domingo, 30 de junho de 2013

Oh Flor da Noite/Onde o Orvalho se Perde.



OH FLOR DA NOITE/ONDE O ORVALHO SE PERDE

Oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde

teus olhos
não são estrelas
não são colibris

teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um passado se esconde

teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um futuro se forma

oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde

teus olhos
não são estrelas
não são colibris

Arlindo Barbeitos

Leia mais um belo poema e a biografia do autor aqui:

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Paisagem.


 


PAISAGEM

Dorme sob o silêncio o parque. Com descanso,

Aos haustos, aspirando o finíssimo extrato

Que evapora a verdura e que deleita o olfato,

Pelas alas sem fim das árvores avanço.


Ao fundo do pomar, entre as folhas, abstrato

Em cismas, tristemente, um alvíssimo ganso

Escorrega de manso, escorrega de manso

Pelo claro cristal do límpido regato.


Nenhuma ave sequer sobre a macia alfombra

Pousa. Tudo deserto. Aos poucos escurece

A campina, a rechã sob a noturna sombra.


E enquanto o ganso vai, abstrato em cismas, pelas

Selvas adentro entrando, a noite desce, desce...

E espalham-se no céu camândulas de estrelas...


Francisca Júlia


Leia mais um belo soneto e a biografia da autora aqui:

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Auto-Retrato.




AUTO-RETRATO

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura, 
De zelos infernais letal veneno
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage foi um poeta árcade precursor do Romantismo. Espírito aventureiro, boêmio, antimonarquista e anticatólico, foi romanticamente dominado pela ideia de sua vocação de poeta e do paralelismo de sua vida com a de Camões.
Alistou-se na marinha real e em 1786 embarcou para a Índia. Esteve em Goa, Damão e Macau. Nessa viagem, aportou no Rio de Janeiro. Em 1790, de volta a Portugal, adere à Nova Arcádia com o nome de Elmano Sadino, mas logo satiriza os companheiros e ocorre o rompimento.

Em 1797, sobretudo devido ao poema "Carta a Marília", cujo verso inicial é "Pavorosa ilusão de eternidade", recebe ordem de prisão. Após a condenação por impiedade e a estada nas masmorras do Limoeiro, nas da Inquisição, no claustro de São Bento e no convento dos oratorianos, Bocage se conforma Manuel Maria Barbosa du Bocage foi um poeta árcade precursor do Romantismo. Espírito aventureiro, boêmio, antimonarquista e anticatólico, foi romanticamente dominado pela ideia de sua vocação de poeta e do paralelismo de sua vida com a de Camões.

Alistou-se na marinha real e em 1786 embarcou para a Índia. Esteve em Goa, Damão e Macau. Nessa viagem, aportou no Rio de Janeiro. Em 1790, de volta a Portugal, adere à Nova Arcádia com o nome de Elmano Sadino, mas logo satiriza os companheiros e ocorre o rompimento.

Em 1797, sobretudo devido ao poema "Carta a Marília", cujo verso inicial é "Pavorosa ilusão de eternidade", recebe ordem de prisão. Após a condenação por impiedade e a estada nas masmorras do Limoeiro, nas da Inquisição, no claustro de São Bento e no convento dos oratorianos, Bocage se conforma às convenções morais e religiosas da época e se retrata. Leia mais aqui:


Fonte: Wikipédia.


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domingo, 23 de junho de 2013

São João da minha terra.





SÃO JOÃO DA MINHA TERRA


O São João da minha terra,
É porreta, é arretado.
Começa no pé da serra,
E se espalha no povoado.

Tem festa pra todo lado,
Tem traque, foguete e rojão.
Cachaça tem pra danado,
Tem xote, xaxado e baião.

Tem quadrilha, com casamento,
Tem padre, e até delegado.
Tem carroça puxada por jumento,
Pra carregar o casal enforcado.

Tem inhame, batata e macaxeira,
Bolo tem, de toda qualidade.
Tem milho assado na fogueira,
Pra ninguém ficar na saudade.

Tem cuscuz, tem canjica e pamonha,
Tapioca, beiju, arroz doce e munguzá.
E tudo isso é pra comer, sem vergonha,
E encher a pança até se empanturrar.

Forró tem em todo canto,
Pra quem pra lá, for brincar.
Mulher tem demais, no entanto,
É proibido, no salão se esfregar.

As mulheres de lá são fogosas,
Mas, tem umas que vivem pra rezar.
As que não casam ficam em pavorosas,
Enquanto as outras, só querem ficar.

Tem gente de toda qualidade,
Pacata, mas também arruaceira.
Quem lá chegar com maldade,
Vai pra ponta da peixeira.

Portanto, meus queridos amigos,
Não sendo um burro que emperra.
Vou relembrar os festejos antigos,
Do São João da minha terra.

R.S. Furtado

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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Primeiro Teatro de Roma.



"Teatro de Pompeu"

PRIMEIRO TEATRO DE ROMA



50 aC – É inaugurado o primeiro teatro de Roma. Denomina-se o “Teatro de Pompeu”. É constituído inteiramente de pedras. Serve para representações de comédias e tragédias.



Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 56. 

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

O vinho da Hebe.


 
O VINHO DE HEBE

Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
E ela, passando, os copos lhes enchia…

A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia…

E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa…
Passa, e não torna atrás o seu caminho.

Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho.


 Raimundo Correia

Leia mais um belo soneto e a biografia do autor clicando aqui: 

Fonte: Poesia Parnasiana -- Antologia - Edições Melhoramentos.

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http://arteemoes.blogspot.com.br/2010/01/ouro-sobre-azul.html

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Soneto.




SONETO

Monarca Augusto da ciência amante,
Quinto João em tudo preeminente,
no estilo mais que Cícero eloquente,
na observação dos Céus maior Atlante.

que elevais a Hemisfério dominante
a ordem literária, a Toga ciente,
e no Grêmio do Cetro mais potente
dais às letras lugar tão relevante.

As letras cá na terra sempre invictas
serão por vós agora sem cautelas
colocadas na Esfera a novas ditas.

Nesse papel celeste em lições belas
poreis constelações de novo escritas
luzindo os Caracteres como Estrelas.

Rocha Pita


Nasceu Sebastião da Rocha Pita na Bahia, em 3 de maio de 1660, filho de João Velho Gondin e D. Brites da Rocha Pita, irmã do Desembargador João da Rocha Pita. Estudou no Colégio dos Jesuítas da Bahia, e aos dezesseis anos cruzou o mar, formando-se em Cânones pela Universidade de Coimbra (1682). Teve patente de alferes em 1678 e atingiu o posto de coronel do regimento privilegiado de ordenanças da cidade em 1694. Senhor de engenho, cultivou cana-de-açúcar numa fazenda que tinha às margens do Paraguaçu e exerceu a vereança em Salvador, por muito tempo. Foi cavaleiro professo da Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, por alvará de 30 de maio de 1701. Faleceu em 3 de novembro de 1738.



Fonte: Poesia Barrôca Antologia, Edições Melhoramentos.

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sábado, 15 de junho de 2013

O Avarento.



O AVARENTO

O Avarento No meio de seus cofres, desvelado, 
Co'as tampas levantadas, rasas de ouro, 
Cevando a vista está no metal louro 
Dele o cioso Avarento namorado. 

Temendo que lhe venha a ser roubado, 
Emprega alma e vida em seu tesouro, 
Girando com os olhos, qual besouro, 
Zumbindo sem cessar, afervorado. 

Fechado nele está, com sete portas, 
Com temor de algum fero arrombamento 
De astutas invenções, de ideias tortas. 

Não emprega em mais nada o pensamento. 
Cega ambição de vãs riquezas mortas! 
Quão infeliz não és, louco avarento!


Francisco Joaquim Bingre

Leia mais um belo poema e a biografia do autor, aqui.

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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Acode eu Santo Antonho!



ACODE EU SANTO ANTONHO!

Hoje acordei arretada, virada cum a molesta!
Êta vida desgramada. Só pra eu nada presta!
Passei a noite toda sosinha, cum muita fome.
Mais hoje, sem farta vou cedinho lá pra festa,
Vestí a rôpinha mió, carçá a sandaia qui presta,
Pru mode vê se dá sorte, e eu arrume aigum home.

Hoje é vespra de Santo Antonho casamentêro,
Quem sabi aculá na festança, no meio do terrêro,
Ele atenda o meu sonho, arranje um home pra eu.
E acaimá mais, só um pouquinho minha vida,
Aquetá minha disprezada, surfrida e inxirida,
E mostrá qui Deus é bão, e nunca mi isqueceu.

Quem tivé a vida surfrida, iguarzinha a minha,
E quisé tombém aquetá a assanhada bixinha,
Faça comu eu, pedi baxinho, pur baxo do pano.
Aproveita qui hoje é o dia de pedí, num isquece,
Pruque num é todo dia qui o santinho aparece,
Essa xanxe demora, a genti só tem de ano e ano.

Acode eu Santo Antonho!

R.S. Furtado 

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Eva.


EVA

Surge Adão: Eva após; Deus os exorta. 
Tinham no Paraíso eterno encanto; 
Roubam O fruto, que é vedado, e entanto
Deles toda a ventura é logo morta.

A vista deles Deus já não suporta,
E envolve a face irada em rubro manto;
Cai-lhes dos olhos o primeiro pranto:
Rangeu, o Éden fechando, a brônzea porta.

Tinham lá dentro sândalos e nardos;
O anjo de Deus em fogo a espada eleva;
O Sol golpeia-os com seus áureos dardos;

Urram leões em torno, ao pé, na treva.
Eriça-lhes a terra urzes e cardos...
Mas ao seu lado... Adão inda tem

Luís Delfino

Leia mais um belo soneto e a biografia do autor clicando aqui.

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Solidão.




SOLIDÃO

Já vem bem alta, a noite fria e calma,
A lua vaga na amplidão celeste.
Nem de leve se mexe uma só palma,
O luar nevado todo o globo veste.

Solidão no viver, angústias na alma.
O tédio atroz contra meu ser inerte,
Sem um seio que afagos manifestem
Meu abrasado peito não se acalma.

Quantos lábios estão nesta hora unidos,
Comungando com beijos repetidos,
Um forte amor e sempre renovado.

Ao rigor desta minha soledade,
Como refugio abraço-me a saudade,
Volvendo as frias cinzas do passado.

R.S.Furtado

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Lei Das Doze Tábus



A LEI DAS DOZE TÁBUAS

451 – É publicado pelos decênviros, o primeiro monumento da prosa romana, denominado: A Lei das Doze Tábuas, de cuja fonte os romanos extraíram todos os princípios do seu Direito público e privado, e que se constituía do seguinte:

1º) Dos processos;
2º) Dos roubos e latrocínios;
3º) Dos empréstimos e ações dos credores contra os devedores;
4º) Dos direitos dos pais de famílias;
5º) Do modo de suceder e das tutelas;
6º) Do direito de propriedade e sucessão;
7º) Dos delitos e danos causados a outro;
8º) Da propriedade campestre;
9º) Do direito comum do povo;
10º) Dos funerais e formalidades relativas ao falecimento das pessoas;
11º) De tudo o concernente ao culto dos deuses e à religião;
12º) Dos casamentos e dos direitos dos casados.

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 26.

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