RITOS
a cobra
se
ao deslocar
se
deixa rasto.
a cabra cobra
se
no óbito
há choro de mutudi.
... rasgar a noite negra?
se
e só no pó
se lê:
— o riso da morte
é único.
e redondo.
como um ponto final.
a cobra
se
ao deslocar
se
deixa rasto.
Ponto final.
Conceição Cristóvão
Poeta, engenheiro, docente universitário e deputado angolano, Conceição Luís Cristovão nasceu no dia 4 de julho de 1962, em Malanje. Depois de terminar o ensino primário, foi para a cidade do Huambo, cidade profundamente martirizada pela guerra, fundamentalmente durante a década de noventa, onde fez os estudos secundários.
Nesta cidade, sentiu o fervilhar do seu gosto pelas Letras, criando os seus primeiros textos poéticos que o vão revelar como um dos nomes importantes do universo literário da geração de 80. Integra, então, a Brigada Jovem de Literatura do Huambo (BJLH).
No final da década de 80, decide ir viver para Luanda, onde, tornando-se membro da Brigada Jovem de Literatura desta cidade (BJLL) dá continuidade ao seu trabalho poético, revelando profundos avanços estéticos.
Angolano empenhado e preocupado com os destinos do seu país, dilacerado por uma guerra intestina devastadora que não permitia vislumbrar "a luz ao fundo do túnel", Conceição Cristovão assumiu também as funções de deputado à Assembleia Nacional de Angola. Político e poeta, o autor sempre soube, contudo, separar e distinguir o seu discurso argumentativo e político do seu discurso lírico.
Poeta da geração de 80, a sua poiesis, como a grande maioria da poesia desta novíssima geração, distingue-se como um projeto metalinguístico e literário assente na recuperação e intensificação da linguagem poética que, embora rompendo com uma atitude ideologicamente panfletária, mantém o sentido crítico e denunciador do status quo corrupto, desumano e repressivo instalado no seu país, num período em que a implantação da independência fazia esperar outra realidade.
Fruto de uma grande incerteza quanto ao futuro, decorrente da negação de todos os valores revolucionários seus referentes, a obra de Conceição Cristovão lida com a angústia e a desilusão, enquanto sua temática nuclear, recorrendo à metaforização do mar como o espaço infernal e fechado que abafa as esperanças de cumprimento dos ideais libertários e revolucionários dos anos sessenta e setenta.
Licenciado em engenharia e a exercer a docência na Universidade Agostinho Neto, o autor é membro da União de Escritores Angolanos(UEA), tendo publicado os seguintes livros: A Voz dos Passos Silenciosos (1990) e Amores Elípticos (1996), ambos de poesia.
Fonte: Infopédia.
9 comentários:
Nossa, fiquei encantado com esse poema. Não conhecia o trabalho desse autor que deve ser uma maravilha de se ler.
As dicas/escolhas do seu blog são sempre relevantes. Adoro passar por aqui e descobrir as novidades.
Grande abraço.
Custa-me entender o poeta africano....
serei um desenraizado...??
Abraço
Lindo poema desse autor que não lembrava ou conhecia. Mas a cobre me dá medo...rsr abração,linda semana,chica
Belo poema meu amigo,,,ritos de sobrevivencia,,,de vida...abraços de boa semana pra ti.
Como sou bem sincera, preciso dizer que não entendi bem o que ele quiz dizer,
Mas deixo-te um beijo e te desejo uma semana linda
Tal como a nossa vida. Deixaremos rastros de acordo com a vida que levarmos.
Grande abraço
Um belo poema, sempre deixamos rastros conforme a andança pela vida. Um abraço e ótimo começo de semana.
Rastro e morte... cobra...
riso redondo com um ponto final... soturno... um pouco macabro.
Boa semana!
Beijinhos.
✿ჱܓ
° 。✿ °° 。
♪♫
°✿╔
Poesia diferente de cobra Rosemildo.
Vale. Estou a dedifrá-lo até agora.
Beijos e boa semana!
Carla
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