domingo, 28 de fevereiro de 2010

Prêmio especial.


Ganhei esse selo da minha amiga Clecilene do blog "Falas d’alma" e também gostaria de partilhar com todos os meus amigos que aprecio bastante.

Quanto à indicação de blogueiros, apresento minhas desculpas por não seguir a regra, pois, na minha opinião, todos os meus queridos amigos, visitantes e seguidores, são igualmente merecedores e, portanto, não posso nem devo priorizar ninguém. O selo ficará à disposição de todos àqueles que por ele se interessar. É só pegar e levar!

Fico muito agradecido a minha amiga Clecilene pela honrosa distinção.

Beijos,

Furtado.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mãos dadas.

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MÃOS DADAS

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade.

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Carlos Drummond de Andrade nasceu no dia 31 de outubro de 1902, em Itabira, Minas Gerais, região rica em ferro.

Faz seus primeiros estudos em Minas Gerais. Em 1918, estuda como interno no Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Friburgo, sendo expulso no ano seguinte, após um incidente com seu professor de Português e Geografia em Itabira. Em 1934, transfere-se para o Rio de Janeiro, assumindo um cargo público no Ministério da Educação.

A partir da década de 1950, Drummond dedica-se integralmente à produção literária; além de novos livros de poesias, contos e algumas traduções, intensificam o seu trabalho de cronista. Morre no Rio de Janeiro,  no dia 17 de agosto de 1987.

Carlos Drummond de Andrade é, sem duvida, o maior nome da poesia contemporânea Brasileira. Sua obra poética acompanha a evolução dos acontecimentos, registrando todas as “coisas” (síntese de um universo fechado, despersonificado) que o rodeiam e que existem na realidade do dia-a-dia. São poesias que refletem os problemas do mundo, do ser humano brasileiro e universal diante dos regimes totalitários, da Segunda Guerra, da Guerra Fria.

Assim, o poeta é possuído de alguns momentos de esperança para, logo adiante, tornar-se descrente, desesperançado com o rumo dos acontecimentos.

Mas é acima de tudo um poeta que nega todas as formas de fuga da realidade; seus olhos atentos estão voltados para o momento presente e vêem, como regra primeira para uma possível transformação da realidade, a união, o trabalho coletivo (“vamos de mãos dadas”).

Fonte: “Língua, Literatura & Redação.” 2ª edição – Editora Scipione – 1995.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Solidariedade.

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SOLIDARIEDADE

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista,
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.

Murilo Mendes.

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Murilo Monteiro Mendes nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 13 de maio de 1901. Ainda menino, transfere-se para Niterói, onde conclui seus estudos secundários. Em 1953 muda-se para a Europa, percorrendo vários países. Falece em Lisboa, Portugal, no dia 13 de agosto de 1975.

Murilo Mendes é um poeta de curiosa trajetória no Modernismo brasileiro: das sátiras e poemas-piadas ao estilo oswaldiano, caminha para uma poesia religiosa, sem com isso, perder contato com a realidade social; o próprio poeta afirma que o social não se opõe ao religioso. Tal fato lhe permite acompanhar todas as transformações vividas pelo século XX, quer no campo econômico e político – a guerra foi tema de vários de seus poemas – , quer no campo artístico, sendo o poeta modernista brasileiro mais identificado com o Surrealismo europeu.

Já em seu livro de estréia – Poemas (1930) – apresenta novas formas de expressão, versos vivíssimos e livre associação de imagens e conceitos, características presentes em toda a sua trajetória poética.

A partir de Tempo e eternidade (1935), escrito em parceria com Jorge de Lima, Murilo Mendes parte para a poesia religiosa, mística, de “restauração da poesia em Cristo”. Sua obra ganha em densidade, uma vez que, ao lado de um dilema entre poesia e Igreja, o finito e o infinito, o material e o espiritual, o poeta não abandona a temática social. Surge daí a consciência do caos, de um mundo esfacelado, de uma civilização decadente: uma constante na obra de Murilo Mendes. O trabalho do poeta é tentar ordenar esse caos, utilizando-se para isso do trabalho poético, sua lógica, sua criatividade, sua libertação. São significativos os títulos de seus livros: A poesia em pânico, O visionário, As metamorfoses, Mundo enigma, Poesia liberdade.

Fonte: “Língua, Literatura & Redação” – 2ª edição – Editora Scipione – 1995.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Parte do passado.

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PARTE DO PASSADO

Antigamente, tudo era exatamente assim...
A triste solidão, aos poucos, me dominava,
Quando esnobe e faceira, ela sempre passava,
E quem sabe, por maldade, nem olhava pra mim.
E assim, no peito, uma forte dor eu sentia,
De aflição e angústia, era o meu dia a dia,
Na esperança que um dia, tudo isso teria fim.

Hoje, só restam lembranças, está tudo apagado...
Pois, com o passar do tempo, tudo enfim terminou,
Do grande amor que nutria nada mais restou,
Entre nós nada mais existe, está tudo acabado.
Já não sou mais aquele, que vivia implorando,
Por um pouco de amor, seguia rastejando,
Esse ser morreu, se foi, faz parte do passado.

R.S. Furtado.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Auto-retrato.

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AUTO-RETRATO

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico

Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

Manuel Bandeira.

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Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife, em 19 de abril de1886. Ainda jovem, muda-se para o Rio de Janeiro, onde faz seus estudos secundários. Em 1903 transfere-se para São Paulo, matriculando-se na Escola Politécnica; acometido de tuberculose, abandona os estudos e volta para o Rio de Janeiro. A partir de então, desenganado várias vezes pelos médicos, inicia uma peregrinação pelas melhores casas de saúde situadas em estações climáticas do Brasil e da Europa. Em 1917 estréia em livro com o volume A cinza das horas, de nítida influência parnasiana e simbolista. Viveu solitariamente, apesar dos amigos e das reuniões da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1940. Morreu aos 82 anos, em 13 de outubro de 1968.

Com a publicação dos livros Carnaval, em 1919, e Ritmo dissoluto, em 1924, o poeta vai se engajando cada vez mais no ideário modernista, para explodir definitivamente com a publicação do livro Libertinagem (1930), uma das mais importantes obras de toda a literatura brasileira, onde aparecem poemas como “Poética”, “O cacto”, “Pneumotórax”, “Evocação do Recife”, “Poema tirado de uma noticia de jornal", "Irene no céu" e “Vou-me embora pra Pasárgada”, entre tantos outros. E aqui aparece a palavra-chave de toda a sua obra modernista: liberdade, seja de conteúdo, seja de forma.

Buscou na própria vida inspiração para seus grandes temas: de um lado, a família, a morte, a infância no Recife, o rio Capibaribe; de outro, a constante observação da rua por onde transitam os mendigos, as prostitutas, os pobres meninos carvoeiros, as Irenes pretas, os carregadores de feira livre, todos falando o português gostoso do Brasil. E, em tudo, o humor, certo ceticismo, uma ironia por vezes amarga, a tristeza e a alegria dos homens, a idealização de um mundo melhor – enfim, um canto de solidariedade ao povo.

Fonte: “Língua, Literatura & Redação” – 2ª edição – Editora Scipione – 1995.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O morcego.

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O MORCEGO

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede...”
– Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!

Augusto dos Anjos

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Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no dia 20 de abril de 1884, no Engenho Pau d'Arco, no município de Sapé, estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.

Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão do mundo.

Com a obra de Herbert Spence, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia Sagrada ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.

Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte.

Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia.

Fontes: “Língua, Literatura & Redação” – 2ª edição – Editora Scipione – 1995.
            “Wikipédia.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Selo Amizade.


Ganhei esse selo da minha amiga do blog "Si Arian" e também gostaria de partilhar com todos os meus amigos que aprecio muito.

Primeiramente, a resposta à pergunta colocada como regra: "- O que faz a amizade tornar-se um sentimento tão especial?"

Resposta: Uma amizade torna-se especial, a partir do momento em que a pessoa passa a amar outra pessoa como a si própria e a recíproca é verdadeira.

Quanto à indicação de blogueiros, apresento minhas desculpas por não seguir a regra, pois, na minha opinião, todos os meus queridos amigos, visitantes e seguidores, são igualmente merecedores e, portanto, não posso nem devo priorizar ninguém. O selo ficará à disposição de todos àqueles que por ele se interessar. É só pegar e levar!

Fico muito agradecido a minha amiga Si Arian pela honrosa distinção.

Beijos,

Furtado.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Íntimo.

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ÍNTIMO

Esta alegria loura, corajosa,
que é como um grande escudo, de ouro feito,
e faz que à Vida a escada pedregosa
eu suba sem pavor, calmo e direito,

me vem de tua boca perfumosa,
arqueada, como um céu, sobre o meu peito:
constelando-o de beijos cor-de-rosa,
ungindo-o de um sorriso satisfeito...

A imaculada pomba da Ventura
espreita-nos, o verde olhar abrindo,
aninhada em teu cesto de costura;

trina um canário na gaiola, inquieto;
a cambraia sutil feres, sorrindo,
e eu, sorrindo, desenho este soneto.

Valentim Magalhães.

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Antônio Valentim da Costa Magalhães, jornalista, contista, romancista e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1859 e faleceu, na mesma cidade, em 17 de maio de 1903. 

Era filho de Antônio Valentim da Costa Magalhães e de Maria Custódia Alves Meira. Foi estudar Direito em São Paulo, e aí teve início sua vida agitada de escritor, boêmio e jornalista. Colega de Silva Jardim, Raimundo Correia, Raul Pompéia, Luís Murat e Luís Gama, cedo começou a escrever poesia. Publicou seu primeiro livro, Cantos e lutas, ainda em São Paulo. De volta ao Rio, já formado, ingressou no jornalismo. Dirigiu A Semana, que se tornou o baluarte literário dos jovens de então. Além de literatura, esse periódico fazia propaganda da Abolição e da República. Quase todos os que, mais tarde, teriam algum papel nas letras brasileiras - e que então começavam - colaboraram em A Semana. Dedicando-se à poesia, ao conto, à crônica, ao romance, ao teatro, o que Valentim Magalhães fez, de fato, foi divulgar os novos pelo país. Muito atacado, e muito defendido também, participou de inúmeras polêmicas, o que, em geral, prejudicou sua própria produção literária, no desejo de defender os outros. Instituiu, em A Semana, uma "Galeria de Elogio Mútuo", em que amigos íntimos escreviam uns sobre os outros.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967. e Academia brasileira de Letras.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sempre-viva.

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SEMPRE-VIVA

Quando àquelas saudades me entregaste,
Ao transarmos e o abraço em despedida.
Disseste: unidos são numa só haste,
Como somos nós dois numa só vida.

Assim, tu tão solene, me juraste,
No pungente momento da partida.
Tua face eu beijei, tu me abraçaste,
E parti levando a alma constrangida.

As saudades então me acompanharam,
E, quando aquela jura feneceu,
Elas incontinente revelaram.

De uma forma, aliás, mui positiva,
Uma delas (a tua) emurcheceu,
E a outra se transformou em sempre-viva.

R.S. Furtado.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Motivo.

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MOTIVO

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias.
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.

Cecília Meireles.

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Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 07 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Órfã de pai e mãe desde os três anos de idade, foi criada pela avó materna. Em 1917 forma-se na Escola Normal do Rio, dedicando-se ao magistério primário. Estréia em livro com Espectros (1919). A partir da década de 30, leciona Literatura Brasileira em várias universidades. Morre em 09 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.

Cecília Meireles inicia-se na literatura participando da chamada corrente espiritualista, sob a influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo-simbolista. Posteriormente afasta-se desses artistas, sem, contudo, perder as características intimistas, introspectivas, numa permanente viagem interior. Em vista desses fatores, sua obra reflete uma atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solidão e padecimento.

Um dos aspectos fundamentais da poética de Cecília Meireles é sua consciência da transitoriedade das coisas; por isso mesmo, o tempo é personagem central em sua obra: o tempo passa, é fugidio.

Ao lado de uma linguagem que valoriza os símbolos, de imagens sugestivas com constantes apelos sensoriais, uma das marcas do lirismo de Cecília Meireles é a musicalidade de seus versos e as brilhantes aliterações:

Fonte: “Língua, Literatura & Redação” – 2ª edição – Editora Scipione – 1995.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Pai João.

http://umbandapaijoao.zip.net/images/PaiJoao.jpg


PAI JOÃO

“A filha de pai João tinha um peito de
Turina para os filhos de Ioiô mamar:
Quando o peito secou a filha de Pai João
Também secou amarrada num
Ferro de engomar.
A pele de Pai João ficou na
Ponta dos chicotes.
A força de Pai João ficou no cabo
Da enxada e da foice.
A mulher de pai João o branco
A roubou para fazer mucamas.”

Jorge de Lima.

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Jorge Mateus de Lima nasceu em 1895 em União dos Palmares, Alagoas. Estréia na literatura em 1914, ainda fortemente influenciado pelo parnasianismo, com XIV alexandrinos, o que lhe valeu mais tarde o título de Príncipe dos Poetas Alagoanos.

Em 1926, já formado em medicina, ingressa na vida política, elegendo-se deputado estadual pelo Partido Republicano; em 1930, por motivos políticos é obrigado a abandonar Alagoas, indo viver no Rio de Janeiro. Em 1946, com a redemocratização do país, é eleito vereador do Rio de Janeiro pela UDN. Falece em 1953, no Rio de Janeiro.

A exemplo de Murilo Mendes, Jorge de Lima também trilhou caminhos curiosos na literatura brasileira: de poeta parnasiano em XIV alexandrinos, chaga a uma poesia social paralela a uma poesia religiosa.

A poesia social apresente belas composições quando Jorge de Lima assume a coloração regional, usando a memória de um menino branco marcado por uma infância repleta de imagens dos engenhos e de negros trabalhando em regime de escravidão.

Fonte: “Língua, Literatura & Redação” – 2ª edição. – Editora Scipione – 1995.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

AWARD.



Recebi este selo da minha querida amiga Felina, do blog "Felina mulher". Preciso escrever sete coisas interessantes sobre mim e dar o Award a sete Beautiful bloggers. Os indicados deverão copiar o Award acima e oferecer a outros sete blogueiros para fazer o mesmo, e escrever sete coisas interessantes sobre eles.

Ao invés de escrever sete coisas interessantes sobre mim, vou escrever só uma que, pra mim, vale por muito mais de sete:

1 – A coisa mais interessante e mais maravilhosa que aconteceu na minha vida, foi ter sido gerado no ventre de uma mulher fantástica, querida, saudosa e inesquecível, que foi Dona Adelaide, a minha “MÃE”.

Quanto a indicação de sete blogueiros, apresento minhas desculpas por não seguir a regra, pois, na minha opinião, todos os meus queridos amigos, visitantes e seguidores, são igualmente merecedores e, portanto, não posso nem devo priorizar ninguém. O selo ficará à disposição de todos àqueles que por ele se interessar. É só pegar e levar!

Fico muito agradecido a minha amiga Felina pela honrosa distinção.

Beijos,

Furtado.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Prosopopéia da Pepa ao Pupo.

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PROSOPOPÉIA DA PEPA AO PUPO

"A Sra. Pepa Ruiz e o Sr. Pupo de Morais
andam em negociações para o arrendamento
do Mercado do Rio de Janeiro."
DOS JORNAIS


Parece pêta. A Pepa aporta à praça
e pede ao Pupo que lhe passe o apito.
Pula do palco, pálida, perpassa
por entre um porco, um pato e um periquito.

Após, papando, em pé, pudim com passa,
depois de peixes, pombos e palmito,
precipite, por entre a populaça,
passa, picando a ponta de um palito.

Peças compostas por um poeta pulha,
que a papalvos perplexos empulha,
prestando apenas pra apanhar os paios,

permuta a Pepa por pastéis, pamonha...
– Que a Pepa apupe o Pupo e à popa ponha
papas, pipas, pepinos, papagaios!

Emílio de Meneses

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Nasceu Emílio de Meneses na cidade de Curitiba, em 04 de julho de 1866, e, rapazinho, trabalhou na farmácia de um seu cunhado. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1887 e casou-se no ano seguinte. Em 1890 vai exercer em Paranaguá o cargo de escriturário na Inspetoria Geral de Terras e Colonização, mas no ano seguinte já está de volta ao Rio, onde enriquece efemeramente com o Encilhamento. Em 1916 foi nomeado, no Rio, para novo cargo público; em 1914 fora eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, em 06 de junho de 1918, tendo seus restos mortais sido trasladados para Curitiba em 1927.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tralalá.

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TRALALÁ

Hoje bem cedo, eu fui lá pra esquina,
Bem camuflado, fiquei em surdina,
Esperando só para te ver passar.
Rezei para o meu santo traquina,
Pedir para os ventos da matina,
Fazer a tua saia levantar.

Por não ser lerdo, abobalhado,
Meu santinho, desconfiado,
Começou logo a trabalhar.
Fez que forte soprasse o vento,
Para atender ao meu intento,
E a tua calcinha mostrar.

Fiquei nervoso, atordoado,
Senti o corpo incendiado,
Sem poder me controlar.
Corri pra casa apressado,
Cheguei suado, inflamado,
Me tranquei, fui tralalá...

R.S. Furtado.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pela noite.

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PELA NOITE

Digam do amor com que eu a acarinhava,
todos os astros, todas as estrelas...
Digam quanto as fitava e como, ao vê-las,
ela, a estrela mais lúcida lembrava.

Dos céus em fora, pele noite, e pelas
nuvens que eu tristemente contemplava,
digam como daquele afeto escrava
minh'alma ansiava por comprendê-las.

Tudo contem... Do meu estranho afeto
falem, falem da minha dor contida
por largos meses e por largos anos,

e esse que for o astro mais indiscreto
conte como me viu a alma ferida,
por desenganos sobre desenganos.

Pedro Rabelo.

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Nasceu Pedro Carlos da Silva Rabelo no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1868, e faleceu na mesma cidade, em 27 de dezembro de 1905. Trabalhou a principio no comercio, foi depois amanuense do Patrimônio da Independência, redator de debates na Câmara e diretor de secção do Conselho Municipal. Como jornalista, foi companheiro de Olavo Bilac em A Cigarra (1895) e colaborou na imprensa da época, freqüentando assiduamente as colunas da Gazeta de Noticias. Foi fundador da Academia Brasileira de Letras (Cadeira nº 30). Seu livro mais conhecido, Opera-Lyrica, surgiu um ano depois de Cruz de Sousa ter dado a lume os Broquéis, situando-se pois no limiar do neo parnasianismo.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A fonte de Jacó.

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A FONTE DE JACÓ

Na velha Samaria era Sicar situada;
ora, em Sicar, Jacó, filho de Isac, um dia,
velho já, tarda a mão, à sua gente amada
uma fonte rasgou d’água límpida e fria.

O Mestre, certa vez, a essa borda abençoada,
(no tempo de Jesus a fonte inda existia)
à hora sexta quedou-se, a fronte angustiada
de dor, a vez passar gente de Samaria.

Uma samaritana, acaso, à fonte veio;
e ao passar por Jesus, com seu cântaro cheio,
o alto busto ondulou numa graça lasciva...

– Água! Pediu Jesus, mata-me a sede e a mágoa!
Do cântaro, que tens, dá-me uma pouca d’água
que, em troca, eu te darei da fonte d’água viva.

Francisca Júlia.

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Francisca Júlia da Silva nasceu em Xiririca, atual Eldorado, São Paulo, em 31 de agosto de 1871. Acompanhou sempre a mãe, que era professora pública, e assim residiu em São Paulo, em Cabriúva e Lajeado, onde se casou com Filadelfo Edmundo Munster, funcionário da E. F. Central do Brasil, em 1909. Passando a morar em São Paulo, recolheu-se à vida do lar, e seu pensamento, que desde certo tempo vinha adquirindo tons místicos e esotéricos, fez-se cada vez mais moralizante. Com a doença do marido, começou a afirmar que jamais poria o véu de viúva; no dia do falecimento de Filadelfo, em 31 de outubro de 1920, adormeceu para não mais acordar, apesar de todos os esforços médicos, uma vez que tomara, por engano ou deliberadamente, excessiva dose de narcótico. Não passa de lenda sem fundamento a versão de que morreu sobre o caixão do marido, ao despedir-se do corpo. Faleceu no dia do sepultamento de Filadelfo, antes do saimento do cortejo (1º de novembro de 1920), e foi sepultada no dia de finados, no Cemitério do Araçá. Sobre seu túmulo há uma estátua de Brecheret, mandada erigir pelo Governo do Estado por iniciativa de Freitas Vale.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Maldita ilusão.

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MALDITA ILUSÃO

Eu queria poder voltar a ter o teu amor de verdade,
Reviver toda àquela nossa louca paixão.
Acabar de uma vez com essa angústia, essa saudade,
Que machuca, maltrata, dilacera o meu coração.

Sinto falta das noites que juntinhos passamos,
Sentindo a brisa do mar, sob os raios do luar.
Como dois sedentos; alucinados nos amamos,
Como animais, sem pudor, para a sede saciar.

Se por acaso voltares pra mim, que felicidade,
Darás um fim na minha amarga e triste solidão.
Mas, não sei se por pirraça, ou mesmo por maldade,
Continuas firme, insistes em dizer que não.

Até quando não sei, permanecerá essa ansiedade,
Nem tampouco, essa minha espera em vão.
Quem sabe, um dia, eu desperte para a realidade,
E elimine definitivamente essa maldita ilusão.

R.S. Furtado.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Folha solta.

http://sol.sapo.pt/photos/arturd/images/57071/original.aspx

FOLHA SOLTA

Não me culpeis a mim de amar-vos tanto,
mas a vós mesma e à vossa formosura,
pois se vos aborrece, me tortura
ver-me cativo assim do vosso encanto.

Enfadai-vos; parece-vos que, enquanto
meu amor se lastima, vos censura;
mas sendo vós comigo áspera e dura,
que eu por mim brade aos céus não causa espanto.

Se me quereis diverso do que agora
eu sou, mudai; mudai vós mesma, pois
ido o rigor que em vosso peito mora,

a mudança será para nós dois:
e então podereis ver, minha senhora,
que eu sou quem sou por serdes vós quem sois.

Vicente de Carvalho.

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Vicente Augusto de Carvalho nasceu em Santos, em 05 de abril de 1866; estudou na cidade praiana e em São Paulo, e formou-se em Direito em 1886. Republicano, foi eleito deputado provincial em 1887 e a Constituinte do Estado em 1891 e exerceu o posto de Secretário do Interior. Em 1892 voltou à advocacia, e mais tarde foi juiz em São Paulo (1908) e desembargador (1914). Pertenceu a Academia Brasileira de Letras. Faleceu em Santos, em 22 de abril de 1924.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Via-Láctea.

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VIA-LÁCTEA

Em mim também, que descuidado vistes,
encantado e aumentando o próprio encanto,
tereis notado que outras cousas canto
muito diversas das que outrora ouvistes.

Mas amastes, sem dúvida... Portanto,
meditai nas tristezas que sentistes:
que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
que mais aflijam, que torturem tanto.

Quem ama inventa as penas em que vive:
e, em lugar de acalmar as penas, antes
busca novo pesar com que as avive.

Pois sabei que é por isso que assim ando:
que é das loucas somente e dos amantes
na maior alegria andar chorando.

Olavo Bilac.

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Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de janeiro, em 16 de dezembro de 1865. Estudou medicina até o 4º ano, em sua cidade natal, e foi ouvinte do 1º ano de Direito, em São Paulo. Não se formou, preferindo exercer o jornalismo; além de poeta (inclusive satírico), granjeou renome como cronista, a ponto de ser dito por Emílio de Meneses “rei na prosa e imperador no verso”. Alguns de seus livros didáticos, como Através do Brasil, ainda hoje são lidos, apesar do envelhecimento inevitável dos trabalhos desse gênero. Bilac foi também orador e conferencista famoso, capaz de empolgar o país com campanha em prol do serviço militar obrigatório: achava ele que o país tinha muitos analfabetos, e que a caserna deveria ser uma escola que acabasse com essa falta de primeiras letras. Essa campanha foi desenvolvida já nos seus últimos tempos.

Em razão da sua posição na revolta de 1893, teve de ficar foragido em Minas Gerais; voltando ao Rio de Janeiro, foi preso e ficou por cinco meses na Fortaleza de Laje. Em sua carreira burocrática, ocupou os cargos de oficial da Secretaria do Interior do estado do Rio e inspetor escolar do Distrito Federal. Foi professor do pedagogium e fundador da Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro de 1918.

Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Interrogação.

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INTERROGAÇÃO

Contemplo a noite: a cúpula estrelada
do firmamento sobre mim palpita;
meu olhar, que a interroga, embalde fita
o olhar dos astros, que não vêem nada:

“Nessa amplitude lôbrega e infinita
que inteligência ou força inominada
numa elipse traçou a vossa estrada,
estrelas de oiro, que o mistério habita?

Dizei-me se, transpondo a imensidade,
alguma cousa a vós minha alma prende,
um vínculo de amor ou de verdade.

Dizei-me, o fim da nossa vida agora:
para que serve a luz que em vós resplende,
e a oculta mágua que em meu seio mora?...”

Júlia Cortines.

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Júlia Cortines Laxe nasceu em Rio Bonito, na província do Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1868. É considerada uma das mais vigorosas poetisas fluminenses do século passado, comparada às ilustres Narcisa Amália e Ibrantina Cardona. Com pouco mais de 20 anos começou a publicar suas obras, e, em 1894, seu livro intitulado "Versos" alcançou algum sucesso. O segundo, "Vibrações", lançado em 1900 constituiu-se numa revelação para o famoso crítico literário José Veríssimo, que afirmou na época: "Os poemas de Júlia Cortines distanciam-se magnificamente da poesia de água-de-cheiro e de pó-de-arroz da musa feminina brasileira, e revelam em Júlia, mais que uma mulher que sabe sentir, alguém que sente com alma e coração e de forma que disputa primazias com nossos melhores poetas contemporâneos." Faleceu no Rio de janeiro, em 19 de março de 1948.

Fontes: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967 e Wikipédia.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aniversário de Théo Drummond.

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THÉO DRUMMOND EM SEIS ESTROFES

Num certo dia do passado,
o mundo inteiro foi premiado.
Fazia-se uma grande festa;
Nascia Théo Drummond, o poeta.

Em seis estrofes homenageá-lo.
Falar de amor e poesia.
Do privilégio de, assim, unidos
Théo Drummond poder cantar.

Esse Mestre do soneto,
que faz vibrar seus poemas,
um amigo pra qualquer momento:
é só poesia o seu bico de pena.

Poeta que lapida poemas
com arte e sabedoria
enternece em cada verso
rimas que a emoção irradia

Em cada Soneto o Theo,
a nossa alma acarinha
com a doçura do mel
falando nas entrelinhas!

Que DEUS te abençoe, meu amigo,
faça com que tua arte seja mantida.
Te cubra com seu manto, como abrigo,
e te premie com muitos anos de vida.

Poetas (por ordem de estrofes):

Rosemildo S. Furtado, Clau Assi, Basilina Pereira, Conceição Bentes,
JJ Braga Neto, Rosemildo S. Furtado.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Lírios e rosas.

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LÍRIOS E ROSAS

Para meus olhos tristes, são colírios.
Teus encantos e formas primorosas.
Tua alma tem a candura de lírios,
Teu corpo exibe vicejar de rosas.

Teus gestos chamam-me, põem-me em delírio,
Tuas graças mancebas e mimosas.
-Os teus olhares desabrocham lírios,
-Os teus sorrisos desabrocham rosas.

Quando as essências brandas e tão puras,
Dos lírios dos teus beijos - brancos vivos -.
Das rosas dos teus lábios - rubras rosas -.

Um dia - a mais sublime das venturas -,
Cairei no teu colo sobre lírios,
Morrerei nos teus braços entre rosas.

R.S. Furtado.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O pôr-do-sol romântico.

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O PÔR-DO-SOL ROMÂNTICO

Quão belo é o sol quando se ergue risonho,
Como explosão, lançando Bom-dia, Senhor!
– Feliz aquele que poderá com amor
Saudar seu arrebol mais glorioso que um sonho!

Lembro que vi flor, sulco e fonte num desmaio,
Ao seu olhar que é como um coração ardente...
Corramos, pois, que é tarde, em direção do poente
E ao menos agarrar seu mais oblíquo raio!

Mas persigo em vão este Deus que se afasta;
Impõe o seu império a noite úmida e vasta,
Tão funesta a fremir sem estrelas e sem sóis;

Um odor sepulcral por toda a noite vaga;
Pelo charco, o meu pé medroso esmaga,
As imprevistas rãs e os frios caracóis.

Charles-Pierre Baudelaire.

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Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta e teórico da arte francês. É considerado um dos precursores do Simbolismo, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.

Nasceu em Paris em 09 de abril de 1821. Foi um poeta e teórico da arte francês. É considerado um dos precursores do Simbolismo, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX. Estudou no Colégio Real de Lyon e Colégio Louis-Le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe foi passado por um colega).

Em 1840 foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Pára na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos vive entre drogas e álcool na companhia da mulata Jeanne Duval. Em 1844 sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.

Em 1857 é lançado As flores do mal contendo 100 poemas. O livro é acusado no mesmo ano, pelo poder público, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são presos, o escritor paga 300 francos e a editora 100, de multa. Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreveu seis novos poemas "mais belos que os suprimidos", segundo ele. Faleceu em Paris, no dia 31 de agosto de 1867.

Fontes: “As Flores do Mal” – Editora Martin Claret – 2005 e Wikpédia.