UMA
AUSÊNCIA DE MIM
Uma
ausência de mim por mim se afirma.
E,
partindo de mim, na sombra sobre
chão
que não foi meu, na relva simples
outro
ser que sonhei se deita e cisma.
Sonhei-o
ou me sonhei? Sonhou-me o outro
–
e o mundo a circundar-me, o ar, as flores,
os
bichos sob o sol, a chuva e tudo
–
ou foi o sonho dos demais que sonho?
A
epiderme da vida me vestiu,
ou
breve imaginar de um ócio inútil
ergueu
da sombra a minha carne, ou sou
um
casulo de tempo, o centro e o sopro
da
cisma do outro ser que de mim fala
e
que, sonhando o mundo, em mim se acaba.
Alberto da Costa e Silva
Quarto ocupante da Cadeira nº 9, eleito em 27 de julho de 2000, na
sucessão de Carlos Chagas Filho, e recebido pelo acadêmico Marcos
Vinícius Vilaça em 17 de novembro de 2000. recebeu o acadêmico
José Mindlin.
Alberto Vasconcellos da Costa e Silva nasceu em São Paulo, em 12 de
maio de 1931. Filho do poeta Da Costa e Silva (Antônio Francisco da
Costa e Silva) e de Creusa Fontenelle de Vasconcellos da Costa e
Silva.
Fez os estudos primários e iniciou o curso secundário no Colégio
Farias Brito, em Fortaleza. Em 1943, mudou-se para o Rio de Janeiro,
onde cursou o Externato São José e o Instituto Lafayette. Diplomata
pelo... Leia mais aqui:
6 comentários:
Lindo poema nos trouxeste, Rosemildo! Que tua semana seja linda e que bom se todas as "baboseiras" fossem lindas como o que escreveste por lá no contário! Adorei! abração, ótima semana,chica
Uma boa mostra, Amigo.
Parabéns pela partilha.
Abraço
SOL
Maravilhoso poema! Lendo-o chego a conclusão que algumas vezes temos ausência de nós mesmo.
Tenha uma abençoada semana!Bjs
Questionamentos existenciais expostos de forma rica e bela. Gostei muito de sua escolha. Abraço.
Poema escolhido a dedo, sem metáforas (rsrs...). Muito lindo.
Abraço*
Lindo, lindo, lindo!
Algo neste poema me faz lembrar a escrita de Fernando Pessoa; esta dualidade do ser que existe e é, e do ser outro que se sonha.
Uma delícia de leitura!
xx
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