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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Soneto de linhagem.


SONETO DE LINHAGEM

a Edmir Domingues

Ao vestir-me de branco, ressuscito
a glória de meu pai – a de ser puro:
a sua barba aproximando os seres
como um lírio de paz ou de sossego.

Meu porte branco e o porte do passado
passeiam nesta tarde paralelos,
conquanto este sorriso não complete
aquele que de amor deixou meu pai.

Meu pai guardou-se em mim. E permanece
na alvura natural de minhas vestes
exposto ao sol, ao sono e ao desespero.

Em breve passaremos já cansados,
deste meu corpo ao corpo ao corpo de meu filho
ambos nele por fim ressuscitados.

Audálio Alves
 

Nascido no dia 2 de julho de 1930 no município de Pesqueira (PE), Audálio Alves Pereira pertenceu a Geração de 50, ao lado de grandes nomes da poesia pernambucana como Carlos Pena Filho, Edmir Domingues, Mauro Mota, entre outros. Foi membro da Academia Pernambucana de Letras, ocupando a cadeira nº 8. Bacharelou-se em Línguas Neolatinas pela Universidade Católica de Pernambuco e em Direito pela Faculdade de Direito do Recife.

Exerceu o jornalismo como redator literário do Jornal do Commercio, a advocacia, o magistério e cargos públicos. Ocupou a direção de entidades culturais, sendo diretor de assuntos culturais da Fundarpe, e idealizador e primeiro supervisor... Leia mais aqui: