segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Filho.



FILHO 

Nicolau, menino, entra. 
Onde estiveste, Nicolau, 
que trazes a arrastar 
o teu brinquedo morto? 

Nicolau, menino, entra. 
Vem dizer-me onde foi que tu estiveste 
e a estrela fugiu das tuas mãos. 

Tens comigo o teu catre de lona velha. 
Deita-te, Nicolau, o fantasma ficou lá' longe. 

Dorme sem medo 
Porão, roça, medos imediatos, 
tudo ficou lá longe. 

Quando acordares a jornada será' mais longa. 
Nicolau, menino, 
onde foi que deixaste 
o corpo que te conheci? 
Deus há-de querer que o sono te venha depressa 
no meu catre. 

Osvaldo Alcântara 


Baltasar Lopes da Silva nasceu na aldeia do Caleijão na ilha de São Nicolau em Cabo Verde no dia 23 de Abril de 1907. Tendo concluído os seus estudos secundários no seminário de São Vicente, viajou para Portugal para estudar na Universidade de Lisboa. Durante o seu tempo em Lisboa, Baltasar Lopes estudou com importantes nomes da cultura portuguesa, como, por exemplo, Vitorino Nemésio e Câmara Reis. Formou-se em Direito e Filologia Românica, tendo sempre obtido excelentes notas durante os seus estudos na Universidade de Lisboa. Depois da universidade, Baltasar Lopes regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente. Após alguns anos foi nomeado reitor deste liceu. Chegou a deixar a colónia portuguesa mais escolarizada para ensinar em Leira (Portugal) por um breve período, mas devido às dificuldades de relacionamento com a política portuguesa daquela época, regressou para Cabo Verde onde continuou educando e exercendo a advocacia. Os seus últimos dias foram passados em Lisboa onde foi transferido para tratamento de uma doença cerebrovascular, falecendo pouco depois, no dia 28 de Maio de 1989. 

OBRAS: 

Chiquinho, 1947 
Cabo Verde visto por Gilberto Freyre, 1956 
O dialecto crioulo de Cabo Verde, 1957 
Antologia da Ficção Cabo-Verdiana Contemporânea, 1961 
Cântico da Manhã Futura (poemas), 1986 (com o nome poético de Osvaldo Alcântara
Os trabalhos e os dias (contos), 1987 

Fonte: Wikipédia

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6 comentários:

chica disse...

Linda poesia essa! Gostei! abraços,ótima semana,chica

Everson Russo disse...

Um poema forte e sofrido...abraços de boa semana pra ti meu amigo.

Alala disse...

Lido poema, gostei!

Alala disse...

Lindo***

Penélope disse...

E no sono a possibilidade do sonho, pois ao acordar a VIDA dura se apossará novamente do ser que seguirá sofregamente.
E quantos meninos há por aí, assim...
Linda escolha!!!
Abraços

Graça Pereira disse...

Já tinha ouvido falar de Osvaldo Alcântara mas, nem sabia que ele era cabo verdiano e tinha até leccionado em Portugal...
As coisas que eu aprendo aqui e que te agradeço!
Este poema lindo e triste, mostra-nos bem a sua alma sensível. Gostei muito.
Beijo
Graça