VOZ
ÍNTIMA
Fecha-te,
sofredor, na alva túnica ondeante
Dos
sonhos! E caminha, e prossegue, embebido,
Muito
embora, na dor de um fiel celebrante
De
um estranho ritual desdenhado e esquecido!
Deixa
ressoar em torno o bárbaro alarido,
Deixa
que voe o pó da terra em torno... Adiante!
Vai
tu só, calmo e bom, calmo e triste, envolvido
Nessa
túnica ideal de sonhos, alvejante.
Sê,
nesta escuridão do mundo, o paradigma
De
um desolado espectro, uma sombra, um enigma,
Perpassando
sem ruído a caminho do Além.
E só
deixes na terra uma reminiscência:
A de
alguém que assistiu à luta da existência,
Triste
e só, sem fazer nenhum mal a ninguém.
Amadeu
Amaral
Leia
mais um belo soneto e um resumo da biografia do autor aqui: