AMPULHETA
Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…
Homem que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa…
Eugénio de Castro
Eugênio de Castro e Almeida nasceu em Coimbra no dia 4 de março de 1869. Por volta de 1889 formou-se em Letras pela Faculdade de Coimbra e mais tarde veio a lecionar nessa faculdade. Colaborou com a publicação das revistas "Os insubmissos" e "Boêmia nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês. Em 1890 entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas "Oaristos", marco inicial do Simbolismo em Portugal. Faleceu em 1944 no dia 17 de agosto.
A obra de Eugênio de Castro pode ser dividida em duas fases: Na primeira fase ou fase Simbolista, que corresponde a sua produção poética até o final do século XIX, Eugênio de Castro definiu algumas características da Escola Simbolista, como por exemplo o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.
Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
Fonte: http://www.mundocultural.com/
10 comentários:
Bom dia Rosemildo!1
A vida é uma sombra ou uma luz que passa. E a areia não para de cair ....
Lindo poema!
Carla Fernanda
Esse relogio de areia que faz o tempo parecer passar lento,,,,abraços de bom dia pra ti amigo..
Uau!!!! Aonde estive que não conhecia esse poeta?
BeijooO*
UFFFFF, IMPRESIONANTE PENSAMIENTO!!
UN ABRAZO
Lindo e profundamente reflexivo esse poema!
Amigo, paz, luz, e sucessos sempre pra ti!
Carinhos meus pra você, viu?
"Os sonhos são doces retalhos de acalanto,
Que tão bem servem para acobertar os seres,
Do amargo frio da impossibilidade...
(Velhoedu)"
Beijos
Suelzy
Olá amigo
Muitos perdem tempo com bobagens, esquecendo-se que a areia da ampulheta escorre o tempo todo.
Abração
Furtado querido, mais um belo post. A poesia de Eugénio de Castro é o desenho da luta entre o homem e o tempo.
Bj e linda semana
O tempo no esvair-se das horas que em cada grão de areia mostra, um conto que se conta, uma história...
Sigamos, pois que ela passa sem demora e nos alcança, se não fizemos a leitura nas belezas que são glórias...
Lindo, lindo.
versinho curto e profundo, retrato da vida, essa que vivemos na ligeirice sem nos darmos conta...
Adorei!!!!!
Linda noite pra ti
Bjs
Livinha
Assim é a vida, um intervalo entre dois nadas, um nada antes e um nada depois.Mas, pena uqe raras vezes nos damos conta disso.
Beijosss
Bom dia Rosemildo!
Pronto!Não reclame!(Já estive por aqui e você não notou...rsrsr..)
Ando um pouco afastada dos Blogs - até mesmo dos meus.
Minha sensibilidade anda muito aguçada e acabo por me afastar de tudo que me traz emoções...e a poesia é algo assim..que, às vezes, me arrepia.
Aqui, me deparei com essa ampulheta e não foi por acaso. O tempo é mesmo um grão de areia...escorre pelos dedos...é preciso saber domá-lo.
Ótima escolha!
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