terça-feira, 8 de junho de 2010

Dedicatórias.

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DEDICATÓRIAS

I

Já que por terras estranhas
Acompanhar-vos não posso,
Deste fraco amigo vosso
Levai o fiel retrato.
Tem o nariz muito chato
E a boca um pouco torta...
Mas isto bem pouco importa.
Para que ninguém o veja,
Ponde-o a tomar cerveja
Por detrás de alguma porta...

II

Amigo, não faças caso
Deste retrato tão feio.
Ele é meu, e não alheio:
Eu sou um soldado raso;
Porém, se feio é o vaso,
O conteúdo é bonito.
Eu sou um pobre proscrito,
Que só, no meio da calma,
Solto o brado de minha alma:
— Independência! — eis meu grito.

Bernardo Guimarães.


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Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em Ouro Preto a 15 de agosto de 1825 e morreu em 10 de março de 1884 na mesma localidade. Apesar de ser mais conhecido pelos seus romances, de cunho essencialmente regional, foi também jornalista, contista e poeta. Inseparável de um espírito boêmio, que caracterizou toda a sua vida e parte da sua obra, tornou-se famoso pelos ditos humorísticos, pelas artimanhas com que ludibriava os amigos e pela predileção com que se entregava às bebidas espirituosas. Formado em Direito, chegou a exercer as funções de Juiz numa cidade de Goiás.

Porém, pouco tempo se manteve nesse cargo, pois deliberou, certa vez, absolver e dar liberdade a todos os presos da cidade. Dedicou-se depois ao magistério, lecionando em Ouro Preto. Nunca abandonou, em toda a sua vida, a dedicação à literatura, nem diminuiu a atividade intelectual.

A primeira obra que escreveu, Cantos da Solidão (1852), é considerada por alguns críticos a sua obra-prima, em poesia. Depois disso, publicou: Poesias (1865); O Ermitão do Muquem, romance (1871); Lendas e Romances, novelas (idem); O Garimpeiro e O Seminarista, romances (1872); O índio Afonso, romance (1873); A Escrava Isaura, romance (1875); Novas Poesias (1876); Maurício, romance (1877); A Ilha Maldita, O Pão de Ouro, romances (1879); Rosa ura, a Enleitada, romance (1883) e Fôlhas de Outono, poesias (idem).

Escreveu ainda um opúsculo de poesias licenciosas, intitulado O Elixir do Pajé, que foi impresso sub-repticiamente, dada a índole do seu conteúdo e do qual se conhecem muito poucos exemplares. Um deles, considerado "raríssimo", figura na "Coleção Adir Guimarães" da Biblioteca Central da Universidade do Brasil. Bernardo Guimarães é o patrono da Cadeira N.º 5 da Academia Brasileira de Letras.


Fonte: www.bibvirt.futuro.usp.br

12 comentários:

Juliana Apetitto disse...

Não conhecia Bernardo Guimarães e pelo visto ele foi um grande escritor e poeta. Me chamou a atenção a chamada de atenção que ele nos faz para a beleza interior e não apenas a exterior. E o grito de independência, que todos devemos gritar um dia. Independência contra o sofrimento, amargura e lembranças tristes. Que elas não nos aprisionem mais.
Gde beijo e parabéns pela postagem

Everson Russo disse...

Nossa,,,que belissimo post,,,forte,,,intenso,,,devemos mesmo soltar todos esses gritos guardados no peito,,,um forte abraço e um dia na paz do Senhor.

Elaine Barnes disse...

Adorei ele e o poema. Fortíssimo. Dá até força e coragem pra gente. Amei! Montão de bjs e abraços

✿ Regiane ✿ disse...

Bom dia!
Também não conhecia esse grande poeta e escritor.
Obrigada por dividir conosco.
Belo e forte o poema, uma injeção de ânimo.
Tenha um dia especial.
Com carinho, Lady.

Unknown disse...

Quisera o mundo procurasse ver o que existe por dentro de um envólucro material, sabendo-se que esse existe por empréstimo ao passeio da jornada para o nosso crescimento espiritual.
Em quantos monstrinhos não estariamos abraçados dando a eles a oportunidades de mostrarem as suas essências.

Grande poema, magnífico!

Que Deus assim permita que os olhos da alma em todos, penetre em cada coração.

Mta paz!
Bjs
Livinha

Valéria lima disse...

Não importa se é feio ou belo, sempre o que vale é a alma.

BeijooO'

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Rosemildo
Realmente o que importa é o conteúdo e não a frasco.
Grande abraço

Caminhos Poéticos disse...

Belísssimo amigo como sempre.
Parabéns!! Beijos......M@ria

Léo Santos disse...

Parabéns! Desculpe-me a redundância, mas, é que eu não tenho nem o que dizer, pois, gosto muito do que tu publica aqui no teu blog, é de uma importância vital pra mim! Entende?

Um abraço!

Déia disse...

Oi

A foto chega a arrepiar!!

Lindo texto!

bj

Ira Buscacio disse...

Furtado, querido amigo,

Passando pra ler e retribuir o carinho de sempre.
Belo post.
BJ

Lou Witt disse...

Amei

A foto ta show!!!

Beijo de carinho!!!