CRÓNICA FEMININA
estava nua, só um colar lhe dava
horizontes de incêndio sobre o peito,
a transmutar, num halo insatisfeito,
a rosa de rubis em quente lava.
estava nua e branca num estreito
lençol que o fim do sono desdobrava
e a noite era mais livre e a lua escrava
e o mais breve pretérito imperfeito
só o tempo verbal lhe fugiria,
no alongar dos gestos e requebros,
junto do espelho quando as aves vão.
toda a nudez, toda a nudez, toda a melancolia
a dor no mundo, a deslembrança, a febre, os
olhos rasos de água e solidão
Vasco Graça Moura
Vasco Graça Moura (n. Foz do Douro, 3 de Janeiro de 1942), escritor e político português.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Vasco Graça Moura é um dos nomes centrais da poesia portuguesa da segunda metade do Século XX, numa obra extensa, que integra o classicismo de contornos eruditos, até aos aspectos do quotidiano. Advogado, entre 1966 e 1983, está na escrita como poeta, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, cronista e tradutor. Neste último, tem traduzido, entre outros, autores como Dante Alighieri, Petrarca, François Villon, Racine, García Lorca, Rainer Maria Rilke ou Shakespeare. Quer ler mais?
Fonte: http://poemas-poestas.blogspot.com/
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4 comentários:
A poesia é algo sublime. Me sinto tocada em suave valsa ao som de violinos... Amo o seu blog, adoro passar sempre por aqui, pois conheço sempre grandes escritores e delicio-me com as poesias.
Também gostaria de ser poderosa como uma Deusa ou Bruxa, para te dar toda a felicidade do mundo.
Sempre aqui para te prestigiar.
Receba um forte Abraço!
Uma bela poesia meu amigo,,,tudo que venha desse intenso universo feminino nos cai bem a alma...abraços de bom dia pra ti.
Belo poema!
Bjs.
IMPRESIONANTE TEXTO, DE MUCHA CALIDAD!!!!
UN ABRAZO
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