O
DESENLACE
O
arcanjo da morte, pairando medonho,
brandira
no ar sua foice fatal!
Luisinha
abre os olhos! acorda dum sonho,
e a
mãi vê tingida da côr sepulcral!
O
rosto gentil de macío amaranto
ao
frio cadaver ainda colou...
Recúa
assustada... rebenta-lhe o pranto,
mortal
palidez sua face inlutou.
Correu
desvairada os caminhos da aldeia,
chamando
sua mãi e cantando o seu mal...
mas
quando chagaram as horas da ceia,
findara
o seu giro, do albergue ao portal.
Fechada
era a porta !... Em lençol mortuario
involta
a mãi cara, levara-lh'a alguém...
Distante
gemia o feral campanario,
e a
pobre louquinha gemia tambem.
Cândido
de Figueiredo
Poeta, romancista, crítico literário e jornalista, António Cândido
de Figueiredo formou-se em Direito, após ter abandonado o seminário
de Viseu, onde concluiu o curso de Teologia. Exerceu advocacia e
notariado, a par com a actividade de jornalista, tendo sido
secretário da Associação de Jornalistas e Escritores Portugueses
na década de 80 do século XIX. Ficou também conhecido como
filólogo, tendo editado, em 1899, o “Novo Dicionário da Língua
Portuguesa”, e também obras de gramática.
Ocupou diversas funções públicas, entre as quais inspector das
escolas do distrito de Coimbra e, mais tarde, de presidente da...
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