SONETELHEIRO
Aproveitei
que desprezaram meu poemeto
Num
sarauzim, ao argumento de obscuro,
Peguei
papiro e abracei meu sonho duro:
Será
que – enfim – logro compor algum soneto?
Forcei
mi'a pena a tecer gás, qual carbureto,
Pra
lapidar um lenho xucro e tão impuro
Cheguei
com sorte a duas quadras, mas o enduro
Exige
ainda, em seu final, duplo terceto.
Ó,
São Petrarca... Empreste luz para este traste,
Que
triste vê seu sonetar tão sem centelha...
Orei
com fé, e esta estrofe veio à telha,
E a
este tonto que só quer sagrar-se vate,
Por
compaixão, 'il' santo baixa e me aconselha:
–
Sem arremate, ó pobrezim, só se assemelha!
Rangel Mailton
Mailton Rangel de Freitas, poeta, compositor e artista plástico,
nasceu em 07 de setembro de 1952, em Italva, interior do estado do
Rio de Janeiro, quando a cidade ainda era um precário distrito do
município de Campos dos Goitacazes.
Oriundo de família humilde, adicou-se na Baixada Fluminense desde os
três anos de idade onde, durante as décadas de 70 e 80, mesmo
extraindo seu sustento de subempregos, também se integrava, na
medida do possível, a movimentos culturais e de formação de
jovens. Assim, ele consolidou seu gosto pelas artes, apurando
substancialmente... Leia mais aqui: