MAU HÁBITO
Em que lugar que mora a Mãe d'Água mamãe
É lá na fonte da vovó
Como é que ela é
É uma mulher bonita de cabelo verde
Corpo de peixe vestida de estrelas rabuda
Por que é que eu não vejo ela
é porque ela não se mostra aos meninos
Que tiram ranho do nariz com os dedos
E durante todo tempo em que
Eu podia crer na vida da Mãe d'Agua
O meu nariz foi o único culpado
Dela não ter me aparecido
Tyrteu Rocha Vianna
Tyrteu Rocha Vianna, advogado e poeta gaúcho, nasceu na cidade de São Francisco de Assis-RS, em 22 de novembro de 1898, filho de Francisco Pereira Vianna (Chico) e Maria Amélia da Rocha Vianna (Maruca), que casaram em São Francisco de Assis, em 1877 e, ao batizar o filho com o nome de Tyrteu, homenagearam, primordialmente, o poeta greco Tyrteo (VII a. C.).
Durante a sua mocidade, Tyrteu viveu em Porto Alegre, onde concluiu o curso de direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, em novembro de 1922. Nessa época, foi "colorado" entusiasta, torcia pelo Sport Club Internacional, time do seu coração.
Já bacharel, retornou a São Francisco de Assis, exercendo a advocacia. Como poeta, é o autor do livro "Saco de Viagem", publicado em 1928, pela Livraria do Globo de Porto Alegre. Dedicou o livro ao Dr. Heitor Guimarães, médico revolucionário e ao Dr. La Hire Guerra, Juiz de Direito em Alegrete-RS. La Hire homenageou os mortos no heróico combate de 1923, na praça central assisense. La Hire Guerra foi o 14º Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, entre 1937 e 1945.
Tyrteu era um vanguardista, o poeta mais original do Modernismo Sul-Rio-Grandense, com a sua poética da radicalidade, a mais visceralmente ligada ao credo estético da Semana de Arte Moderna de São Paulo, de 1922. Chegou a ser considerado pela crítica, como o "Oswald de Andrade" do Rio Grande do Sul. Foi o nosso modernista mais ortodoxo, revolucionário da poesia e crítico implacável.
Viveu numa época de intensa e profunda transformação sócio-política-cultural-econômica no mundo. Tyrteu tinha 21 anos quando perdeu seu pai, Francisco Hemetério Pereira Vianna, em 1919 (03.03.1853 / 05.04.1919) Seu pai foi delegado de polícia, em 1890. Perdeu sua mãe em 1927. Com o inventário da mãe, Tyrteu herdou fabulosa fortuna. Os familiares de Tyrteu, os Rocha Vianna, foram influentes estancieiros e líderes políticos de São Francisco de Assis.
Esteve no Rio de Janeiro, estudando pintura. Percorreu a Europa. Recebia, através da Livraria do Globo, as novidades editoriais nacionais e estrangeiras.
Em 12 de junho de 1959, Tyrteu publicou, em Alegrete-RS, nos Cadernos do Extremo Sul, o poema "Versos para um tordilho chamado Maomé".
Em 21 de setembro de 1963, Tyrteu Rocha Vianna faleceu na cidade de Alegrete-RS.
Em 1993, o Instituto Estadual do Livro, em companhia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, lançaram a 2a. Edição do livro "Saco de Viagem".
Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues.
Fonte: http://www.oocities.com/