domingo, 13 de junho de 2010

Ismália.

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ISMÁLIA

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Alphonsus de Guimaraens

http://www.fnt.org.br/fotos/descoberta/1.jpg

Poeta em que devoção e equilíbrio se dão as mãos desde o início, Alphonsus de Guimaraens foi mestre de um lirismo místico, em que busca e sublima a amada entre o luar e as sombras, o amor e a morte. Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em Ouro Preto MG em 24 de julho de 1870. Estudou engenharia e direito. Apaixonou-se por sua prima Constança, que morreu logo depois. Em São Paulo, colaborou na imprensa e freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas.

Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Foi juiz e promotor em Conceição do Serro MG. De seus livros, os três primeiros foram publicados no mesmo ano (1899): Dona mística, Câmara ardente e o Setenário das dores de Nossa Senhora. Foi escrito antes, no entanto, o Kyriale (1902), sua coletânea mais representativa. Seguiram-se Pauvre lyre e Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923). Um dos principais representantes do movimento simbolista no Brasil, sua obra, de influência francesa (Verlaine, Mallarmé -- que traduziu), adquire com freqüência acentos arcaizantes e de envolvente conteúdo lírico, uma vez que o exprime num misticismo enraizado no fundo da subjetividade e, desse modo, como uma compulsão do inconsciente.

Em ritmo elegíaco e de solene musicalidade, multiplica a imagem da amada: são "Sete damas", são "As onze mil virgens", Ester, Celeste, Nossa Senhora (com quem identifica Constança), ou a célebre "Ismália". Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana -- se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista. Alphonsus de Guimaraens morreu em Mariana MG em 15 de julho de 1921.


Fonte: www.omelhordaweb.com.br

14 comentários:

Anônimo disse...

O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.

Clarice Lispector

Feliz Domingo....Beijos & Flores...M@ria

chica disse...

Afonso Guimarãese suas obras lindas!Essa é mais uma!abração,lindo domingo e tuuuuuuuuuuuuuuudo de bom!chica

Wanderley Elian Lima disse...

Adoro esse poema, parabéns pela escolha.
Uma ótima semana para você
Grande abraço

Everson Russo disse...

"Vi uma lua no céu e vi outra lua no mar", isso é super lindo,,,poesia de alma,,,,abraços amigo e uma semana em paz pra ti...fique com Deus.

Tania Anjos disse...

Também gosto demais desse poema.

Tenho em meu blog um post de 2008 fazendo uma analogia entre Ísmália, de Alphonsus de Guimaraens e Ofélia, de Machado de Assis.

[http://norastrodapoesia.blogspot.com/2008/10/ismlia.html]

Parabéns pela escolha do autor e obra.

Um abraço!

ETERNA APAIXONADA disse...

Caro Furtado

Seu blog é um primor!
Quando de sua autoria, nos encanta!
E nos demais posts nos presenteia com páginas ricas, escolhidas com alma poética!
Parabéns, sempre!
Obrigada pelas visitas a um de meus blogs, sempre tão gentis!
Tenha um ótimo domingo e um bom início de semana!
Beijos

AFRICA EM POESIA disse...

Furtado

Venho deixar um pouco de alegria com a minha fruteira
Um beijo




CESTINHA

Cestinha da fruta...
De metal e asas largas....
Cestinha linda...
Que tão bem cheiras...
E o teu aroma...
Espalha-se pela casa toda...


Porque aqui nesta cestinha...


Eu encontrei...
O meu lindo abacate...
Verde e elegante...
A Dona manga bem madurinha...
Fica toda vaidosa...


Depois, dois lindos maracujás...
Muito roxos... fazem companhia...
E tu Ginguenga...
Vermelha e oval...


És apenas o contraste...


E a fruteira...
Tem também...
Duas lindas goiabas...
Doces...
E com um cheirinho...
Que se junta aos outros...
E se estende pela sala...

E tu...Fruteira...

Continuas a deliciar...
Com os teus cajús...
E castanhas de estalar ...



LILI LARANJO

Lou Witt disse...

Passando pra deixar um super beijo de domingo!!!

Anônimo disse...

muy buen tema. siempre es un gusto leer los escritos compartidos aquí.
un abrazo

Sonia Schmorantz disse...

Belíssimo este teu trabalho!
Um abraço, ótima semana

ONG ALERTA disse...

Lindo, não importa aonde sempre o amor...paz.
Beijo Lisette

Cáh Morandi disse...

Guimarães... complexo e profundo. Adoro!

✿ Regiane ✿ disse...

Belíssimo poema!
O amor está no ar.
Tnha uma semana especial.
Com carinho, Lady.

Unknown disse...

Lindo poema de Alfonso Guimarães, engraçado ele leva um jeitonho de castro Alves, na aparência. Percebeu?

Lindo, lindo texto, um mergulho transcedental entre céu e mar.

Linda semana
Bjs
Livinha