quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Entardecer na Praia da Luz.


ENTARDECER NA PRAIA DA LUZ 

Espreguiçados, os ramos 
das palmeiras filtram 
a luz que sobra 
do dia. É já noite 
nas folhas. O branco 
das paredes recolhe 
o sangue e o vinho 
de buganvílias 
e hibiscos. Bebe-os 
de um trago: saberás 
que, mais do que cegueira, a noite 
é uma embriaguez perfeita. 

in Castália e Outros Poemas - Albano Dias Martins 


Poeta, licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa. Realizou traduções de poesia grega arcaica e italiana contemporânea e foi um dos colaboradores assíduos de Árvore. Começando por se inscrever na poesia da década de 50, com a publicação de Secura Verde, numa fase posterior, a sua escrita reflete tendências poéticas reveladas no início da década de 60, por uma maior atenção conferida à palavra, à linguagem na sua opacidade, à busca de uma expressão depurada e não discursiva, encontrando na brevidade e num certo minimalismo nominal uma forma original, através da qual as palavras evocam uma essência perdida, anterior à erosão do tempo e do uso corrente. Deste modo, para Fernando Guimarães, na poesia de Albano Martins, "o que pode haver de centrífugo na imagem - o seu alargamento significativo, as suas possibilidades associativas, a sua potencialidade metafórica - é de imediato equilibrado pelo pendor substantivo de uma poesia que aposta na busca da concentração em que, muitas vezes, o próprio dinamismo verbal acaba por ser elidido" (GUIMARÃES, Fernando - A Poesia Portuguesa Contemporânea e o Fim da Modernidade, Lisboa, Caminho, 1989, pp. 65-66). 

Fonte: Infopedia

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3 comentários:

Gianna disse...

Stupendo quadretto poetico!

chica disse...

Lindo poema para um entardecer! abração,lindo dia,chica

Everson Russo disse...

Um belíssimo poema pra uma pintura da natureza que é o entardecer...abraços de bom dia pra ti meu amigo.