SONETO
DE LINHAGEM
a Edmir Domingues
Ao
vestir-me de branco, ressuscito
a
glória de meu pai – a de ser puro:
a
sua barba aproximando os seres
como
um lírio de paz ou de sossego.
Meu
porte branco e o porte do passado
passeiam
nesta tarde paralelos,
conquanto
este sorriso não complete
aquele
que de amor deixou meu pai.
Meu
pai guardou-se em mim. E permanece
na
alvura natural de minhas vestes
exposto ao sol, ao sono e ao desespero.
Em
breve passaremos já cansados,
deste
meu corpo ao corpo ao corpo de meu filho
ambos
nele por fim ressuscitados.
Audálio
Alves
Nascido no dia 2 de julho de 1930 no município de Pesqueira (PE),
Audálio Alves Pereira pertenceu a Geração de 50, ao lado de
grandes nomes da poesia pernambucana como Carlos Pena Filho, Edmir
Domingues, Mauro Mota, entre outros. Foi membro da Academia
Pernambucana de Letras, ocupando a cadeira nº 8. Bacharelou-se em
Línguas Neolatinas pela Universidade Católica de Pernambuco e em
Direito pela Faculdade de Direito do Recife.
Exerceu o jornalismo como redator literário do Jornal do Commercio,
a advocacia, o magistério e cargos públicos. Ocupou a direção de
entidades culturais, sendo diretor de assuntos culturais da Fundarpe,
e idealizador e primeiro supervisor... Leia mais aqui: