ARTE DE AMAR
Não faço poemas como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.
Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder
Thiago de Mello
Amadeu Thiago de Mello nasceu na cidade de Barreirinha, no Amazonas, em 30 de março de 1926. Depois de fazer sua escolarização inicial em Manaus, foi para o Rio de Janeiro, onde veio a ingressar na Faculdade de Medicina, tendo desistido do curso no 4° ano. Viveu longos anos de exílio no Chile, onde permaneceu até a queda de Allende.
É membro da Academia Amazonense de Letras e mora, há anos, em sua cidade natal, em casa projetada pelo arquiteto Lucio Costa. Vasta é a obra de Thiago de Mello, que acaba de receber bonita homenagem, realizada em 19 de abril de 2006, na Câmara dos Deputados, em Brasília, em comemoração aos seus 80 anos. Muitos de seus livros foram traduzidos no Chile, em Cuba, na Argentina, em Portugal, nos Estados Unidos, na França, na Alemanha e na Inglaterra, entre outros países. Thiago de Mello é tradutor de Pablo Neruda, T.S. Eliot e Ernesto Cardenal, entre outros e sua obra também está apresentada em discos, alguns com locução do autor, como Poesias de Thiago de Mello (1963), Mormaço na Floresta (1986), Os Estatutos do Homem e Poemas Inéditos (1992) e A criação do mundo (2006).
Entre os livros de poesia publicados poderiam ser destacados: Silêncio e Palavra (1951), Narciso Cego (1952), Vento Geral (reunião dos livros anteriores e mais três inéditos: Tenebrosa Acqua, O Andarilho e a Manhã e Ponderações que faz o defunto aos que lhe fazem o velório - 1960), Faz Escuro mas Eu Canto (com 1ª edição em 1965 e muitas reedições), A Canção do Amor Armado (1ª edição em 1966), Os Estatutos do Homem (com desenhos de Aldemir Martins, 1ª edição em 1977), Horóscopo para os que Estão Vivos (1ª edição em 1966), Mormaço na Floresta (1ª edição em 1981), De uma vez por todas (1ª edição 1996 Prêmio Jabuti 1997) e Os Estatutos do Homem, em edição de luxo trazida a público pela Valer em 1999. Publicou também, vários livros em prosa, como Borges na Luz de Borges (1993) e Amazonas, Pátria da Água (edição de luxo, bilíngüe - português e inglês -, com fotografias de Luiz Cláudio Marigo, em 1991).
Fonte: www.antoniomiranda.com.br
15 comentários:
Poema lindíssimo. Grande abraço.
bonitos tus versos ...lo entiendo bien..gracias de tu bonita visita un abrazo
Marina
Poema que atiça o amor,
que emerge do cobertor
na manhã mais insana
em Bagdá ou em Copacabana...
É uma arte que estamos sempre aprendendo para melhor criar uma obra prima,,,um super abraço fraterno de bom dia pra tiamigo...
O verso em si muito bonito, ponteiros de letras que surgem na tela da mente rasgando da alma os deslumbre do infinito.
De fato amor não se faz, amor se vive.
Como não acho que fazer sexo seja fazer amor.
Um consolida o outro, mas fazer um sem o outro, sinceramente é uma sacanagem.
Bom dia meu amigo
Bjs
Livinha
Concordo com Thiago de Mello, fazer amor é pouco, o melhor é foder, é mais completo.
Abração
eso, tremendo pensamiento!!!
un abrazo
Olá Furtado!
Mas nao é que ele esta certo!?
Ja me disseram:
Quem foi que disse que amor se faz ja que ele esta pronto desde sempre!?
Gostei da poesia!Sabia nudez!
Beijos,amigo!
Thiago de Mello
Amoooooooooooooooo!
bjs.
Bonito poema el que nos compartes aquí, Rosemildo, dulce y amoroso. Bonito el post entero.
Recibe un abrazo muy fuerte y con cariño de mi parte y mi agradecimiento por tomarme en cuenta y visitando mi blog. Me haces feliz.
Andri
Thiago de Mello éum dos melhores poetas brasileiros da atualidade.
Fica no seu canto, como que escondido, e de repente reaparece com uma poema lindo como esse.
Théo Drummond
Thigo de Mello é um oa grandes poetas brasileiros da atualidade. Fica escondido no seu cantio, e, de repente,ereaparece com umpome lindo como esse,
Théo Drummond
OI QUERIDO.. OBRIGADA POR SEMPRE ME VISITAR.. EU ESTOU MUITO DESNATURADA.NÃO É?RSRSR EU NÃO CONHECIA ESSE POEMA.. E POSSO DIZER QUE AMEI.. FAZER AMOR É POUCO..É MUITO POUCO MESMO.. FICA NO SUPERFICIAL.. BEIJÃO QUERIDO..UMA ÓTIMA NOITE PARA TI
puta poemaço!
abraço.
Furtado,
Adoro Thiago de Mello, muito bom saber um pouco mais sobre ele...parabéns!!!
Um beijo!!!
Reggina Moon
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