quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Merecimento"


"MERECIMENTO"

“Não adianta rogares a São Pedro por um lugarzinho lá em cima, se aqui em baixo não fizeres por onde comprovar o teu merecimento.”

R.S. Furtado

terça-feira, 28 de junho de 2011

Trágica recordação.


TRÁGICA RECORDAÇÃO

Meu Deus! meu Deus! quando me lembro agora
De o ver brincar, e avisto novamente
Seu pequenino Vulto transcendente,
Mas tão perfeito e vivo como outrora!

Julgo que ele ainda vive; e que, lá fóra,
Fala em voz alta e brinca alegremente,
E volve os olhos verdes para a gente,
Dois berços de embalar a luz da aurora!

Julgo que ele ainda vive, mas já perto
Da Morte: sombra escura, abysmo aberto...
Pesadêlo de treva e nevoeiro!

Ó visão da Creança ao pé da Morte!
E a da Mãe, tendo ao lado a negra sorte
A calcular-lhe o golpe traiçoeiro!

Teixeira de Pascoais



Teixeira de Pascoais é o pseudônimo que Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos usou para assinar sua obra literária. Nascido no dia 2 de novembro de 1877 em Amarante - Gatão. Teixeira de Pascoais formou-se em direito pela Universidade de Coimbra no ano de 1901. Depois disso, exerceu a profissão de advogado na cidade de Amarante e no Porto. Essa atividade, no entanto, nunca o impossibilitou de seguir também a carreira literária, cuja estreia ocorreu no ano de 1897 com a coletânea de poesias intitulada "Sempre". No ano de 1912, à frente da Revista "A Águia" e do movimento Renascença Portuguesa, difundiu a doutrina do Saudosismo, que foi encarada como uma atitude perante a vida que definia a "alma nacional". O Sebastianismo divulgado por Pascoais influenciou muitos escritores portugueses do início do século XX. Dentre eles destaca-se Fernando Pessoa. O Saudosismo de Pascoais, no entanto, não dura muito tempo: em 1919, por considerarem Pascoais "utópico" e "passadista", alguns integrantes rompem com o grupo Renascença Portuguesa, o que acarreta no aparecimento do grupo "Seara Nova". Anos antes o próprio Fernando Pessoa já havia abandonado o grupo para dar novos rumos a sua poesia. Teixeira de Pascoais morreu no dia 14 de dezembro de 1952 em Amarante. A enciclopédia Barsa define Teixeira de Pascoais como o "principal inspirador do saudosismo sebastianista em Portugal início do século XX".
Títulos

Fonte: http://www.portaldaliteratura.com/

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ritos.


RITOS

a cobra
se
ao deslocar
se
deixa rasto.

a cabra cobra
se
no óbito
há choro de mutudi.

... rasgar a noite negra?
se
e só no pó
se lê:

— o riso da morte
é único.
e redondo.
como um ponto final.
a cobra
se
ao deslocar
se
deixa rasto.
Ponto final.

Conceição Cristóvão


Poeta, engenheiro, docente universitário e deputado angolano, Conceição Luís Cristovão nasceu no dia 4 de julho de 1962, em Malanje. Depois de terminar o ensino primário, foi para a cidade do Huambo, cidade profundamente martirizada pela guerra, fundamentalmente durante a década de noventa, onde fez os estudos secundários.

Nesta cidade, sentiu o fervilhar do seu gosto pelas Letras, criando os seus primeiros textos poéticos que o vão revelar como um dos nomes importantes do universo literário da geração de 80. Integra, então, a Brigada Jovem de Literatura do Huambo (BJLH).

No final da década de 80, decide ir viver para Luanda, onde, tornando-se membro da Brigada Jovem de Literatura desta cidade (BJLL) dá continuidade ao seu trabalho poético, revelando profundos avanços estéticos.

Angolano empenhado e preocupado com os destinos do seu país, dilacerado por uma guerra intestina devastadora que não permitia vislumbrar "a luz ao fundo do túnel", Conceição Cristovão assumiu também as funções de deputado à Assembleia Nacional de Angola. Político e poeta, o autor sempre soube, contudo, separar e distinguir o seu discurso argumentativo e político do seu discurso lírico.

Poeta da geração de 80, a sua poiesis, como a grande maioria da poesia desta novíssima geração, distingue-se como um projeto metalinguístico e literário assente na recuperação e intensificação da linguagem poética que, embora rompendo com uma atitude ideologicamente panfletária, mantém o sentido crítico e denunciador do status quo corrupto, desumano e repressivo instalado no seu país, num período em que a implantação da independência fazia esperar outra realidade.

Fruto de uma grande incerteza quanto ao futuro, decorrente da negação de todos os valores revolucionários seus referentes, a obra de Conceição Cristovão lida com a angústia e a desilusão, enquanto sua temática nuclear, recorrendo à metaforização do mar como o espaço infernal e fechado que abafa as esperanças de cumprimento dos ideais libertários e revolucionários dos anos sessenta e setenta.

Licenciado em engenharia e a exercer a docência na Universidade Agostinho Neto, o autor é membro da União de Escritores Angolanos(UEA), tendo publicado os seguintes livros: A Voz dos Passos Silenciosos (1990) e Amores Elípticos (1996), ambos de poesia.

Fonte: Infopédia.

domingo, 26 de junho de 2011

Fundação da dinastia do Japão.

Jimmu Tenno

FUNDAÇÃO DA DINASTIA DO JAPÃO

660 a.C.Jimmu Tenno capitaneia um bando de invasores. Conquista várias tribos que lhe prestam obediência. Instala-se em Iamato e funda a dinastia do Japão. Japão, etimologicamente, quer dizer “Sol Nascente”, “nascer do sol” ou “reino do sol nascente”. Os antigos habitantes da ilha de Nipon acreditavam que essa região era o berço do Sol; ele aí nascia, segundo a crença. Na Idade Média, o veneziano Marco Polo chamou Cipângu à ilha de Nipon. Foi o nome por que esse país ficou sendo conhecido na Europa durante muitos séculos, pelo menos até 1542. O Japão constitui-se de ilhas, sendo as 4 principais: Hondo ou Nipon, Sikok, Kiu-Siu e Ieso. Na de Hondo, que é a maior delas, ergue-se Tóquio. Vê-se aí o centro do chamado império Sol Nascente. O Japão é um dos maiores países da Ásia, com 120.000 Km quadrados. Nele vivem 190 habitantes por quilômetro quadrado em média. A população japonesa ultrapassa a casa dos oitenta milhões. Tóquio com mais de sete milhões de habitantes, é a terceira cidade do mundo em população. Nova Iorque e Londres são as duas primeiras. É o país em que se registra a maior quantidade de vulcões, cerca de 50 em atividade, quase todos em volta de Tóquio. Numa Montanha sagrada se vê o histórico Fuji-Iama, de forma cônica admirável, a mais perfeita que se conhece. Esse vulcão, que se ergue a 3778 metros, está extinto desde 1707.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 19/20.

PS: Com relação aos números apresentados, devemos considerar à época de publicação deste trabalho, pois, com certeza, muita coisa mudou.

sábado, 25 de junho de 2011

Melhor quebrar o espelho...


MELHOR QUEBRAR O ESPELHO...

Há sempre um senão.
Um porquê.
Um talvez, ou um quem sabe.
Pode-se ser qualquer coisa
para desvendar a guerra,
furar a ferida,
e não há remédio que cure!
É mais fácil culpar os outros
pela nossa infelicidade
e desesperança.
O outro é nosso algoz ... sempre!
É difícil saber-se menos .
... Menos qualquer coisa.
É a nossa imperfeição
que nos cria dor e raiva ....
Duro admitir o erro,
melhor quebrar o espelho!

Delasnieve Daspet


Delasnieve Miranda Daspet de Souza é de Porto Murtinho, onde nasceu e cresceu em meio a exuberante natureza que é o Pantanal do Mato Grosso do Sul, Brasil. É ativista cultural de reconhecimento internacional, poeta, advogada e faz trabalho social com menores carentes, em Campo Grande - MS, onde reside.

Publicou e participou dos seguintes livros:

Por Um Minuto ou Para Sempre; Tertulia na Primavera; Tertúlia na Era de Aquário - Vol. I; Poesia Só Poesia – coletânea; Tempo de Poesia – coletânea; Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul; Seleção de Poetas Notívagos - 2001 – Coletânea; Conceição do Almeida – Memórias.

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O Arrasta-pé do Jojó de Totonha.


O ARRASTA-PÉ DO JOJÓ DE TOTONHA

Mês de junho! Todo ano neste mês,
O São João no Nordeste é animado.
Tem gente acostumado, já freguês,
É corre-corre, é turista de todo lado.

Aqui pertinho tem um famoso arraiá,
É o arrasta-pé do Jojó de Totonha.
Tem gente decente, que vai só brincar,
Mas também vai cabra sem vergonha.

Na festança, tem dança de todo jeito,
Tem forró e também tem quadrilha.
Tem tanta mulher, que o sujeito,
Nem se importa com a partilha.

Chega a hora em que a mulherada,
Queira ou não, é intimada a dar.
E, na espreita, fica a rapaziada.
Para no momento, se aproveitar.

Tem umas que dão mesmo sem querer,
Tem outras que fazem questão de dar.
Já tem umas que dão por prazer,
Enquanto outras, não querem nem pensar.

Tem aquela que reluta, mas contudo,
Sem saída, a dar ela é sempre obrigada.
Já tem umas que não dão, nem por tudo.
Já outras que insistem, e dão por nada.

Tem umas, nem ligam, dão sorrindo,
Tem outras que dão de cara fechada.
Mas logo se vê, todas estão fingindo,
Porque a vontade é dar dando risada.

No final, que se segure a rapaziada,
Cada um que controle à emoção.
Pois é chegada a hora da mulherada,
Dar à tão esperada rodada no salão.

R.S. Furtado.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Esta é a candente terra...


ESTA É A CANDENTE TERRA...

A la mémoire demon jeune frère,
Daniel Rui de Almeida Fonseca,
sous — lieutenant de l´armée portugaise,
mort a l´âge de 24 ans, en combat, au
Mozambique.

Esta é a candente terra de negrura
Onde debalde ficamos a nossa dor
E o sangue inocente que ainda jura,
No chão da maldição, em imenso clamor.

Olvidado na pompa e na púrpura
Da investidura de reinos sem pudor,
Construídos no terror e na mentira
Da traição à sacra promessa de amor.

Esta é a pungente terra de amargura
Onde como erva torpe medra a dura
Ditadura e cresce o crime no negrume
Da súplice solidão em que a multidão
Vencida já nem crê que o afiado gume
Que redime decepe o poder da negridão.

Mário Fonseca


Mário Alberto de Almeida Fonseca nasceu a 12 de Novembro de 1939, na capital cabo-verdiana. Deixou uma vasta obra literária publicada em revistas, jornais, como o Boletim de Cabo Verde, a folha literária e "Seló" que fundou nos anos 60 com os poetas cabo-verdianos Arménio Vieira (Prémio Camões 2009) e Osvaldo Osório.

Entre as suas obras figura o livro de poesias "O Mar e as Rosas", que foi confiscado em Lisboa, em 1964, pela polícia política portuguesa, aquando do encerramento forçado da então Associação Portuguesa de Escritores. Mário Fonseca publicou também várias obras em língua francesa, nomeadamente os livros de poesia "Près de la mer" e "Mon Pays est une Musique et Poissons".

Combatente pela causa da libertação de Cabo Verde do jugo colonial português, Mário Fonseca participou em actividades da Associação de Escritores Afro-Asiáticos (Beijing, 1966), no Simpósio Literário Internacional contra o Apartheid (Brazaville, 1987) e nos Estados Gerais do Livro Francófono (Paris 1989).

Ao longo dos muitos anos em que foi obrigado a viver longe do seu país devido à sua oposição ao regime colonial, Mário Fonseca trabalhou como professor de francês no Senegal e tradutor na Mauritânia e Turquia. De regresso a Cabo Verde, o escritor colaborou activamente em quase todos os jornais e revistas que circularam no arquipélago após a sua independência, em 1975.

Mário Fonseca, que exerceu vários cargos de responsabilidade em instituições ligadas à cultura, chegou também a ser indicado para desempenhar as funções de presidente do Instituto de Língua Portuguesa, cargo que não pôde desempenhar por motivos de saúde.

Fonte: http://www.livroseleituras.com/

terça-feira, 21 de junho de 2011

Energia solar.

Auguste Mouchot
ENERGIA SOLAR

1866 – O inventor francês Auguste Mouchot constroi o primeiro aparelho para captar energia solar. O invento, que tinha a forma de um grande abajur cônico, servia para aquecer a água contida numa pequena caixa de cobre escurecida interiormente. Essa caixa situava-se na abertura menor do cone e era ainda forrada por uma delgada lâmina de prata onde se refletiam os raios solares captados através da abertura maior do cone, que ficava dirigida para o sol. Os raios solares assim captados refletiam na lâmina e aqueciam a água da pequena caixa de cobre.

Depois de Mouchot apareceram outros inventores de máquinas solares. Todos usavam um ou mais dos três importantes meios para captar os raios solares: o espelho cônico, o refletor cilíndrico e a caixa de calor (uma caixa hermética, de cor preta por dentro e coberta com uma ou duas camadas de vidro). As ondas de calor, passando através do vidro, são absorvidas na parte interna da caixa.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 3, páginas 472/473.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Takka Takka.

Zhô Bertholini

TAKKA TAKKA

Para Zhô Bertholini

entre arcos, carros, pactos, a vida escorre
viscosa, com o veneno da esperança,
já sem biografia, sem a umidade dos dedos
degustando-a em contorno de dicionário.

a luz, redimida do inferno, estilha
sobre a coragem do dia a dia, cai,
desaba. a luz é uma sangria. porém,
grita (outra luz) sonhos e coleção
de casamentos, onde a felicidade
acaba antes do noticiário. nítidos, todavia,
socos nos tímpanos, formigas de chumbo
a escavar as vísceras, pântano no estômago.

a ternura fria com que a madrugada
desperta a manhã -sem canhões, distanciando-se
com seus pesados passos, guardando suas
tralhas no esquecimento das estrelas.

nas sobras da cidade (da noite)
um rosto esguio, juvenil, debaixo
de olhares nublados de sono,
ponteado a benday, já-ido,
vaza

Fabiano Calixto


Fabiano Calixto nasceu na cidade pernambucana de Garanhuns, em 1973. Poeta e tradutor, tem textos publicados em vários jornais e suplementos do Brasil e do exterior. Atualmente, é aluno de mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada na USP.

É autor de Algum (edição do autor, 1998), Fábrica (Alpharrabio, 2000), Um mundo só para cada par (Alpharrabio, 2001), Música possível (Cosac Naify / 7Letras, 2006) e Sanguínea (Editora 34, 2007) - este finalista do Prêmio Jabuti de 2008 na Categoria Melhor Livro de Poesia. Publicou também o livro de poemas infantis Pão com bife (Edições SM, 2007). Organizou, com André Dick, A linha que nunca termina: pensando Paulo Leminski (Lamparina, 2005).

Traduziu poemas de Gonzalo Rojas, Allen Ginsberg, John Lennon, Laurie Anderson, entre outros. Seu trabalho mais recente, ainda não publicado, é a versão para o português da obra de Benjamín Prado. Ao lado de Angélica Freitas, Marília Garcia e Ricardo Domeneck, edita a revista de poesia Modo de Usar & Co. Prepara atualmente seu novo livro de poemas, Nominata morfina.

Fonte: http://pphp.uol.com.br/

sábado, 18 de junho de 2011

"Oferta."


"OFERTA"

“Se te dedicares exclusivamente à oferta de espinhos, dificilmente tenderás ao recebimento de flores.”

R.S. Furtado.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cantiga.


CANTIGA

Sozinha no bosque
Com meus pensamentos.
Calei as saudades.
Fiz trégua a tormentos.

Olhei para a Lua.
Que as sombras rasgava.
Nas trémulas águas
Seus raios soltava.

Naquela torrente
Que vai despedida
Encontro assustada
A imagem da vida.

Do peito, em que as dores
Já iam cessar.
Revoa a tristeza.
E torno a penar.

Marquesa de Alorna


Escritora portuguesa. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, 4.ª marquesa de Alorna, nasceu em Lisboa, no dia 31 de outubro de 1750 e faleceu também em Lisboa, no dia 11 de outubro de 1839, foi uma das mais notáveis vozes do pré-romantismo em Portugal. Neta, por parte da mãe, dos marqueses de Távora, executados pela justiça do marquês de Pombal devido ao seu envolvimento numa conspiração contra o rei D. José I, foi, em 1758, enclausurada no Convento de Chelas, de onde foi libertada dezanove anos depois, em 1777, após a queda política do marquês. No entanto, a sua prolongada reclusão foi o principal motivo para a esmerada formação literária e científica que recebeu. Leituras de Rousseau, Voltaire, da Enciclopédia de Diderot e d'Alembert, abriram o seu espírito vivo e inquieto às ideias do iluminismo francês. Casou com o conde de Ovenhausen, oficial alemão que viajava pela Europa, do qual ficou viúva aos 43 anos. Apesar das dificuldades económicas que a viuvez lhe acarretou, a sua residência transformou-se num foco de ebulição cultural, onde se debatiam as novas ideias políticas e também as novas correntes estéticas e literárias. Bocage e Alexandre Herculano, em períodos diferentes, foram dois dos frequentadores do seu salão. Sob o nome árcade de Alcipe trabalhou em traduções do latim (a Arte Poética, de Horácio, por exemplo), do alemão (textos de Christoph Wieland), do inglês (o Ensaio sobre a Crítica, de Alexander Pope) e do francês (textos de Lamartine), cultivou a epistolografia (Cartas a Uma Filha Que Vai Casar) e escreveu poesia. Recreações Botânicas, poema em seis cantos dedicado às «Senhoras Portuguesas», prenunciava já o sentimentalismo romântico que avassalaria a literatura anos mais tarde. A sua poesia está reunida nos seis volumes das Obras Poéticas da Marquesa de Alorna (1844).

Fonte: http://www.vidaslusofonas.pt/

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Libertação.


LIBERTAÇÃO

Das mentiras loucas que me envolvem
Vou quebrando os liames um a um
E da angústia da libertação
Nascerá um dia a paz
Do ser e do não ser.

Das mentiras vãs que me amordaçam
Os véus arrancarei a um e um
Tristes despojos dum passado velho
Que em mim se quis perpetuar.

E deixarei um rasto de desilusões;
Um caminho de lágrimas choradas;
Um pouco do que fui em cada dia.

Mas ficarei seguro e afirmado,
Com a serenidade dum Buda na floresta,
Com a nudez dum Cristo no redil.

Antero de Abreu


Antero Alberto Ervedosa de Abreu é o nome completo de Antero de Abreu, nascido em Luanda a 22 de Fevereiro de 1927. Fez os seus estudos primários e secundários em Luanda, tendo concluído o liceu nessa cidade. Partiu em seguida para Portugal para estudar direito, primeiro em Coimbra e posteriormente em Lisboa, onde terminou o curso. Enquanto estudante em Lisboa foi dirigente da Casa dos estudantes do Império – CEI, sendo membro da geração da Mensagem.

“Tem-se dito e redito que de cada geração fica meia dúzia de poetas e de cada poeta meia dúzia de poemas, exumados em antologias. Se assim tiver de acontecer com algumas poesias deste e do outro livro, a unidade deles pouco interessará, afinal.” Palavras do escritor sobre a sua escrita. In: Antero de Abreu. Poesia Intermitente, Luanda, UEA, 1989, p.7

Após a sua formação exerceu advocacia em Luanda, tendo sido após a independência Procurador-geral da República, cargo que exerceu durante vários anos e posteriormente Embaixador da República de Angola na Itália. Actualmente reside em Portugal por questões de saúde.

Enquanto estudante foi membro do Cineclube de Luanda, escrevendo crítica de cinema na revista Prisma. Como advogado durante o tempo colonial foi membro activo no incremento associativo e cultural de Luanda, integrado no Departamento cultural da Associação dos Naturais de Angola – ANANGOLA. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos.

Fonte: http://www.ueangola.com/

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Parasito da Esquistossomose.

Teodoro Bilharz
 
PARASITO DA ESQUISTOSSOMOSE

1851 – Identifica-se o parasito da esquistossomose. Teodoro Bilharz é o autor dessa importante descoberta. Depois de demorados estudos sobre o caramujo dos pântanos, chegou à feliz conclusão que ele é o transmissor do verme no sangue, doença que por muitos séculos vinha preocupando os povos das regiões tropicais da Europa. Em homenagem ao cientista, a referida doença passou também a chamar-se bilhazíase, Bilharz, médico e parasitologista alemão, nasceu em Sigmaringuen em 1825 e faleceu no Cairo, onde foi catedrático de Medicina, em 1862. O verme do sangue impede a ação dos intestinos, de modo que a bexiga põe-se a crescer desproporcionalmente, se não houver ação rápida e eficiente para eliminá-lo do organismo.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 3, página 425.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Anzol.


ANZOL

Angustiado olhar
do peixe capturado.
Angustiado olhar
do peixe
na mesa do mercado.
O amor, às vezes,
tem esse olhar
de quem vacila prisioneiro
quando tudo é mar.

Damário Dacruz


Damário da Cruz nasceu em Salvador no dia 27 de julho de 1953 no bairro de Santo Antônio. Formou-se em jornalismo e, além de poeta e fotógrafo, foi líder estudantil e sindicalista, exerceu cargos de gerência de comunicação e publicidade da Telebahia e foi um dos diretores da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Publicou três livros de poesia e mais de 30 posters-poemas. Tinha já escrito material para dois novos livros de poesia, entre outros projetos.

Há 10 anos, Damário da Cruz abriu com recursos próprios o Pouso da Palavra na cidade de Cachoeira, um centro cultural com pequena galeria de arte, café, biblioteca e espaço para eventos como saraus e lançamentos de livros. Cachoeira foi a grande paixão do poeta, sobre a qual declara em vídeo a ser exibido em seu tributo: “quem consegue amar profundamente Cachoeira, não terá tempo nenhum de odiar outra coisa”.

Fonte: http://www.irdeb.ba.gov.br/

domingo, 12 de junho de 2011

Acode eu Santo Antonho!


ACODE EU SANTO ANTONHO!

Hoje acordei arretada, virada cum a molesta!
Êta vida desgramada. Só pra eu nada presta!
Passei a noite toda sosinha, cum muita fome.
Mais hoje, sem farta vou cedinho lá pra festa,
Vestí a rôpinha mió, carçá a sandaia qui presta,
Pru mode vê se dá sorte, e eu arrume aigum home.

Hoje é vespra de Santo Antonho casamentêro,
Quem sabi aculá na festança, no meio do terrêro,
Ele atenda o meu sonho, arranje um home pra eu.
E acaimá mais, só um pouquinho minha vida,
Aquetá minha disprezada, surfrida e inxirida,
E mostrá qui Deus é bão, e nunca mi isqueceu.

Quem tivé a vida surfrida, iguarzinha a minha,
E quisé tombém aquetá a assanhada bixinha,
Faça comu eu, pedi baxinho, pur baxo do pano.
Aproveita qui hoje é o dia de pedí, num isquece,
Pruque num é todo dia qui o santinho aparece,
Essa xanxe demora, a genti só tem de ano e ano.

Acode eu Santo Antonho!

R.S. Furtado

sábado, 11 de junho de 2011

O Mapa.


O MAPA

Sempre senti a matemática como uma presença
Física; em relação a ela vejo-me
Como alguém que não consegue
Esquecer o pulso porque vestiu uma camisa demasiado
Apertada nas mangas.
Perdoem-me a imagem: como
Num bar de putas onde se vai beber uma cerveja
E provocar com a nossa indiferença o desejo
Interesseiro das mulheres, a matemática é isto: um
Mundo onde entro para me sentir excluído;
Para perceber, no fundo, que a linguagem, em relação
Aos números e aos seus cálculos, é um sistema,
Ao mesmo tempo, milionário e pedinte. Escrever
Não é mais inteligente que resolver uma equação;
Porque optei por escrever?Não sei. Ou talvez saiba:
Entre a possibilidade de acertar muito, existente
Na matemática, e a possibilidade de errar muito,
Que existe na escrita (errar de errância, de caminhar
Mais ou menos sem meta) optei instintivamente
Pela segunda. Escrevo porque perdi o mapa.

Gonçalo M. Tavares


Gonçalo M. Tavares, escritor português nasceu em 1970 em Angola, Luanda. Há seis anos publicou a sua primeira obra.

Recebeu os mais importantes Prémios em Língua portuguesa: o Portugal Telecom 2007; o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004 com o romance - "Jerusalém" (Caminho); o Prémio Branquinho da Fonseca da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, com o livro O Senhor Valéry (Caminho); o Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com Investigações.Novalis (Difel) e o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores "Camilo Castelo Branco" com água, cão, cavalo, cabeça (Caminho).

Os seus livros deram origem a peças de teatro, objectos artísticos, vídeos de arte, ópera, etc. Tem 21 livros a serem traduzidos em mais de dezasseis países.

O romance "Jerusalém" foi incluído na edição europeia de "1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos".

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Causas da Febre Puerperal.

Ludwing Ignaz Philippe Semmelwis

CAUSAS DA FEBRE PUERPERAL

1847 – (maio) Descobrem-se as causas da Febre Puerperal. Ludwing Ignaz Philippe Semmelwis é médico obstrético húngaro. Serve na maternidade do Hospital Geral de Viena. Aí a Febre Puerperal mata as parturientes. Tenta descobrir a causa da terrível enfermidade. Observa que morrem mais parturientes da primeira enfermaria, onde servem estudantes de Medicina, do que as internadas na segunda enfermaria, onde são treinadas as parteiras. Verifica que os estudantes vão diretamente à enfermaria, depois que dissecam os cadáveres. Conclui que levam a infecção nas mãos. Determina que os estudantes lavem as mãos com uma solução antisséptica e cortem as unhas com uma tesoura, antes de tocarem nas parturientes. Dois meses depois, a taxa de mortalidade cai para a décima parte do que era, prova irrefutável da hipótese do médico, que, dessa forma, salvou milhares de vidas.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 3, páginas 414/417. 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

DEUS.


DEUS

Um Deus (diz), um Tupá, um ser possante
Quem poderá negar que reja o mundo,
Ou vendo a nuvem fulminar tonante,
Ou vendo enfurecer-se o mar profundo?
Quem enche o céu de tanta luz brilhante?
Quem borda a terra de um matiz fecundo?
E aquela sala azul, vasta, infinita,
Se não está lá Tupá, que é que a habita?
A chuva, a neve, o vento, a tempestade,
Quem a rege? a quem segue? ou quem a move?
Quem nos derrama a bela claridade?
Quem tantas trevas sobre o mundo chove?
E este espírito amante da verdade,
Inimigo do mal, que o bem promove,
Coisa tão grande, como fora obrada?
Se não lhe dera o ser, quem vence o nada?
Quem seja este grande Ente e qual seu nome,
(Feliz quem saber pode) Eu cego o ignoro;
E sem que a empresa de sabê-lo tome,
Sei que é quem tudo faz, e humilde o adoro:
Nem duvido que os céus e terras dome,
Quando nas nuvens com terror o exploro,
Deixando o mortal peito em vil desmaio
Ameaçar no trovão, punir no raio.

Santa Rita Durão


Frei José de Santa Rita Durão nasceu em Minas Gerais, em 1722. Iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas, transferindo-se, aos nove anos de idade, para Portugal. Poucos anos depois ingressou na Ordem de Santo Agostinho, e doutorou- se em Teologia e Filosofia pela Universidade de Coimbra. Por desavenças no meio religioso, fugiu para a Itália. Retornou a Portugal, após a queda Pombalina, onde assumiu a cátedra de Teologia na Universidade de Coimbra e iniciou a elaboração de Caramuru. Morreu em Lisboa, em 1784.

Fonte: http://pt.scribd.com/

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Generosidade"


"GENEROSIDADE"

“Generosidade não significa simplesmente ofertar alguma coisa a alguém, mas saber se essa oferta vai realmente lhe fazer bem.”

R.S. Furtado. 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Irmã de Caridade.


A IRMÃ DE CARIDADE

Come pray with me, my saraph-love!
My angel-lord, come pray with me!

(THOMAZ-MOORE)

Quem é esta mulher linda e joven
Tão triste, e tão severa en tal edade?
Porque o lucto e dó vestidos traja?
Cumpre um voto: – É Irmã de Caridade.

Um joven adorava tal qual ella,
Mui formoso, gentil, terno e constante:
Mas seus dias emfim eram contados,
P'r'o Creador partiu, deixou 'a amante.

E n'este mundo, só, abandonada,
Sem ter nem protector nem alegria,
Sem desvelada mãe, que a consolasse,
As tristezas da terra a sós carpia.

Pelo amante a Deus pedia a triste;
Pela mãe, pelo pae, que já não tinha:
E depois de rezar rezas tão santas,
Carpir na sepultura a triste vinha.

Un dia que ella assim a Deus orava,
Recostada na campa da mãe qu'rida;
Cançada de chorar, na sepultura
Recostada, ficou adormecida!

Julgou então ouvir da mãe as vozes,
Que a seguir vida santa a aconselhava;
Soccorrer infelizes, dar consolo
Ao mortal indigente a mãe mandava.

E a filha obedeceu; seguiu taes ordens;
E d'então para cá com anciedade,
Soccorre o infeliz, dá pão ao pobre,
Cumpre um voto: – É Irmã de Caridade.

Luís Augusto Palmeirim


Poeta pertencente à geração ultrarromântica, de nome completo Luís Augusto Xavier Palmeirim, nascido a 9 de agosto de 1825, em Lisboa, e falecido a 4 de dezembro de 1893, na mesma cidade. Foi também deputado, jornalista, dramaturgo, crítico e tradutor. Proveniente de uma família de militares de alta patente, frequentou o Colégio Militar e tomou parte na rebelião da Maria da Fonte, entre 1846 e 1847, ao serviço da Junta do Porto, contra a ditadura de Costa Cabral. Foi censor do Teatro D. Maria II desde 1853 e diretor do Conservatório de Lisboa desde 1878 até à sua morte, para além de membro da Academia Real das Ciências e da Sociedade Escolástico-Filomática. Distinguiu-se como poeta, cultivando uma poesia popular de inspiração folclórica e temática cívica, influenciada pelo poeta francês Béranger. Para a popularidade dos seus versos - Lopes de Mendonça classificou-o "o mais popular dos nossos poetas modernos" -, frequentemente cantados nas ruas, recitados nos salões e nos teatros, muito contribuiu, para além do uso das rimas fáceis e dos metros tradicionais, a sua faceta real de "poeta-soldado", "poeta da liberdade", que se funde com a sua própria arte poética, por vezes explícita em fragmentos metatextuais da obra, onde proclama a "verdade" dos seus cantos, a "divina" missão da poesia, voltada para "Deus", a "pátria amada" e as "cem mil tradições que nos revela do seu passado". Participou na revista coimbrã O Trovador, deixando colaboração em vários outros periódicos como O Panorama, Revista Universal Lisbonense, Arquivo Pitoresco, Revista Contemporânea de Portugal e Brasil, A Revolução de setembro e O Ocidente. Das suas obras, destacam-se a coleção Poesias (1851; quatro edições até 1864) e o interessante livro de memórias Os Excêntricos do meu Tempo.

Fontes: http://books.google.com/
             Infopédia.

domingo, 5 de junho de 2011

Os barcos.


OS BARCOS

"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu"

Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.
Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...
E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...

Yolanda Marazzo


Yolanda Marazzo Lopes da Silva nasceu em 16 de Dezembro de 1927, na ilha de São Vicente, neta de José Lopes da Silva. Uma das raras poetisas cabo-verdianas deste período e a única voz feminina na revista Claridade. Frequentou o Liceu Gil Eanes do Mindelo e concluiu os seus estudos liceais em Lisboa, para onde foi em 1943, e onde fez os cursos de Francês no Instituto Francês e o de inglês no Instituto Britânico.

Emigrou para Angola onde foi professora da Ailiance Française em Luanda. Deixou Angola em 1975 na sequência da descolonização e reside hoje em Lisboa.

• Colaborou na Claridade, Cabo Verde - Boletim de Propaganda e Informação, no Suplemento Cultural; Ponto & Vírgula e Artiletra; nos portugueses Artes e Letras do Diário de Notícias; nos angolanos Província de Angola, Jornal do Lobito, Notícia, República, etc. Figura em: Modernos poetas cabo-verdianos - Antologia, Praia, I. Santiago, 1961; Nós somos todos nós. Antologia Portugalidade, Luanda, Angola, 1969; A mulher e a sensibilidade portuguesa, Luanda, Angola, 1970; e No reino de Caliban - Antologia panorâmica da poesia africana de expressão portuguesa, Lisboa 1975. • Publicou: Cântico de /erro, Lisboa, 1976.

Fonte: Net.

sábado, 4 de junho de 2011

Criação do Serviço de Meteorologia.

Cleveland Abbe

CRIAÇÃO DO SERVIÇO DE METEOROLOGIA

1870Cleveland Abbe cria o Serviço de Meteorologia e a primeira repartição central meteorológica do mundo, em Cincinnati, em cujo Observatório começou a publicar diariamente as informações meteorológicas e as previsões do tempo. Foi também o primeiro, em 1875, que propôs a contagem do tempo civil a partir do meridiano de Greenwich. Meteorologista e Astrônomo americano, nasceu em Nova Iorque a 03-12-1836. Faleceu em Washington em 28-10-1916. Era de origem inglesa. Estudou nas Universidades de Michigan e Harward. Em 1866 foi nomeado assistente do Observatório Naval e em 1868 diretor do Observatório de Cincinnati. Foi tão bem recebida pelo povo a informação diária das variações atmosféricas, que ficou conhecida sob a denominação popular de “Old Probabilities”. Devido aos seus constantes estudos e métodos usados, que adotados por todos os centros meteorológicos do mundo em 1912, a “Sociedade Inglesa de Meteorologia” lhe concedeu Medalha de Ouro.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 3, página 483.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Anil.


ANIL

Pedra tocada por Yves Klein,
em que borda do poço
se perdeu?
Em que veio de mina
ficou incrustada?
Por que a pálpebra se fechou
quando deveria estar aberta?
Por que não foi feita
a pergunta certa?
Onde o mantra
que faz surgir Tara,
caminhando hierática
sobre a muralha?
Em que noite adormeci verde
e acordei Saara?
e, mero acidente geográfico,
reste apenas a montanha de pedra.

Donizete Galvão


Donizete Galvão de Souza (Borda da Mata MG 1955). Poeta e jornalista. Filho de pequenos sitiantes, ele cursa o primário, o ginásio e o 2º grau no Colégio Nossa Senhora do Carmo, de freiras dominicanas. Como no período de sua infância não havia biblioteca pública na cidade, ele entra em contato com a poesia por intermédio do Suplemento Literário de Minas Gerais, em que conhece os poemas de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Mais tarde, lê os poetas modernistas mineiros, como Henriqueta Lisboa (1904 - 1985), Murilo Mendes (1901-1975) e Emílio Moura (1902 - 1975), entre outros, pelos quais tem afinidades e é influenciado.

Em 1973, morre seu pai, aos 49 anos. A experiência da perda é marcante em sua obra e aparece em poemas como Escoiceados. Estuda administração de empresas na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí e trabalha como professor.

Muda-se para São Paulo em 1979, começa a estudar jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e a trabalhar como redator de publicidade na Editora Abril, onde permanece até 2005. Participa da antologia Veia Poética, que reúne poetas estreantes na década de 1980. Publica seu primeiro livro, Azul Navalha, em 1988. Divulga poemas em diversos periódicos literários de diferentes países, como Nicolau, O Galo, Poiésis, Livro Aberto, Babel, Cult, Blanco Móvil, Nanico, Suplemento Literário de Minas Gerais, Medusa, Tsé-Tsé, Mais!, do jornal Folha de S.Paulo, entre outros. Publica, em 2002, o livro de poemas Pelo Corpo, em parceria com o poeta Ronald Polito (1961) e, em 2003, Mundo Mudo.

Fonte: http://www.itaucultural.org.br/

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Paixão felina.



PAIXÃO FELINA

Mimi era um gato elegante e bonito,
Amarelo e branco, era todo malhado.
De dia, era só dentro de casa, o bendito,
Mas de noite, o seu mundo era o telhado.

Miado de gata, tinha para todo lado,
E Mimi, tô nem aí, pouco ligava.
Isso porque, simplesmente, o safado,
Com amor, somente para uma gata olhava.

A felizarda era gostosa, a Mimosa,
Era o mimo, o chamego, o xodó da vizinha.
Gatinha atraente, bastante formosa,
Pois charme e beleza, era só o que tinha.

Mimosa também era a fim do Mimi,
Sempre alerta ficava, quando o via passar.
Mas, para não dar o que miar, aos gatos dali,
Preferia, quietinha, no seu canto ficar.

Um dia se acertaram e juntaram os mijados,
A cada ano, três vezes, a Mimosa paria.
Eram muitos os gatos, difícil de serem contados,
Como também, aguentar tamanha gataria.

R.S. Furtado.