quinta-feira, 16 de junho de 2011

Libertação.


LIBERTAÇÃO

Das mentiras loucas que me envolvem
Vou quebrando os liames um a um
E da angústia da libertação
Nascerá um dia a paz
Do ser e do não ser.

Das mentiras vãs que me amordaçam
Os véus arrancarei a um e um
Tristes despojos dum passado velho
Que em mim se quis perpetuar.

E deixarei um rasto de desilusões;
Um caminho de lágrimas choradas;
Um pouco do que fui em cada dia.

Mas ficarei seguro e afirmado,
Com a serenidade dum Buda na floresta,
Com a nudez dum Cristo no redil.

Antero de Abreu


Antero Alberto Ervedosa de Abreu é o nome completo de Antero de Abreu, nascido em Luanda a 22 de Fevereiro de 1927. Fez os seus estudos primários e secundários em Luanda, tendo concluído o liceu nessa cidade. Partiu em seguida para Portugal para estudar direito, primeiro em Coimbra e posteriormente em Lisboa, onde terminou o curso. Enquanto estudante em Lisboa foi dirigente da Casa dos estudantes do Império – CEI, sendo membro da geração da Mensagem.

“Tem-se dito e redito que de cada geração fica meia dúzia de poetas e de cada poeta meia dúzia de poemas, exumados em antologias. Se assim tiver de acontecer com algumas poesias deste e do outro livro, a unidade deles pouco interessará, afinal.” Palavras do escritor sobre a sua escrita. In: Antero de Abreu. Poesia Intermitente, Luanda, UEA, 1989, p.7

Após a sua formação exerceu advocacia em Luanda, tendo sido após a independência Procurador-geral da República, cargo que exerceu durante vários anos e posteriormente Embaixador da República de Angola na Itália. Actualmente reside em Portugal por questões de saúde.

Enquanto estudante foi membro do Cineclube de Luanda, escrevendo crítica de cinema na revista Prisma. Como advogado durante o tempo colonial foi membro activo no incremento associativo e cultural de Luanda, integrado no Departamento cultural da Associação dos Naturais de Angola – ANANGOLA. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos.

Fonte: http://www.ueangola.com/

12 comentários:

chica disse...

Tuas escolhas nos encantam sempre!Que teu dia seja lindo! abraçs,chica

Sandra Gonçalves disse...

Essa é a paz que todos procuramos...Lindo demais.beijos achocolatados

Vanuza Pantaleão disse...

Pesquisa sobre poetas do nosso vasto mundo. Angola, terra de muita criatividade.
Amigo, sinta-se à vontade no nosso espaço, aquela também é a sua casa.
Um dia bem azulzinho!!!

Everson Russo disse...

Libertação da alma,,,dos sentimentos impuros...grande abraço de bom dia pra ti amigo...

Flor da Vida (Suelzy Quinta) disse...

Sublime poema que encanta pela sensibilidade e profundidade dos versos!

Amigo, tem prêmios pra você lá no meu cantinho, viu?

Deixo carinhos e beijos pra ti.
Suelzy

Antônio LaCarne disse...

quando é preciso se libertar das amarras e se livrar do medo. linda postagem, como sempre o bom gosto nos poemas, nos autores. parabéns sempre pra você, meu caro.

tenha um ótimo dia.

Wanderley Elian Lima disse...

Olá amigo
Um poema triste, mas um belo poema.
Grande abraço

L'angolo di raffaella disse...

Versi molto profondi... complimenti!!!
Mi piace il tuo blog

Anônimo disse...

MUY INTERESANTE TEXTO.
UN ABRAZO

Sandra Ribeiro disse...

Belissimo poema, vou procurar outros, fiquei encantada!

Carla Fernanda disse...

Lindo poema e este verso me agradou mais ainda: Um pouco do que fui em cada dia...
Beijos,
Carla

ze bernardino disse...

Se fores manhã, tarde ou noite, mar revolto, espiga largada ao vento, saber deitado ao vento, tempo que passa aos olhos de um rouxinol .............. como te sinto e te recordo dos tempos de Luanda... sei bem, Antero, que esta libertação que evocas no teu poema não traz só desencontros e mágoas mas uma profunda renovação de cada um de nós em Ti . Zé (David)