quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Limites.


LIMITES

“Uma bexiga estouraria, se além da sua capacidade, de ar alguém a enchesse. Portanto, como seria a terra, ou, o que seria da terra, se o ser vivo não morresse?”

R.S. Furtado.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Amante da algazarra.


AMANTE DA ALGAZARRA

Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto.
É ela !!!
Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa,
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira.

Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro
Vixe!!!
Enquanto caminho a pé, pedestre -- peregrino atônito até a morte.
Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento:
Não sou eu quem dá coices ferradurados no ar.
É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto
E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo.

Quem corre desabrida
Sem ceder a concha do ouvido
A ninguém que dela discorde
É esta
Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde.

Waly Salomão


Waly Dias Salomão (Jequié, 03 de setembro de 1943 – Rio de Janeiro, 05 de maio de 2003) foi um poeta brasileiro.

Era filho de sírio com uma sertaneja. Atuou em diversas áreas da cultura brasileira. Seu primeiro livro foi Me segura qu'eu vou dar um troço, de 1972. Em 1997, ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura com o livro de poesia Algaravias. Seu último livro foi Pescados Vivos, publicado em 2004, após sua morte.

Foi letrista de canções de sucesso, como Vapor Barato, em parceria com Jards Macalé. Amigo do poeta Torquato Neto, editou seu único livro, Os Últimos Dias de Paupéria, lançado postumamente. Suas canções foram intérpretadas por Maria Bethânia, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto e Gal Costa, entre outros. Na década de 1960, participou do movimento tropicalista.

Nos anos 1990, Waly Salomão dirigiu dois discos da cantora carioca Cássia Eller. São eles Veneno AntiMonotonia (1997) e Veneno Vivo (1998).

Trabalhou no Ministério da Cultura, como assessor de Gilberto Gil, no início de seu mandato, e uma de suas propostas era a inclusão de um livro na cesta básica dos brasileiros.

Fonte: Wikipédia.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Na transparência da tardinha.


"NA TRANSPARÊNCIA DA TARDINHA"

na transparência da tardinha
que
impávidos imbondeiros sombreiam

cantar de galinha do mato
é
eco de um tempo
em
que ilusão e verdade
cirandavam alheias ao mundo

a esperança medrava verde
verde
como rebento de capim de outubro

na transparência da tardinha
que
impávidos imbondeiros sombreiam

Arlindo Barbeitos


Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, nasceu em Catete, Província de Icolo e Bengo, Angola, em 24 de Dezembro de 1940. Em 1961, foi obrigado a fugir de seu país por motivos políticos. Viveu na a França, Bélgica, Suíça, e Alemanha, onde cursou Antropologia e Sociologia na Universidade de Frankfurt. Tem doutorado em Etnologia e foi professor na Universidade Livre de Berlim Ocidental e na Universidade de Angola, para onde regressou em 1975.

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br

domingo, 26 de setembro de 2010

Os treze sintomas das doenças mentais.



OS TREZE SINTOMAS DAS DOENÇAS MENTAIS

1952 – Divulgam-se os treze sintomas das doenças mentais – A Comissão de Relações Públicas, em Nova Iorque, distribuiu um panfleto, esclarecendo:

“Um indivíduo que apresente os seguintes sintomas durante certo tempo, necessita, sem a menor dúvida, de cuidados psiquiátricos:”

1.º) Viver num mundo à parte, recusando-se a enfrentar os seus  problemas.

2.º) Ter a ilusão de que todos o perseguem.

3.º) Considerar-se incapaz.

4.º) Sofrer agonias ao ter de tomar uma decisão.

5.º) Apresentar atitudes que oscilam como um pêndulo entre a  alegria e a depressão.

6.º) Insistir em que está doente, embora os exames médicos não revelem qualquer alteração física.

7.º) Não dormir sem remédios.

8.º) Ser excessivamente irritável, e dado a explosões temperamentais.

9.º) Perder  o  interesse  em  sua  aparência,  em  seu  trabalho,  em   sua família.

10.º) Falar nervosamente, pulando de um assunto para outro.

11.º) Gastar mais do que pode.

12.º) Sentir-se oprimido por receios infundados.

13.º) Ouvir ou ver coisas fantásticas.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 5, páginas 818/819.

sábado, 25 de setembro de 2010

Luar.


Luar

De brejo em brejo,
os sapos avisam:
--A lua surgiu!...

No alto da noite as estrelinhas piscam,
puxando fios,
e dançam nos fios
cachos de poetas.

A lua madura
Rola,desprendida,
por entre os musgos
das nuvens brancas...
Quem a colheu,
quem a arrancou
do caule longo
da via-láctea?...

Desliza solta...

Se lhe estenderes
tuas mãos brancas,
ela cairá...

Guimarães Rosa


João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967), foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Foi também médico e diplomata.

Foi o primeiro dos sete filhos de Florduardo Pinto Rosa ("Fulô") e de D. Francisca Guimarães Rosa ("Chiquitinha").

Autodidata, começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês quando ainda não tinha 7 anos, como se pode verificar neste trecho de entrevista concedido a uma prima, anos mais tarde:

Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.

Ainda pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo Horizonte, onde concluiu o curso primário. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, mas logo retornou a Belo Horizonte, onde se formou. Em 1925, matriculou-se na então "Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais", com apenas 16 anos.

Em 27 de junho de 1930, casou-se com Lígia Cabral Pena, de apenas 16 anos, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. Ainda nesse ano se formou e passou a exercer a profissão em Itaguara, então município de Itaúna (MG), onde permaneceu cerca de dois anos. Foi nessa localidade que passou a ter contato com os elementos do sertão que serviram de referência e inspiração a sua obra.

De volta de Itaguara, Guimarães Rosa serviu como médico voluntário da Força Pública (atual Polícia Militar), durante a Revolução Constitucionalista de 1932, indo para o setor do Túnel em Passa-Quatro (MG) onde tomou contato com o futuro presidente Juscelino Kubitschek, naquela ocasião o médico-chefe do Hospital de Sangue. Posteriormente, entrou para o quadro da Força Pública, por concurso. Em 1933, foi para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Aprovado em concurso para o Itamaraty, passou alguns anos de sua vida como diplomata na Europa e na América Latina.

No Brasil, em sua segunda candidatura para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade (1963). Temendo ser tomado por uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por quatro anos. Em seu discurso, quando enfim decidiu assumir a cadeira da Academia, em 1967, chegou a afirmar sob tom sarcástico: "…a gente morre é para provar que viveu." Faleceu três dias mais tarde na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de novembro. Se o laudo médico atestou um infarto, sua morte permanece um mistério inexplicável, sobretudo por estar previamente anunciada em sua obra mais marcante — Grande Sertão: Veredas —, romance qualificado por Rosa como uma "autobiografia irracional". Talvez a explicação esteja na própria travessia simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, ou no amor inexplicável por Diadorim, maravilhoso demais e terrível demais, beleza e medo ao mesmo tempo, ser e não-ser, verdade e mentira. Diadorim-Mediador, a alma que se perde na consumação do pacto com a linguagem e a poesia. Riobaldo (Rosa-IO-bardo), o poeta-guerreiro que, em estado de transe, dá à luz obras-primas da literatura universal. Biografia e ficção se fundem e se confundem nas páginas enigmáticas de João Guimarães Rosa, desaparecido prematuramente aos 59 anos de idade, no ápice de sua carreira literária e diplomática.

Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mais uma primavera.


MAIS UMA PRIMAVERA

Mais um ano de intensa labuta,
Nesta vida muito bem vivida.
Sem nunca fugir da disputa,
Com a cabeça sempre erguida.

Mais um ano de tristeza,
Resistindo para não fraquejar.
Rogando aos céus por firmeza,
Para com rigor suportar.

Mais um ano de alegria,
E muita paz no coração.
Desfrutando da primazia,
De viver com amor e emoção.

Obrigado Senhor com louvores,
Por me dardes os bens, meus afetos.
Glorificando-me a vida com amores,
Minhas mulheres, filhos e netos.

Eu vos agradeço Senhor nesta hora,
Por ser real, e não uma quimera.
A graça de estar aqui, e agora,
Vivendo mais uma primavera.

R.S. Furtado.

Exatamente no dia 23 de setembro de 1942, a primavera chegava e presenteava a minha querida e saudosa mãe, com este pacote que ora escreve estas baboseiras. Para que eu não achasse que só a minha mãe era a privilegiada, no dia 23 de setembro de 1970, a primavera me presenteou com o meu filho Rosemildo. Só que, talvez por achar pouco, também no dia 23 de setembro de 1976, a mesma me fez presente do meu filho Rosenildo.

“QUE DEUS SEJA LOUVADO”

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Proporções da mulher.


PROPORÇÕES DA MULHER

1964 – Estabelece-se o quadro de proporções perfeitas da mulher. É a seguinte:

Altura       Peso em Ks.       Busto       Quadris        Cintura

1,50                51                 78               82               60
1,52                51,5              79               83               61
1,54                52,5              80,5            85               63
1,56                54                 81,5            86               64
1,58                55                 82               87               64,5
1,60                57                 84               88               66
1,62                58                 85               89               66,5
1,64                59                 86               90               67
1,66                61                 87               91               68,5
1,68                62,5              88               92               69
1,70                65                 89               93               71

A medida do contorno do busto deve ser tomada exatamente acima dos seios, e em expiração, a do contorno dos quadris acima das cristas ilíacas.

A altura da cabeça deve estar contida sete vezes e meia na altura total do corpo. A largura total do tórax e dos braços estendidos em cruz será igual à altura do corpo.

Um médico alemão indica as medidas seguintes que são um pouco diferentes:

Altura total do corpo:

- 8 vezes a altura da cabeça; o tronco – 3 vezes a altura da cabeça – 9 vezes o comprimento da mão; as pernas – 4 vezes a altura da cabeça – 7 vezes o comprimento do pé; comprimento do membro superior – 4 a 5 vezes o do membro inferior.

Distância entre os seios – vinte centímetros.

Altura do corpo x contorno do peito – peso 240.

O contorno do peito é a média das medidas na inspiração e expiração.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 5, páginas 899/900.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nadaverismo.


NADAVERISMO

O centro do universo era a minha casa
e o átomo menor
era o botão de osso da minha
camisa azul.

Havia menor ainda,
dois furinhos do meu botão:
eu entrava por um
e saía por outro.

Certa vez, ao entrar numa dessas cavidades,
eu encontrei o meu umbigo.
Só não descobri
o quanto eu deixei de viver.

Bento Nascimento


Bento Nascimento (Itajaí, Santa Catarina, 1962 - 1993). Um dos mais importantes poetas catarinenses contemporâneos autor das obras "Os loucos de pedra" e "Bento Nascimento - aos vivos", amas póstumas. Em vida publicou apenas "Celacanto", em 1989, em parceria com um amigo.

Estreou com o livro "Celacanto" em 1989, em companhia de outro poeta, o professor itajaiense Antônio Carlos Floriano, sua única publicação de livro em vida. Segundo o próprio Bento, o livro foi publicado como coletânea da obra dos dois poetas por motivos econômicos, tendo que, ambos, arcarem com o seu custo. Esta publicação, saída de um movimento marginal em uma cidade sem tradição literária, provocou um verdadeiro "boom" na poesia local, tendo vendido 2.000 cópias e sendo esgotada, influenciando o aparecimento de outros poetas na região.

Tendo sido uma espécie de beatnik com uma pitada de punk, mordaz, irônico e de impulsos incontroláveis, sua morte incomum parece estar de acordo com a sua vida: caiu de uma pickup a 500m de sua casa.

Atualmente, o poeta é citado em estudos de universidades e é objeto de diversas homenagens em Itajaí, que o considera o nome mais ilustre da poesia naquela cidade.

Seus poemas circularam em vários fanzines fotocopiados no sul do Brasil na década de 1990, incluindo as cidades de Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.

Fonte: Wikipédia.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Máxima - 6


“Enquanto o animal irracional utiliza-se de suas armas naturais para atacar e se defender, o homem covardemente, utiliza-se de armas artificiais.”

R.S. Furtado.

domingo, 19 de setembro de 2010

Sonho de mãe negra.


SONHO DE MÃE NEGRA

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Que o milho já a terra secou
Que o amendoim ontem acabou.

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho irá à escola
À escola onde estudam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Os seus irmãos construindo vilas e cidades
Cimentando-as com o seu sangue
Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho correria na estrada
Na estrada onde passam os homens

Mãe negra
Embala o seu filho
E escutando
A voz que vem do longe
Trazida pelos ventos

Ela sonha mundos maravilhosos
Mundos maravilhosos
Onde o seu filho poderá viver.

Marcelino dos Santos


Marcelino dos Santos (Lumbo, 20 de Maio de 1929) é um político e poeta moçambicano. Foi membro fundador da Frente de Libertação de Moçambique, onde chegou a vice-presidente. Depois da independência de Moçambique, Marcelino dos Santos foi o primeiro Ministro da Planificação e Desenvolvimento, cargo que deixou em 1977 com a constituição do primeiro parlamento do país (nessa altura designado “Assembleia Popular”), do qual foi presidente até à realização das primeiras eleições multipartidárias, em 1994.

Com os pseudónimos Kalungano e Lilinho Micaia tem poemas seus publicados no Brado Africano e em duas antologias publicadas pela Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa. Com o seu nome oficial, tem um único livro publicado pela Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1987, intitulado “Canto do Amor Natural".

Fonte: www.antoniomiranda.com.br

sábado, 18 de setembro de 2010

Código da Hereditariedade-DNA.


CÓDIGO DA HEREDITARIEDADE - DNA

1952 – O Dr. Maurice Wilkins, do King's College de Londres abre caminho para decifração do Código da Hereditariedade, cuja sigla DNA designa o ácido deoxiribonucléico. Tal código determina a natureza fundamental de todos os organismos vivos, a ameba unicelular até o próprio homem. Quando for decifrado, o homem poderá curar o câncer, alterar as características das plantas e dos animais e talvez até criar a vida por meio de substâncias químicas. É que o Dr. Maurice, utilizando-se de Raios X, é o primeiro a surpreender reflexos de átomos numa molécula de DNA. Contempla aí uma bela espiral, a partir da qual, em abril de 1953, os Drs. James D. Watson e Francis H. C. Crick, da Universidade de Cambridge, elaboram um esquema e publicam um diagrama do DNA. Faz lembrar uma delicada mola. Depois dessa sensacional revelação, as descobertas se sucedem, até que os cientistas possam descrever a molécula, mater da vida, com pormenores exatos e dizer precisamente como se articulam os seus milhares de átomos e como agem para criar e manter a vida. Descobriram que o DNA tem uma memória clara e inerente. Armazena, como um computador microscópico, uma enorme quantidade de instruções e esquemas, que emite na hora e no lugar exatos, para determinar a formação de todas as células e estruturas de um organismo, para fazê-las crescer e para sincronizar-lhes as atividades em todos os segundos da cota de vida que lhes cabe. O DNA não só dá à pessoa ao nascer os seus dons hereditários, mas dirige também todas as suas funções físicas. Além de estar presente nas células sexuais, existe também em todas as células vivas exceto nos glóbulos vermelhos do sangue e em alguns vírus, é algumas das muitas coisas que nos explica o cientista Rutherford Platt sobre o assunto. O certo é que tais pesquisas vêm sendo feitas desde 1868. Neste ano o químico alemão Frederick Miecher descobriu que ficava sempre um sedimento escuro insolúvel depois de a matéria viva haver sido embebida em ácidos e agitada dentro do éter. Tal sedimento por ele encontrado nas células de todas as plantas, fê-lo concluir que poderia ter alguma relação com a hereditariedade, embora não dispusesse de conhecimentos que lhe permitissem verificar essa hipótese. Em nosso século com a construção de poderosos microscópios, é que os cientistas poderão tirar conclusões mais positivas, com seus estudos constantes nos laboratórios.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 5, páginas 817/818.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sonata para ir à Lua.



SONATA PARA IR À LUA

Desnudo já me dou de mim doendo
na doação das folhas da floresta
que vão caindo sem saber-se sendo
pedaços de nós na noite deserta

A lua imponderável vai ardendo
cúmplice em nossa luz de fogo e festa
Meus braços são dois galhos te dizendo
que o forte às vezes treme em sua aresta

Esta outra face frágil de aparência
que só aos puros é dado conhecer
no abraço da paixão e sua ardência

Mesmo cego de mim eu pude ver
e sentir no teu beijo a clara essência
que faz do nosso amor raro prazer

Aníbal Beça


Aníbal Augusto Ferro de Madureira Beça Neto era amazonense de Manaus, onde nasceu a 13 de setembro de 1946 e faleceu no dia 25 de agosto de 2009. Era poeta, compositor e jornalista. Desde muito cedo colaborou em suplementos literários e em publicações similares nacionais e internacionais.

Dividiu seus primeiros estudos entre colégios de Manaus (Aparecida, Dom Bosco e Brasileiro) e em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (Colégio São Jacó). Durante sua permanência no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Porto Alegre, travou conhecimento com o poeta Mario Quintana, quem lhe deu os primeiros ensinamentos e o estímulo para caminhar pelas veredas da poesia.

Especialista em tecnologia educacional na área de Comunicação Social (UFRJ), Teve passagens, como repórter, redator, colunista, copy-desk e editor, em todas as redações dos jornais de Manaus, do ínicio da década de 60 até final da década de 80; foi diretor de produção da Televisão Educativa do Amazonas – TVE e consultor da Secretaria de Cultura e Turismo do Amazonas. Foi idealizador e Editor-geral do suplemento literário "O Muhra", de circulação bi-mestral, editado pela referida secretaria.

Envolvido com teatro, artes plásticas, foi na música popular que a sua contribuição se faz mais efetiva como compositor, letrista e produtor de espetáculos e de discos. Desde 1968, quando venceu o I Festival da Canção do Amazonas, Aníbal foi colecionando prêmios com mais de 18 primeiros lugares em festivais em sua terra, no Brasil e no exterior. Representou o Brasil no VIII Festival de Joropo de Villa Vicencio, Colômbia (1969);

Foi o único artista amazonense a se classificar e se apresentar no Festival Internacional da Canção FIC, em 1970, com a música "Lundu do Terreiro de Fogo", defendida pela cantora Ângela Maria.

Tem músicas gravadas por vários artistas brasileiros como: As Gatas, Coral JOAB, Felicidade Suzy, Nilson Chaves, Eudes Fraga, Lucinha Cabral, Dominguinhos do Estácio; Bira Hawaí, Aroldo Melodia, Jander, Raízes Caboclas, Mureru, Roberto Dibo, Célio Cruz, Torrinho, Arlindo Junior, Paulo Onça, Paulo André Barata, Almino Henrique, Pedrinho Cavalero, Pedro Callado, Delço Taynara, Grupo Tynbre e outros.

Foi diretor do Sindicato dos Escritores, Presidente da ACLIA Associação de Compositores, Letristas e Intérpretes do Amazonas, Presidente do Coletivo Gens da Selva (ONG), Vice-Presidente da UBE-AM União Brasileira de Escritores, seção Amazonas.

Seu primeiro livro Convite Frugal, data de 1966 (este ano, comemora 33 anos de atividade literária e 35 de produção musical).

A propósito de sua poesia, o poeta Carlos Drummond de Andrade, teceu, em 31 de julho de 1987 - pouco antes de morrer - o comentário: "Li Filhos da Várzea, os poemas-pôster e os haicais afetuosamente a mim dedicados. Obrigado por tudo, meu caro poeta. É de coração aberto que lhe desejo a maior receptividade pública e compreensão para a bela poesia que está elaborando e que, espero, marcará seu nome como um dos que engrandeceram o cultivo artístico do verso." Em 1994, com o livro Suíte para os Habitantes da Noite, sagrou-se vencedor, dentre 7.038 livros de todo o país, do 6º Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira - categoria poesia. O livro, lançado sob o selo da editora Paz e Terra, saiu em 1995.

Outros livros: Filhos da Várzea, ed. Madrugada, 1984, abrigando o livro Hora Nua; Marupiara - Antologia de Novos Poetas do Amazonas, (organizador) Ed. Governo do Estado do Amazonas, 1985; Quem foi ao vento, perdeu o assento (Teatro) Ed. SEMEC, 1986; Itinerário poético da Noite Desmedida à Mínima Fratura, Ed. Madrugada, 1987; Banda de Asa - poesia reunida - Ed. Sette Letras, 1998; contendo o livro inédito Ter/na colheita.

Em junho de 99, Representou o Brasil no VIII Festival Internacional de Poesia de Medellín, e em agosto/99 no Encontro Internacional de Escritores da Associação Americana para o desenvolvimento cultural, em Bogotá.

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Máxima - 5.


“O suicídio é o único erro lamentável, impensado, brutal, covarde, irreparável, imperdoável e 'irrepetível' que o ser humano pode cometer.”

R.S. Furtado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Maria Ifigênia.


A MARIA IFIGÊNIA

Em 1786, quando completava sete anos.

Amada filha, é já chegado o dia,
em que a luz da razão, qual tocha acesa
vem conduzir a simples natureza,
é hoje que o teu mundo principia.

A mão que te gerou teus passos guia,
despreza ofertas de uma vã beleza,
e sacrifica as honras e a riqueza
às santas leis do filho de Maria.

Estampa na tua alma a caridade,
que amar a Deus, amar aos semelhantes,
são eternos preceitos da verdade.

Tudo o mais são idéias delirantes;
procura ser feliz na eternidade,
que o mundo são brevíssimos instantes.

Alvarenga Peixoto


Inácio José de Alvarenga Peixoto, nascido em 1744, no Rio de Janeiro, morreu a 27 de Agosto de 1792, em Ambaca, em Angola, e figura entre os nomes grandes do arcadismo brasileiro.

Inácio José de Alvarenga fez grande parte da sua vida em Portugal, onde estudou com os jesuítas antes de, em 1760, ir para a Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Leis, em 1767. No ano seguinte, começou a utilizar no seu nome literário o sobrenome Peixoto. A partir de 1769 passou a publicar poesia, embora em vida não tenha editado nenhum livro.

Em Portugal, conviveu com poetas como Basílio da Gama, Caldas Barbosa e Tomás António Gonzaga.

Foi juiz em Sintra antes de regressar ao Brasil em 1775, onde exerceu o cargo de ouvidor da Comarca de Rio das Mortes, assim como se dedicou à agricultura e à mineração. Dez anos mais tarde, foi nomeado coronel do 1º Regimento de Cavalaria da Campanha do Rio Verde. Entretanto, em 1881, havia casado com a poetisa Bárbara Eliodora, a quem dedicou muitos dos seus versos.

Em 1789, juntamente com o seu parente Tomás António Gonzaga, participou no movimento nacionalista Inconfidência Mineira, em protesto contra os pesados impostos que o reino obrigava a pagar. Em consequência disso, foi preso na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, e condenado à morte. No entanto, três anos mais tarde, acabou por partir para o exílio em Angola, onde morreu pouco depois de chegar, em 1792.

As suas composições poéticas foram reunidas por Joaquim Norberto, em 1865, no livro Obras Poéticas e reproduzidas praticamente um século depois, em 1964, na antologia Poesia de Ouro, um trabalho coordenado por Péricles Eugénio da Silva Ramos. Entretanto, em 1960 havia sido publicada Vida e Obra de Alvarenga Peixoto, a mais completa colecção de cartas e documentos do autor, numa organização de M. Rodrigues Lapa.

Alvarenga Peixoto, que também assinou com os pseudónimos Alceu e Eureste Fenício, enquanto elemento da Arcádia Mineira, terá ainda escrito uma obra chamada Eneias no Lácio, um drama lírico que entretanto desapareceu.

Fonte: http://www.infopedia.pt

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Poesia entre o Cais e o Hospital


POESIA ENTRE O CAIS E O HOSPITAL

Geme no cais o navio cargueiro
No hospital ao lado, o homem enfermo.
O vento da noite recolhe gemidos
Une angústias do mundo ermo.
Maresia transborda do mar em cansaço,
Odor de remédios inunda o espaço.
Máquina e homem, ambos exaustos
Um, pela carga que pesa em seu bojo
Outro, na dor tomando o seu corpo.
Cais, hospital: Portos de espera
E começo de fim da longa viagem.
Chaminés de cargueiros gritando no mar,
Garganta do homem em gemidos no ar.
No fundo, o universo,
O mar infinito,
O céu infinito,
O espírito infinito.
Neblinados em tristezas e medos
Surgem silêncios entre os rochedos.
Chaminés de cargueiros gritando no mar
E a garganta do homem em gemidos no ar.

Adalgisa Nery

Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira nasceu em 29 de outubro de 1905, no antigo Distrito Federal (RJ). Perdeu a mãe aos 8 anos, estudou num colégio de freiras, de onde foi expulsa por defender as “órfãs”, que eram maltratadas na época por serem consideradas subalternas. Fez apenas o curso primário.

Casou-se aos 16 anos com um vizinho, o pintor Ismael Nery — um dos precursores do Modernismo no Brasil. O casamento durou  até a morte do pintor, em 1934. Eles tiveram sete filhos, todos homens, mas somente o mais velho, Ivan, e o caçula, Emmanuel, sobreviveram. Viúva aos 29 anos, foi trabalhar na Caixa Econômica. Em seguida, conseguiu um cargo no Conselho do Comércio Exterior do Itamaraty. Em 1940 casou-se com o jornalista e advogado Lourival Fontes. Seguiu o marido em funções diplomáticas, em Nova York de 1943 a 1945 e como embaixador no México, em 1945. O casamento com Lourival durou 13 anos. A partir daí, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal Última Hora.

Foi eleita deputada três vezes, tendo os direitos políticos cassados em 1969. Desamparada e pobre, morou  nos anos 1974 e 1975 em uma casa do comunicador Flávio Cavalcanti, em Petrópolis, onde viveu reclusa. Em maio de 1976, sem ter doença alguma, resolveu internar-se numa casa de repouso para idosos, em Jacarepaguá. Em 1977, sofreu um acidente vascular cerebral e ficou afásica e hemiplégica. Faleceu em 07 de junho de 1980, solitária.

Bibliografia: Poemas, 1937; A mulher ausente (poemas), 1940; Og (contos), 1943; Ar do deserto (poemas), 1943; Cantos de angústia (poemas), 1948; As fronteiras da quarta dimensão (poemas), 1952; A imaginária (romance), 1959; Mundos oscilantes (poemas) 1962; Retrato sem retoque (crônicas), 1966; 22 menos 1 (contos), 1972; Neblina (romance), 1972; e Erosão (poemas), 1973

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br

domingo, 12 de setembro de 2010

As Dez Regras do Jejum.


AS DEZ REGRAS DO JEJUM

1948 – Dez regras do jejum de Gandhi. A abstenção de alimentos durante certo prazo constituÍa para Gandhi a melhor das medicinas. Por isso o ínclito chefe dos nacionalistas indus, desaparecido a 30 de janeiro deste ano, deixou para a posteridade as dez regras do jejum, que são as seguintes:

“JEJUA”


  1º) quando estiveres anêmico;
  2º) quando sentires a febre;
  3º) quando sofreres de prisão de ventre;
  4º) quando houveres comido demasiado;
  5º) quando te afligir a dor de cabeça;
  6º) quando fores assaltado pelo reumatismo;
  7º) quando padeceres de gota;
  8º) quando de mau humor e irritado;
  9º) quando te sentires abatido;
10º) quando a alegria começar a dominar-te.


“Seguindo à risca estas regras, estarás livre das prescrições médicas e dos remédios patenteados”.


Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 4, páginas 797/798. 

sábado, 11 de setembro de 2010

Poema a Baco


POEMA A BACO

A Baco pede Midas que se torne
Ouro quando tocar (louca ambição!))
tornar em ouro quando olha e toca,
O trabalhado palácio e verde selva

Onde queira que seu corpo envolva
ouro o ofende e dorme em dura rocha:
ouro come, ouro bebe, que a boca
quer também que em ouro se resolva

A morte, finalmente, sua auricida,
triunfa da ambição, e em ouro envolto.
se foi secando, até o seu derradeiro fim.

Assim eu, triste, acabarei a vida
Pois tanto amor pedi, que em amor troco
o sonho, o gosto, de abundância morro.

Lope de Vega


Félix Lope de Vega Carpio, (25 de novembro de 1562 – 27 de agosto de 1635), foi um dramaturgo, autor de peças teatrais e poeta espanhol.

Após escrever sua primeira obra de sucesso, o romance La Arcadia (1598), voltou a Madri decidido a entregar-se à literatura, e foi ainda secretário do Duque de Sessa (1605). Já autor consagrado, estabeleceu-se definitivamente em Madri, mas com a morte da então esposa Juana e de um de seus filhos, sofreu uma forte crise espiritual que o levou a se tornar religioso (1610), ordenou-se (1614) e e foi nomeado oficial da Inquisição. Também famoso por seus vários casamentos, inúmeras aventuras amorosas extra-conjugais e escandalosos romances, que pareciam ampliar sua inspiração, entre eles Marta de Navares, a Amarílis de seus versos, que conheceu (1616) e com quem manteve um amor sacrílego que escandalizou Madri.

A morte dela (1632), seguida de uma série de desgraças pessoais, mergulhou o poeta em profunda depressão, que se prolongaria até sua morte. De sua vastíssima produção literária, conhecem-se hoje como de sua autoria 426 comédias e 42 autos, além de milhares de poesias líricas, cartas, romances, poemas épicos e burlescos, livros religiosos e históricos, entre eles os extensos poemas como La Dragontea (1598) e La Gatomaquia (1634), os poemas curtos Rimas (1604), Rimas sacras (1614), Romancero espiritual (1619) e a célebre écloga Amarilis (1633), uma impressionante homenagem à amada morta. Ainda são destaques por sua originalidade, os épicos Jerusalén conquistada (1609), o Pastores de Belém (1612) e o romance dramático La Dorotea (1632).

Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Primeiro lustre.


PRIMEIRO LUSTRE

Cinco anos infantis, completados,
Hoje está completando meu filhinho.
Exultante qual manso passarinho,
Em saltite entre ramos enfolhados.

Que Deus ti guie os passos encetados,
Na existência, num límpido caminho.
Sem te faltar nem zelo nem carinho,
Dentre os dias que me restam contados.

Quando eram, meus prognósticos sombrios,
Chegaste como um astro iluminando,
Meus dias tão escuros e vazios.

Hoje, mais claros sendo e menos tristes,
No viver que cansado vou trilhando,
Sinto que existo porque tu existes.

R.S. Furtado

No dia em que completou seus 05 anos meu filho Roosevelt.

(18) de dezembro de 1973.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Anti-Delação.


ANTI-DELAÇÃO

A noite veio,
disfarçada em dia,
e ofereceu-me a luz,
diáfana como a Aurora.

Mas eu disse que não.

Depois veio a serpente
disfarçada em virgem
e ofereceu-me os seios e os braços nus.
Mas eu disse que não.

Por fim veio Pilatos,
disfarçado em Cristo,
e numa voz humana e doce
disse: "se quiseres eu dou-te o paraíso
mas conta a tua historia..."

Mas eu disse que não,
que não, não, não!

E continuei um Homem!
E eles continuaram
os abutres do medo e do silêncio.

Vasco Cabral


Em 1926 VASCO CABRAL nasce em Farim, no norte da Guiné-Bissau. - 1949: Participa, activamente, na campanha de Norton de Matos, candidato da Oposição anti-salazarista à presidência da República Portuguesa. - 1950: Conclui, em Lisboa, o curso de Ciências Econômicas e Financeiras. - 1953: Em Bucareste, participa no IV Festival Mundial da Juventude; é preso ao regressar a Lisboa e só é libertado cinco anos depois. - 1956: Amílcar Cabral funda, em Bissau, o PAIGC, Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde. - 1957: Em Pidjiguiti, porto de Bissau, a tropa colonialista massacra 50 marinheiros e estivadores que reclamam aumento de salários. - 1961: Militante comunista, em Portugal Vasco Cabral passa à clandestinidade. - 1962: Numa fuga organizada pelo PCP, Vasco Cabral, juntamente com o angolano Agostinho Neto, de barco alcança Tânger. Ruma para o sul e vai procurar Amílcar Cabral para aderir ao PAIGC e lutar pela independência da Guiné-Bissau. - 1963: Início da luta armada na Guiné-Bissau. - 1973: A 20 de Janeiro, um bando de militantes do PAIGC, manipulado pela tropa colonial portuguesa, em Conakry assassina Amílcar Cabral. Vasco Cabral escapa por um triz ao atentado e não desistirá de perseguir os assassinos até conseguir a sua execução. - 1974: Em Portugal, a 25 de Abril, o MFA (Movimento das Forças Armadas) derruba o governo de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar; no mesmo ano Portugal reconhece a independência da Guiné-Bissau, cujo primeiro presidente será Luís Cabral, irmão de Amílcar. - 1975: Portugal reconhece a independência de Cabo Verde, cujo primeiro presidente será Aristides Pereira. - 1980: Nino Vieira dá um golpe de Estado; o presidente Luís Cabral vai desterrado para Lisboa. Vasco Cabral não se opõe ao golpe. - De 1974 a 2004: Vasco Cabral, no Governo guineense, é ministro da Economia e Finanças, coordenador de Economia e Planeamento, ministro de Estado da Justiça e membro do Conselho de Estado. Será também vice-presidente da  República. - 2005: A 24 de Agosto Vasco Cabral morre em Bissau.

Fonte: www.vidaslusofonas.pt/

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sete de setembro.


SETE DE SETEMBRO

Esplende o sol... O Ypiranga desliza
E nele se reflete o azul sereno,
Lindo... A desdobrar-se ameno,
De luz e beleza se matiza.

Independência ou Morte! Concretiza.
O brado augusto, vivo como um treno,
O gesto nobre, o decantado aceno,
Do Monarca que ali se sublima...

E o grito vibra além... Há manifestas
Expressões as mais justas,
Um delírio de usos e festas.

E a grande terra, erguida na História,
Aureolada de estrelas refulgentes,
Sente envolvê-la a sagração da glória.

Francisca Clotilde

Francisca Clotilde nasceu em Tauá, Ceará aos 19 de outubro de 1862. Filha de João Correia Lima e Ana Maria Castelo Branco. Do sertão dos Inhamuns a família se mudou para a Serra do Baturité e de lá, a menina passou a estudar em Fortaleza, capital da Província, no Colégio Imaculada Conceição, de onde saiu apta para o magistério.

Ávida por liberdade, engajou-se no Movimento Abolicionista; já então se notabilizava pela vocação poética. Em 1884, por concurso público foi nomeada com o título de professora para a Escola Normal de Fortaleza. Concomitantemente ao trabalho de educadora, colaborou na imprensa em verso e em prosa: Cearense, Gazeta do Norte, Pedro II, O Libertador, A Quinzena, A República, Almanaque do Ceará, no Ceará; também na imprensa de outros estados brasileiros, como por exemplo, Almanaque das Senhoras Alagoanas; O Lyrio, de Recife; A Família, de São Paulo e Rio de Janeiro etc.

Ao ser demitida da Escola Normal (sua pena incomodava os poderosos), fundou externato próprio que funcionou em Fortaleza, depois em Baturité, de onde continuou colaborando na Imprensa.

Além de poetisa, foi também contista, cronista, jornalista, dramaturga e romancista. Em 1902 veio a público o romance A Divorciada. Pelo tema, há de se imaginar o abalo na sociedade e o preço que a romancista pagou pela "ousadia".

Em 1908 transferiu-se com a família, o externato e a revista A Estrella para a cidade de Aracati, onde passou 27 anos de sua vida dedicados à educação da Zona Jaguaribana.

Seus filhos Antonieta, Aristóteles e Angelita seguiram o exemplo da mãe – todos percorreram o árduo caminho de educar.

Faleceu em Aracati aos 08 de dezembro de 1935.

Ao ser fundada a Academia Feminina de Letras, em Fortaleza, sua ex-aluna da Escola Normal de Fortaleza, Alba Valdez, a tomou para madrinha.

Na Ala Feminina da Casa de Juvenal, Francisca Clotilde é patrona da cadeira que teve como primeira ocupante uma ex-aluna de Aracatis, Stella Maria Barbosa de Araújo. É nome de logradouro na cidade de Fortaleza. É nome de grupo teatral na cidade de Aracati. Nessa mesma cidade foi criada, por familiares e amigos da cultura, a Associação Cultural Solar das Clotildes (22/10/2005). É patrona da cadeira No. 11 na Academia Tauaense de Letras (05/03/2005). É nome do Centro de Referência da Mulher em Fortaleza (08/05/2006). Por último, a Câmara Municipal de Tauá aprovou projeto de lei que dá nome de logradouro à ilustre conterrânea.

Sua obra tem sido tema de monografia em várias universidades do Brasil.

Fonte: http://www.sonetos.com.br

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Invenção do Psicógrafo.



INVENÇÃO DO PSICÓGRAFO

1932Harrry Lavery, médico norte-americano, inventa o psicógrafo, aparelho que revela o caráter. Há um século mais ou menos, o Dr. Gall provocou vivo interesse em torno de sua famosa teoria de localização das faculdades mentais, conhecida com o nome de frenologia. Ele imaginara uma relação constante e regular entre as características intelectuais e morais do indivíduo e a forma, desenvolvimento mais ou menos considerável das diversas regiões do cérebro. Gall dividia curiosamente as 37 faculdades humanas, reconhecidas por ele em três grandes grupos, a saber:

1º – Onze faculdades animais: animalidade, filogenitura afetividade,  concentratividade, habilitatividade,  combatividade, destrutividade, apetite, secretividade, agrupatividade e construtividade.

2º – Treze faculdades afetivas: estima por si mesmo, aprovabilidade, circunspecção, benevolência, veneração, firmeza, esperança, consciência, admiração, idealismo, sublimidade, espírito e irritação.

3º – Treze faculdades mentais: individualismo, configuração, extensão, peso, cor, localidade, número, ordem, eventualidade, tempo, tom, linguagem e comparação.

A despeito de todas as demonstrações da Anatomia e da Neurologia, ainda há quem se deixe seduzir por essa teoria paracientífica, a ponto de se construir um aparelho para ressuscitá-la, como no caso da presente invenção.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 4, páginas 718/731.

domingo, 5 de setembro de 2010

Estreitezas.


ESTREITEZAS

Madalena, Madalena,
no escuro da minha cela
penso em ti como naquela
que passou pelo portão
mais estreito: o do perdão
depois do doce pecado.
Mas meu corpo encarcerado
não tem nenhuma opção:
na estreiteza desta cela
a pele ardente e morena
que me acossa e me flagela
não conhece remissão.
Na comprida noite fria
como na manhã vazia,
minha carne, Madalena,
não tem escolha ou perdão.

BRUNO TOLENTINO


Bruno Lucio de Carvalho Tolentino (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1940, foi um poeta brasileiro. Nascido numa tradicional e rica família carioca, conviveu desde criança com intelectuais e escritores, entre eles Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Foi ensinado a falar francês e inglês antes mesmo de se alfabetizar no português. Seu avô foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal. Saiu do Brasil em 1964, mudando-se para a Europa, onde viveu por mais de 30 anos, tendo trabalhado com o poeta inglês W. H. Auden, e convivido com os escritores Giuseppe Ungaretti, Elizabeth Bishop e Samuel Beckett. Foi professor nas universidades de Oxford, Essex e Bristol, publicando obras em Paris e Oxford durante a década de 1970. Em 1987, é condenado à prisão de 11 anos, sob a acusação de tráfico de drogas. Cumpriu 22 meses da pena em Dartmoor.

Tolentino retornou ao Brasil em 1993, publicando, em 1994, o livro "As Horas de Katarina", pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti de Literatura. Bruno também recebeu o prêmio em 2003, com o livro "O Mundo como Idéia", o qual escreveu ao longo de 40 anos.

No Brasil, o poeta teve um histórico de aparições na mídia devido a polêmicas. Numa entrevista a Revista Veja, em 1996, criticou Caetano Veloso, Chico Buarque e os irmãos concretistas Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Teve também desavenças com críticos literários e professores de filosofia da Universidade de São Paulo.

Tolentino, que tinha Aids e já havia superado um câncer, esteve internado durante um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, onde veio a falecer, aos 66 anos de idade, vitimado por uma falência múltipla de órgãos, em 27 de junho de 2007.

Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br