sábado, 26 de março de 2011

Guardar.


GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guarda-se o que se quer guardar.

Antônio Cícero



Antônio Cicero Correia Lima na (Rio de Janeiro, 1945) é compositor, poeta, filósofo e escritor brasileiro.

Ele é autor, entre outras coisas, dos livros de ensaios filosóficos O mundo desde o fim (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995) e Finalidades sem fim (São Paulo: Companhia das Letras, 2005), e dos livros de poemas Guardar (Rio de Janeiro: Record, 1996), A cidade e os livros (Rio de Janeiro: Record, 2002) e, em parceria com o artista plástico Luciano Figueiredo, O livro de sombras: pintura, cinema e poesia (Rio de Janeiro, + 2 Editora, 2010). Em colaboração com o poeta Eucanaã Ferraz, editou a Nova antologia poética de Vinícius de Moraes (São Paulo: Companhia das Letras, 2003) e, em colaboração com o poeta Waly Salomão, editou o livro O relativismo enquanto visão do mundo (Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994). Além de várias teses e artigos, dois livros foram escritos sobre sua obra: Do princípio às criaturas, de Noemi Jaffe (São Paulo: Capes e USP, 2008) e Antonio Cicero, de Alberto Pucheu (Rio de Janeiro: UERJ, 2010).

De1991 a 1992, Antonio Cicero coordenou, em colaboração com o poeta e professor de Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Alex Varella, os cursos de Estética e Teoria das Artes do Galpão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de janeiro.

Fonte: Wikipédia.

8 comentários:

Ira Buscacio disse...

Furtado querido,

Antônio Cícero é um dos nossos melhores poetas contemporâneo.
Boa escolha do nome e da poesia.
Um lindo fds, bj

Elaine Crespo disse...

Oi! Furtado!

Bom dia!

Adorei o poema! Tenho mania de guarda lembranças! Mas quando guardo muito tempo esqueço que ela existe!

Mas, é a vida e nossas manias.

Belo poste como sempre e sempre indicando novos poetas!

Lindo fim de semana!

Fica com as cores que trazem luz do arco-íris.

Beijos
Elaine

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Sempre se encontra uma bela aula de literatura por aqui: parabéns!
beijos!

Magia da Inês disse...

Olá, amigo!
Mais um poema para ser guardado.
Bom fim de semana!
Tudo de bom!!!
Beijinhos.
Minas°º♫♫
✿ܓܓ♫♫
°º
•*• ♫♫° ·.

Mariz disse...

Belo poema de Antonio Cícero...sempre temos algo a guardar, só precisamos saber como.

*****


http://ostra-da-poesia.blogspot.com/

Este é o blog q estou participando poeticamente com um de meus escritos, a poesia é a QUINTA e seu nome é " VERSOS PARA TE DAR", vou precisar de coments e se for possível gostaria q vc deixasse um carinho lá.

Agradeço...mil beijos e sábado lindo prá vc!

Rosane Marega disse...

Sempre lindo e esclarecedor.
Beijossssssss

Carla Fernanda disse...

Belo poema. Guardar é ficar rico também, então, nesse caso.
Quanto á falta de preconceito dos meus fantasmas, eu ainda nem tinha percebido e é mesmo. Vc tem toda a razão. Bela observação!!
Carla Fernanda

Sonia Parmigiano disse...

FURTADO,

POEMAS SÃO JÓIAS RARAS QUE DEVEM SER GUARDADOS NO CORAÇÃO DE QUEM OS LÊ...ADOREI O VERSO E CONHECER O SEU AUTOR...PARABÉNS!!

GRANDE BEIJO,

REGGINA MOON