ENTARDECER NA PRAIA DA LUZ
Espreguiçados, os ramos
das palmeiras filtram
a luz que sobra
do dia. É já noite
nas folhas. O branco
das paredes recolhe
o sangue e o vinho
de buganvílias
e hibiscos. Bebe-os
de um trago: saberás
que, mais do que cegueira, a noite
é uma embriaguez perfeita.
in Castália e Outros Poemas - Albano Dias Martins
Poeta, licenciado em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa. Realizou traduções de poesia grega arcaica e italiana contemporânea e foi um dos colaboradores assíduos de Árvore. Começando por se inscrever na poesia da década de 50, com a publicação de Secura Verde, numa fase posterior, a sua escrita reflete tendências poéticas reveladas no início da década de 60, por uma maior atenção conferida à palavra, à linguagem na sua opacidade, à busca de uma expressão depurada e não discursiva, encontrando na brevidade e num certo minimalismo nominal uma forma original, através da qual as palavras evocam uma essência perdida, anterior à erosão do tempo e do uso corrente. Deste modo, para Fernando Guimarães, na poesia de Albano Martins, "o que pode haver de centrífugo na imagem - o seu alargamento significativo, as suas possibilidades associativas, a sua potencialidade metafórica - é de imediato equilibrado pelo pendor substantivo de uma poesia que aposta na busca da concentração em que, muitas vezes, o próprio dinamismo verbal acaba por ser elidido" (GUIMARÃES, Fernando - A Poesia Portuguesa Contemporânea e o Fim da Modernidade, Lisboa, Caminho, 1989, pp. 65-66).
Fonte: Infopedia.
Visite também:
Hoje temos:
A Literatura Ocidental.
3 comentários:
Stupendo quadretto poetico!
Lindo poema para um entardecer! abração,lindo dia,chica
Um belíssimo poema pra uma pintura da natureza que é o entardecer...abraços de bom dia pra ti meu amigo.
Postar um comentário