SONETO DO REENCONTRO
Nada mais esperar, se o sentimento
que um dia escravo e deus de mim fizera,
é hoje o doce e amargo no alimento
a alimentar quem sou com quem eu era
e nunca o fui, senão em pensamento.
Nada mais esperar? — Mas clama a espera no fundo
do que sonho, quero e invento
com o que resiste, em mim, ao anjo e à fera.
Oh, não mais esperar!— E o desespero
seria em minha voz, como em meus braços,
a espera mais total, do prisioneiro
que, encerrado em si mesmo, sente o espaço ...
Que inteiro está o amor no derradeiro
pedaço deste amor que despedaço.
Afonso Félix de Sousa
Afonso Félix de Sousa (Jaraguá/GO, 5 de julho de 1925 – Rio de Janeiro, 7 de setembro de 2002) foi um poeta, cronista, jornalista e tradutor brasileiro.
Aos nove anos se mudou para Pires do Rio (GO), onde seu pai foi exercer o cargo de agente fiscal de rendas estaduais.
Em 1942 publicou os primeiros poemas no jornal Voz Juvenil do Ginásio Anchieta, da cidade de Silvânia, onde estudava. No ano seguinte, mudou-se para Goiânia, onde iniciou sua atividade literária, colaborando em jornais como O Popular e a Folha de Goiás e na revista Oeste. Quer ler mais?
Fonte: http://vendavaldasletras.wordpress.com/2011/07/11/afonso-felix-de-sousa-1925-%E2%80%93-2002/
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