisa-se de professor de latim”. – “Precisa-se de bom carpinteiro”. – “Desejo vender isto... Comprar aquilo... Alugar aquil'outro”. – Cada um segundo suas necessidades. “Parece-me que esse processo de avisos mútuos traria comodidade ao comércio público; porque sempre existem condições que se entre-buscam e, no entanto, nos deixam, quase sempre, em extrema necessidade”. Pierre Eyguen foi jurado e prefeito de Bordeaux. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 120/121.

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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Soneto do reencontro.


SONETO DO REENCONTRO 

A ausência que há em mim se transfigura 
e mãos e em olhos súbitos no poço, 
onde venho saciar, mais com ternura, 
a sede do cismar outrora moço. 

No fundo espelho a virgem prematura 
desnuda-se e reveste-se em colosso; 
e ao eco milenar que me tortura, 
responde cada voz que já não ouço. 

Oculta face pousa em minha face. 
Não sei de onde ela vem, de que distância: 
- se das raízes líquidas da pedra 

ou se de mim, se do silêncio medra, 
como a canção com que ressuscitasse 
os sepultados ídolos da infância. 

Bernardo Almeida 


Bernardo Almeida foi o nome literário e jornalístico de Bernardo Coelho de Almeida, que nasceu em São Bernardo, MA., em 13 de junho de 1927. Em 1938, já estava em São Luís, como seminarista, no Seminário de Santo Antônio, de onde passou ao Colégio Maranhense dos Irmãos Maristas. Transferiu-se de São Luís para Parnaíba-PI e depois para Fortaleza-CE, onde continuou os estudos, tendo concluído o curso secundário, no Liceu Maranhense, em São Luís. Escritor, poeta, romancista e cronista. Jornalista, iniciou-se na imprensa, escrevendo no Jornal do Povo, tendo escrito em outros jornais como em O Imparcial, onde semanalmente assinava uma crônica na seção “Ponto de Prosa”. Atuou, também, nos jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno. 

Fonte: http://www.guesaerrante.com.br/

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domingo, 4 de dezembro de 2011

Amanhecer.


AMANHECER 

Quando amanhece, 
a Lua lentamente se esconde 
e o Sol, aos poucos aparece. 
O orvalho banha as folhas 
e cintila nas flores, 
que embelezam o jardim 
repleto de beija-flores. 
O canto dos pássaros, 
onde reside a beleza e a magia, 
é prenúncio de novos amores 
e de um próspero e lindo dia. 

R.S. Furtado 

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sábado, 3 de dezembro de 2011

A volta.


A VOLTA 

Sim, há de voltar. 
E que lhe direi? 
Que o esperei? 
Que sofri? 

E se ele não acreditar? 
Que hei de fazer? 
Mostro-lhe a criança? 
ou fico calada? 

E se ele vem e estranha a casa? 
esta minha magreza 
este portão aberto, 
e este lume apagado?... 

E se tudo vier a dar certo? 
se acabar de entrar 
e correr para mim? 
Hei de chorar, 
ou hei de rir?... 

Sérgio Frusoni 


Sérgio Frusoni (Mindelo, 10 de Agosto de 1901 – Lisboa, 29 de Maio de 1975) foi um poeta cabo-verdiano, filho de pais italianos. 

Com 24 anos de idade, começou a trabalhar na Western Telegraph Company, tendo mais tarde mudado para a Italcable. Em 1947, passou a gerir o "Café Sport" no Mindelo, onde apresentava poemas e pequenos contos em crioulo. 

Na década de 1960 liderou o grupo de teatro "Teatro do Castilho" no Mindelo. Durante anos, foi locutor na Rádio Barlavento, onde dirigia e apresentava o programa "Mosaico Mindelense", em crioulo. 

Frusoni escreveu muitos contos e poemas em crioulo de São Vicente (Criol d' Soncente). É muito conhecido no arquipélago de Cabo Verde, mas é praticamente desconhecido no estrangeiro. No final da sua vida, Sérgio Frusoni foi também pintor. 

Para Corsino Fortes (Paralelo 14: quinta-feira, 07 julho 2005), Sergio Frusoni "colocou a mulher no centro da sua poesia, apresentando-a como a fiel depositária da perpetuação da espécie e dona do condão de resolver todos os problemas, mas sempre com dignidade". 

Fonte: Wikipédia. 

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A assembleia dos ratos.


A ASSEMBLEIA DOS RATOS 

Um gato, de nome Faro-Fino, deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha, que os sobreviventes sem ânimo de sair das tocas, estavam a pique de morrer de fome. 

Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. 

Aguardaram, para isso, certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à lua. 

– Acho, disse um deles, que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo no pescoço. Assim, mal se aproxime a fera, o guizo a denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo. 

Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O orador foi abraçado e gabado como o maior talento da geração e, posto a votos, foi o projeto aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro e muito positivo, o qual, pedindo a palavra disse: 

– Está tudo muito direito. Mas quem amarra o guizo no pescoço de Faro-Fino? 

Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação. 

Moral da história: DIZER É FÁCIL; FAZER É QUE SÃO ELAS! 

Monteiro Lobato

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Imagem.


IMAGEM 

No firme azul do desdobrado céu 
Decantarei a mínima magia 
Das sensações mais puras, melodia 
Da minha infância, onde era apenas Eu. 

Da realidade nua desce um véu 
Que, já sem mar, apenas maresia, 
me vem tecer aquela chuva fria, 
Que prende esta janela ao claro céu. 

Despido o ouropel desvalioso, 
Já não apenas servo, mas o Rei 
Da luz da minha lâmpada nomeia, 

Assim procuro o centro misterioso 
Do mundo que hoje habito, onde serei 
Concêntrica expressão da vida inteira. 

Alberto de Lacerda 


Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 — Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português. 

Nascido no Norte de Moçambique, Alberto de Lacerda veio para Lisboa em 1946. Em 1951 fixou-se em Londres trabalhando como locutor e jornalista da BBC, efectuado um notável trabalho de divulgação de poetas como Camões, Pessoa e Sena. Nos anos seguintes viajou pela Europa e esteve no Brasil em 1959 e 1960. A partir de 1967 começa a leccionar na Universidade de Austin, no Texas, EUA, onde se manteve durante cinco anos, fazendo uma breve passagem pela Universidade de Columbia, de Nova Iorque, até se fixar, em 1972, como professor de poética, na Universidade de Boston, Massachusetts. 

Estreou-se em Portugal com uma série de poemas publicados na revista Portucale. Foi um dos fundadores da revista de poesia Távola Redonda, juntamente com Ruy Cinatti, António Manuel Couto Viana e David Mourão-Ferreira. Os seus poemas foram traduzidos para o inglês, castelhano, alemão e holandês, entre várias outras línguas. É descrito como possuindo uma linguagem pouco adjectivada mas rica em imagística, reveladora de um mundo misterioso oculto na vulgaridade das coisas . Alberto de Lacerda é também autor de colagens, tendo chegado a expor, nos anos 80, na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa. 

Faleceu em Londres a 26 de Agosto de 2007. Apesar do número relativamente pequeno de obras publicadas, Lacerda deixou um vasto espólio e de grande importância, composto, nomeadamente, por correspondência com grandes figuras da cultura, estrangeiras e portuguesas, tais como Maria Helena Vieira da Silva e o marido Árpád Szenes ou ainda Paula Rego. 

Fonte: Wikipédia.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aqui morava um rei.


AQUI MORAVA UM REI 

Aqui morava um Rei quando eu menino 
Vestia ouro e castanho no gibão 
Pedra da sorte sobre o meu destino 
Pulsava junto ao meu seu coração 

Para mim, seu cantar era divino 
Quando ao som da viola e do bordão 
Cantava com voz rouca o desatino 
O sangue o riso e as mortes do sertão 

Mas mataram meu pai, desde esse dia 
Eu me vi como um cego sem meu guia 
Que se foi para o sol, transfigurado 

Sua Efígie me queima, eu sou a presa 
Ele a brasa que impele ao fogo, acesa, 
Espada de ouro em Pasto Ensanguentado 

Ariano Suassuna 


Sexto ocupante da Cadeira nº 32, eleito em 3 de agosto de 1989, na sucessão de Genolino Amado e recebido em 9 de agosto de 1990 pelo Acadêmico Marcos Vinícios Vilaça

Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o governo da Paraíba e a família passa a morar no sertão, na Fazenda Acauhan. 

Com a Revolução de 30, seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral. 

A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano seguinte. Quer ler mais? 

Fonte: Academia Brasileira de Letras

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Indo & Vindo com A Mãe Solteira.


INDO & VINDO

Indo -------------------->

“Hoje não tem ensaio na escola de samba, o morro está triste e o pandeiro calado. Maria da Penha a porta bandeira, ateou fogo às vestes por causa de um namorado.”

(Trecho da letra do samba “Mãe Solteira” de Wilson Batista) 

Vindo <------------------

“Por causa do namorado ateou fogo às vestes a porta bandeira Maria da Penha, Daí, o pandeiro está calado, o morro triste, e na escola de samba não tem ensaio hoje” 

R.S. Furtado.

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domingo, 27 de novembro de 2011

Alegres campos, verdes arvoredos.


ALEGRES CAMPOS, VERDES ARVOREDOS 

Alegres campos, verdes arvoredos, 
Claras e frescas águas de cristal, 
Que em vós os debuxais ao natural, 
Discorrendo da altura dos rochedos; 

Silvestres montes, ásperos penedos, 
Compostos em concerto desigual, 
Sabei que, sem licença de meu mal, 
Já não podeis fazer meus olhos ledos. 

E, pois me já não vedes como vistes, 
Não me alegrem verduras deleitosas, 
Nem águas que correndo alegres vêm. 

Semearei em vós lembranças tristes, 
Regando-vos com lágrimas saudosas, 
E nascerão saudades de meu bem. 

Luís de Camões 


Luís Vaz de Camões presume-se tenha nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). 

Viveu algum tempo em Coimbra onde, segundo consta, freqüentou aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boemia. 

Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma briga, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde escreveu, de acordo com seus estudiosos, grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião.

Faleceu em Lisboa no dia 10 de junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo

Obras: 

"Os Lusíadas" (1572) "Rimas" (1595) 
"El-Rei Seleuco" (1587) 
"Auto de Filodemo" (1587) 
"Anfitriões" (1587) 

Fonte: www.releituras.com

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sábado, 26 de novembro de 2011

Soneto.


SONETO 

Ouviu-te a voz longínqua sobre os mares 
A quilha da ameaça que os cortava 
E os homens que te ergueram seus olhares 
Descem a mão que a arma empunhava. 

Sobre os campos da terra e sobre os rios, 
Sobre o verde das ervas, sobre as fontes 
Pairam sinistras luas e sombrios 
Sóis projetam a sombra sobre os montes. 

Mas no horizonte lívido do dia 
Recuam quando passa a nuvem fria 
Os pássaros metálicos da morte. 

E na amplidão da luz que resplandece 
É de ti que surgiu a mão que tece 
A esperança nova à humana sorte. 

Arnaldo França 


Arnaldo Carlos de Vasconcelos França nasceu na cidade da Praia, Cabo Verde, em 1925. Graduado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa.    

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os Dez Mandamentos.


OS DEZ MANDAMENTOS 

1500 a.C. Moisés, no monte Sinai, recebe os Dez Mandamentos. Libertador dos Hebreus, tira-os do Egito onde estavam escravizados e torna-se seu guia espiritual e moral na peregrinação pelo deserto em busca da Canaã; ou seja Terra Prometida. O decálogo, que teria sido ditado por Jeová, assim se resume: 

1º) Não ter diante de si deuses estranhos. 
2º) Não fazer nem adorar imagem de espécie alguma. 
3º) Não tomar o santo nome de DEUS em vão. 
4º) Guardar o sábado e santificá-lo. 
5º) Honrar o pai e a mãe. 
6º) Não matar. 
7º) Não cometer adultério. 
8º) Não furtar. 
9º) Não dar falso testemunho contra o próximo. 
10º) Não cobiçar coisa alguma que seja do próximo. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 15/16.

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

À esposa.


À ESPOSA 

Se lá na eterna glória a que voaste, 
A lembrança do mundo se consente, 
Aceita, alma piedosa, a dor pungente 
De tudo quanto aqui idolatraste: 

O esposo, a filha, os filhos que deixaste, 
Em mágoas e saudade permanente, 
Vivem na terra vida descontente 
Desde que as corpóreas vestes tu largaste. 

Ao seio de Deus, tornas radiante 
De virtude e bondade, qual saíste 
Imaculada de nascer no instante: 

A nos queixosos neste vale triste 
Volve-te como foste sempre amante, 
Porque entre nos só amargura existe! 

Francisco Sotero dos Reis 


Francisco Sotero dos Reis (São Luís do Maranhão, 22 de abril de 1800 — 10 de março de 1871) foi um jornalista, poeta e escritor brasileiro do século XIX. Deu lume a uma obra estritamente vinculada a assuntos filológicos; suas incursões temáticas sobre a realidade regional também decorreram num contexto de lutas políticas acirradas e instituintes do jovem Estado Nacional e de uma província inicialmente refratária às proposições separatistas do Brasil. Traduziu no século XIX, o livro COMENTARI DE BELLO GALLICO de Júlio César do latim para o português e este foi o primeiro livro traduzido diretamente do latim para o português, que nossos estudantes puderam ler, porque antes os livros eram traduzidos do latim ao francês e depois para o português. 

Fonte: http://www.skoob.com.br/

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

"Dor"


"DOR"

“Se sentir alguma dor é ruim, bem pior é para àqueles que já não têm mais condições de senti-la.” 

R.S. Furtado

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Cega-Rega das crianças.


CEGA-REGA DAS CRIANÇAS 

A Velha dormindo 
o rato roendo 
a Velha zumbindo 
o rato correndo 
a Velha rosnando 
o rato rapando 
a Velha acordando 
o rato calando 
a Velha em sentido 
o rato escondido 
a Velha marchando 
o rato mirando 
a Velha dizendo 
o rato escutando 
a Velha ordenando 
o rato fazendo 
a Velha correndo 
o rato fugindo 
a Velha caindo 
o rato parando 
a Velha olhando 
o rato esperando 
a Velha tremendo 
o rato avançando 
a Velha gritando 
o rato comendo 

Mario-Henrique 


Mário-Henrique Leiria, escritor e pintor português, nasceu a 2 de janeiro de 1923, em Lisboa, e morreu a 9 de janeiro de 1980, em Cascais. 

Frequentou a Escola de Belas-Artes - de onde seria expulso em 1942 - e participou, entre 1949 e 1951, nas atividades da movimentação surrealista em Portugal (participou na exposição de 1949 e assinou alguns dos textos coletivos, como Afixação proibida) tendo aderido ao Grupo Surrealista Dissidente. 

Exerceu várias profissões (marinha mercante, caixeiro, operário metalúrgico e da construção civil) e viveu grande parte da sua vida no estrangeiro (Europa ocidental, Norte de África, Médio Oriente, Inglaterra). Dirigiu a revista Aqui (1976) e realizou várias traduções (Faulkner, Aldous Huxley, Gorki). 

Depois de ter permanecido, por questões políticas, nove anos na América Latina (1961-1970), voltou para Portugal, só então publicando o seu primeiro livro Contos do Gin-Tonic, primeiro de vários volumes que reúnem pequenas narrativas de um nonsense truculento, onde ainda é visível a influência do legado surrealista. Posteriormente editaria Novos Contos do Gin-Tonic (1974), Imagem Devolvida (1974), Um Conto de Natal para Crianças (1975), Casos de Direito Galáctico (1975), O Mundo Inquietante de Josefa (fragmentos) (1975) e Lisboa ao Voo do Pássaro (1979). 

Grande parte da obra poética dispersa e inédita de Mário-Henrique Leiria, nomeadamente aquela que resultou da sua atividade surrealista, foi publicada postumamente, encontrando-se o seu espólio depositado na Biblioteca Nacional. 

Fonte: Infopédia.

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domingo, 20 de novembro de 2011

O seringueiro e a onça.


O SERINGUEIRO E A ONÇA 

        A outra história se deu no Amazonas. O sujeito me contou que tinha saído de madrugada na sua estrada de seringa. Não sabe como, se distraiu, deixou a vereda batida: quando deu em si, estava perdido na mata. 
          Rodou, rodou, até que topou com um pau tão grosso que quatro homens de mãos dadas não o abarcavam. E acontecia que esse pau tinha um oco bem no meio, cavado a modo de um pilão – sendo porém que o tal pilão tinha umas duas braças de fundo por uma braça de largo. E por uma fenda que mostrava o interior do oco ele viu que uma onça ali agasalhava a ninhada e dois filhotes roncavam e buliam lá dentro. 
          A onça não estava no ninho; e o homem, deu-lhe uma grande vontade de apanhar os gatinhos e os levar para criar. Com muita dificuldade subiu no pau, se agarrando num cipó, e foi descendo pelo meio do oco em procura dos gatos. Mas a meio caminho o cipó rebentou e ele caiu em cheio dentro da cova da onça. Então é que foi o diabo. Porque o oco era liso, sem falha, e ele não via jeito de se safar do buraco. Tanto tentou que sangrou os dedos, deu pulos de doído e só o que conseguiu foi cair por cima de um dos gatos que lhe enfiou os dentes no calcanhar. Acabou o infeliz se sentando no chão, chorando de raiva, no meio da catinga de carniça. 
          E o pior não era isso, o pior foi mesmo quando a onça velha apareceu, farejou pela fenda e veio ver o que lhe acontecera aos filhos. 
        De um salto a fera subiu no pau, e de lá de cima veio, baixando, mas de costas, primeiro o rabo, depois os quartos, enquanto, ia se agarrando com as unhas para amortecer a descida. E aí o homem, que já encomendara a alma a Deus, teve de repente uma ideia. 
          – Onça! 
       Assombrada com o berro, sentindo-se presa, a onça armou o pulo e atirou-se para cima. E com ela subiu o camarada, só lhe soltando o rabo quando tocou com os pés no chão. A onça sumiu no mato, como um corisco. E o homem se benzeu, fechou os olhos. E assim mesmo com os olhos fechados, mas correndo como um desesperado, nem sabe como deu com o terreiro de casa. 

Rachel de Queiros 


Quinta ocupante da Cadeira 5, eleita em 4 de agosto de 1977, na sucessão de Candido Motta Filho e recebida pelo Acadêmico Adonias Filho em 4 de novembro de 1977. 

Rachel de Queiroz nasceu em  Fortaleza (CE), em 17 de novembro de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descende, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autor ilustre de O Guarani, e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas no  Quixadá e Beberibe. 

Em 1917, veio para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de 1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O quinze, seu livro de estréia. No Rio, a família Queiroz pouco se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos. 

Em 1919, regressou a Fortaleza e, em 1921, matriculou-se no  Colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade. Quer ler mais? 

Fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=261&sid=115

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