ÍNTIMO
Esta alegria loura, corajosa,
que é como um grande escudo, de ouro feito,
e faz que à Vida a escada pedregosa
eu suba sem pavor, calmo e direito,
me vem de tua boca perfumosa,
arqueada, como um céu, sobre o meu peito:
constelando-o de beijos cor-de-rosa,
ungindo-o de um sorriso satisfeito...
A imaculada pomba da Ventura
espreita-nos, o verde olhar abrindo,
aninhada em teu cesto de costura;
trina um canário na gaiola, inquieto;
a cambraia sutil feres, sorrindo,
e eu, sorrindo, desenho este soneto.
Valentim Magalhães.
Antônio Valentim da Costa Magalhães, jornalista, contista, romancista e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1859 e faleceu, na mesma cidade, em 17 de maio de 1903.
Era filho de Antônio Valentim da Costa Magalhães e de Maria Custódia Alves Meira. Foi estudar Direito em São Paulo, e aí teve início sua vida agitada de escritor, boêmio e jornalista. Colega de Silva Jardim, Raimundo Correia, Raul Pompéia, Luís Murat e Luís Gama, cedo começou a escrever poesia. Publicou seu primeiro livro, Cantos e lutas, ainda em São Paulo. De volta ao Rio, já formado, ingressou no jornalismo. Dirigiu A Semana, que se tornou o baluarte literário dos jovens de então. Além de literatura, esse periódico fazia propaganda da Abolição e da República. Quase todos os que, mais tarde, teriam algum papel nas letras brasileiras - e que então começavam - colaboraram em A Semana. Dedicando-se à poesia, ao conto, à crônica, ao romance, ao teatro, o que Valentim Magalhães fez, de fato, foi divulgar os novos pelo país. Muito atacado, e muito defendido também, participou de inúmeras polêmicas, o que, em geral, prejudicou sua própria produção literária, no desejo de defender os outros. Instituiu, em A Semana, uma "Galeria de Elogio Mútuo", em que amigos íntimos escreviam uns sobre os outros.
Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967. e Academia brasileira de Letras.
11 comentários:
extraordianrio texto, maravilloso. gracias por compartirlo.
un abrazo
Furtado, que graça de poema. BeijooO'
Ola Amigo Rosmildo,bom dia.
Bonito poema.
Ciao.
Amigo furtado,
os passaros e seus cantos me encantam. Para mim um campo com flores e passaros a cantar, já é um paraiso que me faz relaxar, e esquecer do stress do dia a dia.
Mas não gosto de ve-los em gaiola. PRivados da liberdade! FIco imaginando o que um passaro sente quando é solto daquela prisão pequena, que mal consegue abrir suas assas e voar.....
Amei o poema
Bjs e um otimo sabado
Andresa
meu amigo
Lindo poema, como sempre boas postagens.
beijinhos
Sonhadora
Caro Amigo:
Furtado:
*****
Esta alegria loura, corajosa,
que é como um grande escudo, de ouro feito,
e faz que à Vida a escada pedregosa
eu suba sem pavor, calmo e direito,
Belo texto!
Vim lhe agradecer sua visita e lhe desejar um otimo fim de semana cheiu de luz e muita pàz
Forte Abraço
Antònìo Manuel
Saudade, Rosemildo!
Tudo bem?
Belíssimo texto! Sempre nos encantando com seu bom gosto.
Um abração!
Pedro Antônio
Que imagens lindas neste soneto, Furtado. Não conhecia. Muito bom. E que imagem linda esta que usou para ilustrá-lo. Ficou perfeito.
Bom domingo, abraço!
Furtado querido,
Belo Soneto nos proporciona ler, e saber um pouco mais de seu autor...acho isso muito importante...esse cuidado e atenção que dispensa em suas postagens...
Um grande beijo,
Ótimo Domingo!
Reggina Moon
Furtado, Furtado,
como podes atrás do vidro
da janela, olhar pros lados,
se na tua postura de frente
a ela,
é pouco o que ver, num vidro
embaçado...
rsrss...
Eis quanta inspiração nos surgem
a cada instante...
Belíssimo poema
Bom Domingo!
bjs
Livinha
Este resgate de poemas e poetas do século passado são uma maravilha!
abraço, lindo domingo
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