ANOITECE...
Anoitece...
Venho sofrer contigo a hora dolente que erra,
Sob a lâmpada amiga, entre um vaso com rosas,
Um festão de jasmins, e a penumbra que desce...
Hora em que há mais distância e mágoa pela terra;
Quando, sobre os chorões e as águas silenciosas,
Redonda, a lua calma e sutil, aparece...
O rumor de uma voz sobe no espaço, ecoando,
Mais um dia se foi, menos uma ilusão!
E assim corre, igualmente, a ampulheta da vida.
Senhor! Depois de mim, como folhas em bando,
Num crepúsculo triste, outros homens virão
Para recomeçar a rota interrompida,
E a amargura sem fim de um mesmo sonho vão...
Nos dormentes jardins bolem asas incautas,
Sobre os campos a bruma ondeia, devagar.
Estremecem no céu estrelas sonolentas
E os rebanhos, que vão na neblina lunar,
Agitam molemente, ao longe, as curvas lentas
Das estradas de esmalte, ao rudo som das flautas.
Anoitece...
Tremula ainda, no poente, a luz de alguns clarões,
E, enquanto sobre o meu teu olhar adormece,
Entre o perfil sombrio e vago dos chorões,
Redonda, a lua calma e distante, aparece...
Ronald de Carvalho
Filho do engenheiro naval Artur Augusto de Carvalho e de Alice Paula e Silva Figueiredo de Carvalho, Ronald de Carvalho nasce na cidade do Rio de Janeiro – RJ no dia 16 de maio de 1893.
No ano de 1899 inicia o curso secundário no Colégio Abílio (Rio de Janeiro), formando-se em 1907. No ano seguinte, ingressa no curso de Direito da Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, formando-se bacharel no ano de 1912. Nessa época já colaborava com a revista A Época e com o jornal “Diário de Notícias”, de Rui Barbosa.
Em 1913 vai para Paris estudar Filosofia e Sociologia. Nessa cidade faz sua estréia literária com a publicação da obra “Luz gloriosa”, que mostra uma forte influência de Charles Baudelaire e Paul Verlaine.
No ano de 1914 começa a exercer atividades diplomáticas e estabelece-se em Lisboa – Portugal. Conhece então os membros do grupo modernista desse país e, em 1915, já integrado a esse grupo, participa do lançamento da revista “Orpheu”, marco inicial do modernismo português.
De volta ao Brasil, publica, em 1919, a obra “Poemas e Sonetos” que revela um certo contato com a estética parnasiana.
A experiência de fincar o marco inicial modernismo em Portugal parece ter agradado a Ronald de Carvalho, pois em 1922 participa ativamente da SAM (Semana de Arte Moderna), marco inicial do Modernismo no Brasil.
Na noite de 15 de fevereiro, segundo dia da SAM, Ronald de Carvalho causa o maior escândalo ao declamar o poema “Os Sapos”, de autoria de Manuel Bandeira. Isso ocorre porque o poema satiriza violentamente a poesia e, sobretudo os poetas parnasianos, que são comparados a sapos coachando.
Depois da sua participação explosiva na SAM, Ronald dá novos rumos sua poesia: ainda em 1922 publica “Epigramas irônicos e sentimentais”; dois anos depois, é vez de “Toda a América”. Nesta última obra percebe-se que o poeta está sob forte influência de Walt Whitman, pois seus versos agora são amplos e com ritmo livre.
Em 1924, dirigiu a Seção dos Negócios Políticos e Diplomáticos na Europa. Durante a gestão de Félix Pacheco, esteve no México, como hóspede de honra daquele governo.
Em 1926, foi oficial de gabinete do ministro Otávio Mangabeira. Exerceu cargos diplomáticos de relevância, servindo na Embaixada de Paris, com o embaixador Sousa Dantas, por dois anos, e depois em Haia (Países Baixos).
Foi secretário da Presidência da República, cargo que ocupava quando morreu. Em concurso realizado pelo Diário de Notícias, em 1935, foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, em substituição a Coelho Neto. Colaborou, com destaque, em O Jornal. Casou com Leilah Accioly de Carvalho, com quem teve quatro filhos.
Ronaldo de Carvalho falece a 15 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro, vítima de um acidente de automóvel, ocorrido em 19 de janeiro
No campo da literatura, além de poesia, Ronald de Carvalho dedicou-se aos ensaios, à crítica literária, e aos estudos de história da literatura.
Fonte: http://www.itaucultural.org.br
14 comentários:
Furtado,
Gostei muito deste poema, esse autor expressa uma melancolia, mas de uma forma que me encanta...vou garimpar poemas dele...
Que lindo isso...
.../
Mais um dia se foi, menos uma ilusão!
Anoitece...
Tremula ainda, no poente, a luz de alguns clarões,
E, enquanto sobre o meu teu olhar adormece,
Entre o perfil sombrio e vago dos chorões,
Redonda, a lua calma e distante, aparece...
Grata por compartilhar!!
Um grande beijo e boa semana!
Reggina Moon
Gracias por visitar mi espacio.
Bello poema pero no conozco al autor.
Un saludo desde España
Apesar de nossas mágoas e desencantos, a vida continua, e a lua continuará brilhando nas noites tristes.
Abração
Prontinho,
estou de volta para matar as saudades!
Bonito poema.
Bjs.
Que beleza! Vontade de ficar na janela, fingida de estátua só para curtir a Lua.
BeijooO
A vida ao certo se modifica quando anoitece,,,tudo parece mais sensivel,,mas palpavel ao toque,,,abraços fraternos amigo e uma bela semana pra ti.
Quando scende la notte...bellissimi versi.
Sempre muita emoção por aqui, meu caro amigo.
Abraços
Lindo o anoitecer, paz.
Beijo Lisette
excelente tema. gracias por compartir.
un abrazo
Oi, querido amigo!
Vim retribuir a sua visita tão carinhosa.
Seu blog está muito lindo. E os posts maravilhosos.
Beijocas, muitas!
Oi meu amigo!
Andei um pouco afastada, pressões por causa de estudos, estou com esta seman de férias e estou aproveitando para blogar. Obrigada por sua presença lá no meu espaço, me alegra tantoooo!!! Amei o comentário sobre as bruxas e anjas. PS.: mas não se embucha fácil, hoje em dia spo se quiser rsrsrs...
Adorei o designer do seu blog, parece extamente como fala o poema, anoiteceu para mim, e hoje ao acordar encontrou muita mudança, sinal de que a vida anda correndo e muito bem por sinal.
Que sua vida seja feita e amanhecer.
Te gosto muito!
Beijinhos!!!!
Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.
Amir Klink
FELIZ DIA DO AMIGO!!ADORO-TE! M@RIA
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