MOCIDADE E MORTE
Solevantado o corpo, os olhos fitos,
As magras mãos cruzadas sobre o peito,
Vede-o, tão moço, velador de angústias,
Pela alta noite em solitário leito.
Por essas faces pálidas, cavadas,
Olhai, em fio as lágrimas deslizam;
E com o pulso, que apressado bate,
Do coração os restos harmonizam.
É que nas veias lhe circula a febre:
É que a fronte lhe alaga o suor frio;
É que lá dentro à dor, que o vai roendo,
Responde horrível íntimo cicio.
Encostando na mão o rosto aceso,
Fitou os olhos húmidos de pranto
Na lâmpada mortal ali pendente,
E lá consigo modulou um canto.
É um hino de amor e de esperança?
É oração de angústia e de saudade?
Resignado na dor, saúda a morte,
Ou vibra aos céus blasfémia d'impiedade?
É isso tudo, tumultuando incerto
No delírio febril daquela mente,
Que, balouçada à borda do sepulcro,
Volve após si a vista longamente.
É a poesia a murmurar-lhe na alma
Última nota de quebrada lira;
É o gemido do tombar do cedro;
É triste adeus do trovador que expira.
Alexandre Herculano.
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa no ano de 1810. Sua vida foi marcada por lutas políticas e pela reconstrução literária da história de Portugal. Um dos mais importantes romancistas do século XIX, suas obras são de cunho romântico e vão desde a poesia ao drama e ao romance. É um dos grandes escritores de sua geração, desenvolvendo o tema romântico por excelência: a incompatibilidade do indivíduo com o meio social.
Devido ao seu envolvimento na Revolta do 4 de Infantaria, é obrigado a emigrar para Inglaterra, em 1831. No ano seguinte, tendo retornado a Portugal, Herculano começa a trabalhar na Biblioteca Pública do Porto, como segundo bibliotecário. Em 1839, é nomeado diretor das bibliotecas reais das Necessidades e da Ajuda. No ano de 1853, o romancista funda o Partido Progressista Histórico. Quatro anos depois, manifesta sua discordância em relação à Concordata de Roma, que restringia os direitos do padroado português na Índia.
Em 1859, adquire a quinta de Vale de Lobos, perto de Santarém, onde, embora retirado, continua a receber correspondência e muitas personalidades ligadas à cultura e ao poder. No ano seguinte, participa na redação do primeiro Código Civil português.
Em1866, casa-se com uma senhora por quem era apaixonado desde a juventude. Morre em 1877, rodeado de enorme prestígio, traduzido numa manifestação nacional de luto organizada pelo escritor João de Deus.
Poesia
A Voz do Profeta (prosa poética) - 1836
Harpa do Crente - 1837
Romance e narrativas
O Bobo - 1843
Lendas e Narrativas I e II -1839 e 1844
Eurico, o Presbítero -1844
O Pároco da Aldeia - 1844
O Monge de Cister - 1848
História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal - 1850
História de Portugal I, II, III e IV - 1846 e 1853
Teatro
O Fronteiro de África - 1838
Os Infantes em Ceuta - 1842
Fonte: cultura.portaldomovimento.com
13 comentários:
Hoje é dia de Festa em nosso blog!
Não deixe de participar.
Você é nossa convidada especial!
Um abraço carinhoso
Lindo e profundo poema de Herculano! abração,lindo dia e FDS.chica
Belissimo e muito profundo,,,abraços e um otimo final de semana na paz de Deus.
Meu querido amigo
Lindo como sempre, adoro passar e ler sempre belos poemas.
beijinhos
Sonhadora
Tem selinho prá voce aki no Poesia
Beijos e Bom FDS!
Que maravilha!
Viver é sempre aprender!
bj
Oi amigo, achei esses versos um pouco lutuoso.
BeijooO'
Olá meu amigo, como é gratificante adentrar neste seu espaço e ler um bom poeta, assim vamos conhecendo
os grandes nomes da poesia.
Agradeço sua visita,
saudosamente
aqui de New York,
Efigênia Coutinho
Amigo
Um beijinhopara ti
Wanderley
O futebol também faz parte da vida.
eu amo o futebol
Um beijo
O MUNDO
Lá fora com sol e calor
As crianças bricam no jardim
Desprendidas e alegres
Jogam à bola, fazem corridas...
Rasgam calças e a jogar...
Fazem os seus primeiros arranhões
Que vão para casa curar...
Com o beijo carinhoso dos pais...
E vão... crescendo e vão vendo
Que cada dia se magoam mais
E andando e sofrendo
Vão compreender que não são mais meninos...
E como era bom ser menino
E como era bom ser criança
Agora já adultos e com amargura
É que sentem o peso que a vida lhes deu...
Vida de homens egoístas
Que para tudo terem tentam sugar...
Mundo, que muitas vezes é cão
Mas que nós temos que saber mudar...
LILI LARANJO
Ai meu amigo, me desculpe mas apesar da riqueza poética, achei muito tétrico esse poema.
Um ótimo fim de semana para você
Um abraço
To passando...to passando... e deixando
Beijinhos e BOM FDS! M@ria
paralelos infinitos.
un abrazo
Furtado...
Nada mais natural do que o ciclo, Vida & Morte...gostei muito do Poema, mesmo sendo um tanto pesado, mas afinal, ficou o seu modo de se eternizar...e vc tb o fez com sua postagem, lançando seu verso no tempo...
Parabéns!!
Beijos e um ótimo Final de Semana!!
Reggina Moon
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