CANTIGA
Sozinha no bosque
Com meus pensamentos.
Calei as saudades.
Fiz trégua a tormentos.
Olhei para a Lua.
Que as sombras rasgava.
Nas trémulas águas
Seus raios soltava.
Naquela torrente
Que vai despedida
Encontro assustada
A imagem da vida.
Do peito, em que as dores
Já iam cessar.
Revoa a tristeza.
E torno a penar.
Marquesa de Alorna
Escritora portuguesa. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, 4.ª marquesa de Alorna, nasceu em Lisboa, no dia 31 de outubro de 1750 e faleceu também em Lisboa, no dia 11 de outubro de 1839, foi uma das mais notáveis vozes do pré-romantismo em Portugal. Neta, por parte da mãe, dos marqueses de Távora, executados pela justiça do marquês de Pombal devido ao seu envolvimento numa conspiração contra o rei D. José I, foi, em 1758, enclausurada no Convento de Chelas, de onde foi libertada dezanove anos depois, em 1777, após a queda política do marquês. No entanto, a sua prolongada reclusão foi o principal motivo para a esmerada formação literária e científica que recebeu. Leituras de Rousseau, Voltaire, da Enciclopédia de Diderot e d'Alembert, abriram o seu espírito vivo e inquieto às ideias do iluminismo francês. Casou com o conde de Ovenhausen, oficial alemão que viajava pela Europa, do qual ficou viúva aos 43 anos. Apesar das dificuldades económicas que a viuvez lhe acarretou, a sua residência transformou-se num foco de ebulição cultural, onde se debatiam as novas ideias políticas e também as novas correntes estéticas e literárias. Bocage e Alexandre Herculano, em períodos diferentes, foram dois dos frequentadores do seu salão. Sob o nome árcade de Alcipe trabalhou em traduções do latim (a Arte Poética, de Horácio, por exemplo), do alemão (textos de Christoph Wieland), do inglês (o Ensaio sobre a Crítica, de Alexander Pope) e do francês (textos de Lamartine), cultivou a epistolografia (Cartas a Uma Filha Que Vai Casar) e escreveu poesia. Recreações Botânicas, poema em seis cantos dedicado às «Senhoras Portuguesas», prenunciava já o sentimentalismo romântico que avassalaria a literatura anos mais tarde. A sua poesia está reunida nos seis volumes das Obras Poéticas da Marquesa de Alorna (1844).
Fonte: http://www.vidaslusofonas.pt/
9 comentários:
Basta um instante, entre os momentos divagantes, quando paramos para apreciar a natureza, encontramos pois tanta beleza,
que nossas amarguras no céu dissipam e nos damos as formosuras...
Basta um momento à distração e a gente olha a vida do jeito que vale a pena...
Saudades daqui...
Belo poema meu amigo, bem característica de Livinha...
Bjs
Bela e melancólica cantiga. Parece um lamento.
Grande abraço
Uma cantiga linda, embora tristinha! abraços,lindo fds,chica
Pouco se conhece....e uma obra tão vasta...
Abraço
Momentos magicos da vida meu amigo,,,uma cantiga é tudo...grande abraço de bom final de semana.
Querido amigo Furtado, hermoso poema el de la Duquesa. Interesante la reseña.
Muchas gracias por tu visita y tus palabras, por dedicarme un poco de tu tiempo. Muchas gracias.
Te dejo aquí un fuerte abrazo y mi deseo de que pases un lindo fin de semana.
Andri
Excelente escolha amigo.
Tenha um maravilhoso fim de semana
Beijinhos
Maria
Triste marquesa.
Bom final de semana!
Não conheço as obras da Marquesa de Alorna; poesia delicada e triste. Gostei muito. E agora que já a conheço vou procurar alguma coisa mais. Obrigada, amigo, valeu esta postagem.
Um beijo.
Tais Luso
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