ERA UMA VEZ
Vôvô Bartolomé, ao sol que se coava da mulembeira
por sobre a entrada da casa de chapa,
enlanguescido em carcomida cadeira
vivia
- relembrando-a -
a história de Teresa mulata
Teresa Mulata!
essa mulata Teresa
tirada lá do sobrado
por um preto d'Ambaca
bem vestido,
bem falante,
escrevendo que nem nos livros!
Teresa Mulata
- alumbramento de muito moço -
pegada por um pobre d'Ambaca
fez passar muitas conversas
andou na boca de donos e donas...
Quê da mulata Teresa?
A história da Teresa mulata...
Hum...
Vôvô Bartolomé enlanguescido em carcomida cadeira adormeceu
o sol coando das mulembeiras veio brincar com as moscas nos
lábios
ressequidos que sorriem
Chiu! Vôvô tá dormindo!
O moço d'Ambaca sonhando...
António Jacinto
António Jacinto do Amaral Martins nasceu no Golungo Alto, Angola, em 28 de Setembro de 1924. Conclui seus estudos licencias em Luanda, passando a trabalhar como funcionário de escritório.
Destacou-se como poeta e contista da geração Mensagem e, como membro do Movimento de Novos Intelectuais de Angola. tendo colaborado com produções suas em diversas publicações nomeadamente "Notícias do Bloqueio", "Itinerário", "O Brado Africano".
Como contista, por vezes, usava o nome literário de Orlando Távora, como também o de Kiaposse.
Por questões políticas foi preso em 1960 sendo desterrado para Campo de do Tarrafal, em Cabo Verde, onde cumpriu pena até 1972, quando foi transferido para Lisboa, em regime de liberdade condicional, por cinco anos, onde exerceu a função de técnico em contabilidade. Em 1973 evadiu-se de Portugal e foi para Brazzaville, onde se juntou à guerrilha do MPLA.
Após a independência de Angola foi co-fundador da União de Escritores Angolanos, e participou activamente na vida política e cultural angolana, sendo Ministro da Cultura de 1975 a 1978.
Ganhou vários prémios, nomeadamente o Prémio Noma, Prémio Lotus da Associação dos Escritores Afro-Asiáticos e Prémio Nacional de Literatura.
.
Em 1993, o Instituto Nacional do Livro e do Disco (INALD), instituiu em sua homenagem o “Prémio António Jacinto de Literatura”.
Morreu em 23 de Junho de 1991.
Publicou:
Poemas(1961),
Vovô Bartolomeu (1979),
Poemas (1982, edição aumentada),
Em Kilunje do Golungo (1984),
Sobreviver em Trrafal de Santiago (1985; 2ªed.1999),
Prometeu (1987),
Fábulas de Sanji (1988).
Fontes:
http://betogomes.sites.uol.com.br/AntonioJacinto.htm
http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/content/category/6/29/304/
http://bracosaoalto.blogspot.com/
http://www.angoladigital.net/
11 comentários:
Olá amigo
Seu trabalho de pesquisa sempre nos trás novidades, gosto muito de passar por aqui, sempre conheço mais.
Bom feriado e um abraço
Maravilhosa poesia e oportunidade de sempre aprender mais por aqui!ABRAÇÃO,CHICA
Interessante como sempre a historia,,,sempre uma otima pesquisa,,,,abraços fraternos amigo e um belo feriado pra ti...fique napaz de Jesus.
O que a gente pode fazer né!
Bjs.
A mulata é a cor do pecado, paz.
Beijo Lisette
que belezura de trabalho e de história!
parabéns pelo blog, meu caro.
grande abraço!
Passando pra deixar o meu carinho.
Beijo, querido amigo!!!
Bah! Desculpe-me Rosemildo! Não quero te encher a paciência, nem tirar o teu tempo, mas é que eu tenho uma lembrancinha - parece tia velha né? - pra te dar lá no Nota Preta! Passa lá?
Um abraço pra ti!
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.
(Manoel de Barros)
Saudações Poéticas...Saudades...M@ria
Boa noite Rosemildo,
adorei este post, Homenagem merecida!
Beijnhos,
Ana Martins
"Os meus olhos
contemplam
a luz dos teus,
que ilumina
a minha alma!"
MAURICIO FREYESLEBEN
Amor & Paz na sua noite...M@ria
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