FADÁRIO
O poeta, primeiro, preludia
Sons fugitivos de um viver sem dor:
Colhe sonhos gentis na fantasia;
É o doce cantor.
Ama o céu, e o mar, e a natureza,
Essa eterna epopéia do Senhor;
Ama, sem escolher, qualquer beleza;
É o doce cantor.
Ao depois, o poeta se desprende
Do formoso jardim, no qual viveu:
Sua alma agora vivo lume acende;
É o cantor do céu.
ara o amor da mulher achou estreita
A terra, em que inocente adormeceu;
Para mundos etéreos se indireta;
É o cantor do céu.
Voltou depressa, que encontrou espinhos,
Julgando achar esplêndidos troféus:
Sentou-se sobre o marco dos caminhos;
É o cantor de Deus.
E, solitário, co’olhar aflito
Fitado lá na abóbada dos céus;
E nas faces o pranto do proscrito...
É o cantor de Deus.
Franklin Dória (Barão de Loreto)
Franklin Américo de Menezes Dória (Barão de Loreto), político e poeta, nasceu na ilha dos Frades, Itaparica, BA, em 12 de julho de 1836, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de outubro de 1906. Eleito pelos trinta membros que compareceram à sessão de instalação, em 28 de janeiro de 1897, para completar o quadro de Acadêmicos, Franklin Dória é o fundador da Cadeira nº. 25, que tem como patrono o poeta Junqueira Freire, seu grande amigo.
Era filho de José Inácio de Menezes Dória e de Águeda Clementina de Menezes Dória. Formou-se em Direito na Faculdade de Recife em 1859, tendo como colegas Aristides Lobo, Gusmão Lobo e Joaquim Medeiros e Albuquerque, pai de Medeiros e Albuquerque. No mesmo ano de sua formatura, aos 23 anos, publicou "Enlevos", seu único volume de poesia, impregnado de lirismo nas descrições do cenário das belezas naturais da "ilha encantada" do poeta. Cedo abandonou o verso. E desde o aparecimento do seu primeiro livro só publicou, em poesia, a tradução de "Evangelina", de Longfellow, lida na presença do Imperador.
Dedicou-se à advocacia e à política. Como advogado, tomou a si a defesa de causas importantes, como, por exemplo, a de Pontes Visgueiro, autor de famoso crime no Maranhão. Exerceu as funções de promotor, delegado e juiz. Em 1863, foi eleito deputado provincial na Bahia. Em 1864, nomeado governador do Piauí; em 1866, governador do Maranhão, e em 1880, governador de Pernambuco. Em 1872, foi eleito para a Câmara Federal, sendo reeleito, em mandatos alternados, até 1885. Algumas de suas campanhas no Parlamento do Império a campanha pela instrução pública e a campanha pela eleição direta revelaram-no um grande parlamentar, e ocupou a presidência da Câmara.
Foi ministro da Guerra no gabinete Saraiva (1881), quando, entre outras iniciativas, fundou a Biblioteca do Exército, que perdura até hoje, e Ministro do Império no último gabinete da Monarquia, do Visconde de Ouro Preto (1889). Conselheiro do Império, recebeu o título de Barão de Loreto em 1888. Era ligado à Família Imperial, acompanhando-a no exílio. De volta ao Brasil, dedicou-se à advocacia e à literatura. Foi professor de literatura por concurso no Colégio Pedro II, com a tese Da Poesia – caracteres essenciais, diferença da prosa- qualidade da poesia. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Fonte: Academia Brasileira de Letras.
8 comentários:
Cantar, seja onde for - ofício de poeta. Boa semana, Furtado. Abraço.
como siempre bellisimo tema, gracias por compartirlo.
un abrazo
Postagem maravilhos...Ameiiiiii
[...]Passam os séculos, os homens, as repúblicas, as paixões; a história faz-se dia por dia, folha a folha; as obras humanas alteram-se, corrompem-se, modificam-se, transformam-se. Toda a superfície civilizada da terra é um vasto renascer de coisas e idéias.”
Machado de Assis
Feliz semana e Bom Dia!!!!
Precioso Poeta Amigo:
Um belo poema que comporta lições fabulosas de vida que já registei.
Tem um valor intenso e imenso.
Faz coisas admiráveis, puras e belas.
Fantástico.
Abraço forte de uma amizade que jamais esquecerei ou omitirei de mim.
Abraço forte de uma amizade sincera.
Com respeito, estima e imensa consideração pelo seu valor pessoal, social e humano.
Com admiração constante e SEMPRE!
pena
MUITO OBRIGADO pela sua visita que me maravilhou.
Bem-Haja, genial e valioso poeta amigo.
Belissimo poema,,,belissimo tema,,,,abraços amigo e uma otima semana pra ti...fique com Deus.
Isso é séculos de poesia, que belo post.
BeijooO
Ô meu amigo, que lindo, profundo e verdadeiro.
O poeta não ver o feio, coloca em tudo a beleza.
Rosas, pedras ou espinhos, faz do simples a maior grandeza.
Mergulha dentro do imo, fazendo limpeza, e nas ervas encontradas, torna-as emolientes, destreza os passos, vendo-as como alertas para mudanças. O poeta faz a leitura no aparente nada, onde encontra formosuras, que olhos cegos não vêem. Busca nas amarguras respostas várias e dar-se ao canto após cada jornada...
Franklin Dória - Poeta que eu desconhecia e só tenho a te agradecer, pelas riquezas que postas aqui, no teu tão iluminado recanto.
Feliz o mundo seria, se todos houvessem de compreender o poeta, que muitas vezes até são visto como loucos. bendito sejam esses loucos...
Grande abraço pra ti
Bjs
Livinha
Boa Noite meu anjo poeta....um poema beçíssimo e bastante verdadeiro.
"O poeta, primeiro, preludia
Sons fugitivos de um viver sem dor:
Colhe sonhos gentis na fantasia;
É o doce cantor."...Adorei!
Beijinhos de boa noite Furtado querido.
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