CÂNTICO DOS CÂNTICOS
Imagina um sorriso só de criança,
Todo candura, e junta-lhe a meiguice
De um sorriso de mãe; e tens ideado
O sorriso de Alice.
Imagina um olhar - mistério e sonho,
Cheio de luz, de glória, de doidice...
Com a sedução dos olhos da mãe d’água:
E tens o olhar de Alice.
Imagina uma grave melodia,
Tão doce como nunca mais se ouvisse,
Como nunca se ouviu na terra ainda,
E tens a voz de Alice.
Já viste como o cisne fende o lago?
Como desliza a névoa na planície?
Como anda na clareira a pomba rola?
É ver o andar de Alice.
Olha o macio pétalo corado
De rosa que de todo não abrisse.
O mimo da conchinha nacarada
É a boca de Alice.
Se um dia visses no alcantil dos cerros
A imaculada neve que caísse,
Verias, ai de mim! do que é formado
O coração de Alice.
Lúcio de Mendonça.
Lúcio Eugênio de Meneses e Vasconcelos Drummond Furtado de Mendonça, advogado, jornalista, magistrado, contista e poeta, nasceu em Piraí, RJ, em 10 de março de 1854, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 23 de novembro de 1909. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras. Ao escolher o poeta Fagundes Varela como patrono, coube-lhe a Cadeira nº. 11.
Era o sexto filho de Salvador Furtado de Mendonça e de Amália de Menezes Drummond. Órfão de pai aos cinco anos, e sua mãe tendo contraído segundas núpcias, Lúcio foi criado em São Gonçalo de Sapucaí, MG, em casa de parentes. Nunca teve professor de primeiras letras. Aprendeu a ler e escrever ligando os sons e caracteres gráficos através de leituras de jornais. Aos 16 anos matriculou-se no Colégio Pimentel, em São Gonçalo. A chamado de seu irmão Salvador de Mendonça, partiu para São Paulo, ingressando, em 1871, na Faculdade de Direito. A esse tempo, iniciou as suas atividades poéticas e literárias, escrevendo um caderno de versos, "Risos e lágrimas", e publicando trabalhos em O Ipiranga, jornal dirigido por Salvador de Mendonça. Lá tomou parte num movimento de protesto dos estudantes contra os professores da Faculdade e foi suspenso por dois anos. Passou esse período no Rio. Entrou para a redação de A República, convivendo com Quintino Bocaiúva, Joaquim Serra, Salvador de Mendonça, Francisco Otaviano, Machado de Assis, Joaquim Nabuco, e outros. Em 72, publicou, com prefácio de Machado de Assis, o livro de estréia, "Névoas matutinas".
Em 1873, estava de novo em São Paulo, novamente matriculado na Faculdade de Direito. Publicou seu segundo livro, "Alvoradas", e entrou para a redação do jornal Província de São Paulo, colaborando também com A República, órgão do Clube Republicano Acadêmico, que ele dirigiu em 1877. Após a colação de grau, em 1878, regressou ao Rio. Foi para São Gonçalo de Sapucaí. Em 1880, casou-se com D. Marieta, filha do solicitador João Batista Pinto. Com a nomeação de delegado da Inspetoria Geral da Instrução Pública da Província de Minas no Distrito de São Gonçalo. Foi eleito vereador da Câmara de São Gonçalo, exercendo a vereança até 1885.
Mesmo depois de ministro do Supremo, Lúcio não deixou o jornalismo, e, sob o pseudônimo de Juvenal Gavarni, publicou, na Gazeta de Notícias, uma série de sátiras políticas, em que, com fino humorismo, focalizou as personalidades de Prudente de Morais, José do Patrocínio, Quintino Bocaiúva, Afonso Celso, Medeiros e Albuquerque, e outros.
Na terceira fase da Revista Brasileira, dirigida por José Veríssimo, Lúcio passou a ser um dos freqüentadores da redação. Ali se congregavam, em torno de Machado de Assis e de Joaquim Nabuco, os principais representantes da literatura brasileira no momento. Foi então que lhe nasceu o sonho de criar a Academia Brasileira de Letras, da qual ele é, por depoimento unânime dos criadores da Instituição, o verdadeiro fundador, o "Pai da Academia".
Fez parte das primeiras comissões da Instituição: nomeado com Olavo Bilac, Visconde de Taunay, Rodrigo Octavio e Pedro Rabelo para organizar o Regimento Interno (1897); nomeado com Visconde de Taunai, Filinto de Almeida e Pedro Rabelo para organizar o projeto sobre distintivo acadêmico (1897); integrante da comissão de Bibliografia (1897) e da comissão especial para estudar as propostas de sócios correspondentes, juntamente com Graça Aranha e Valentim Magalhães (1898).
No Supremo Tribunal Federal teve atuação destacada defendendo com vigor os seus pontos de vista. Em 1901, foi nomeado Procurador Geral da República. Em 1904, foi-lhe concedida licença para tratar da saúde. Ia perdendo a vista, doença que também atingiu a seu irmão Salvador de Mendonça. Em 26 de outubro de 1907, aposentou-se, a esforços de seus amigos, pois não lhe era mais possível trabalhar. Viajou para a Europa, indo à Itália e à Alemanha, a fim de obter cura para sua enfermidade. Passou o ano de 1909 na sua chácara da Gávea, ao lado de Salvador de Mendonça, vindo a falecer em 23 de novembro.
Fonte: Academia Brasileira de Letras.
10 comentários:
Furtado,
Que maravilha vir aqui...sempre encontro poemas lindos...adorei e salvei pra mim!!!
Parabéns!!!
Um beijo e ótimo Domingo meu amigo!
Reggina Moon
“Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga”.
Cecília Meireles
Te desejo um Domingo de amor e paz!Beijos mil!
oi Rosemildo,
olha, meu amigo,
eu sou sumido,
às vezes meio,
às vezes por completo,
contudo, nos todavias
dessa vida corrida,
não esqueço
que nas avenidas
e nas esquinas
sempre encontrei amigos
que continuam brotando
feito rosa nos jardins
a dissiparem seus encantos
vida a fora.
Amigo, um forte abraço e felicidades mil
Sérgio, beija-flor-poeta
Furtado,
Passando para te desejar uma ótima semana, repleta de paz e harmonia.
Beijos querido,
Reggina Moon
Retire em meu Blog Verso & Prosa o selinho "Prêmio Blog de Ouro", que estará em destaque essa semana...
Além dos lindo poemas que tanto gosto de ler... continuo vindo aqui por gosto de apreender e também por que a saudade do amigo bate a porta e preciso atender.
Otimo final de domingo para vc.
CÂNTICO DOS CÂNTICOS
simplesmente maravilhoso amigo.
Obrigada por partilhar tão lindo texto, álias , como todos que tem postado.Amo passar por aki.
Feliz semana e beijos meus! M@ria
Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...
Mário Quintana
Amor e Paz na sua semana! Beijos!!
Boa noite meu amigo.
Eu volteiiiiiiiiiiiiiiiiii.
Já estava roxa de saudades.
Eu volto com mais tempo ok,é q estou visitando os amigos,são muitos os blogs para visitar amado.
Um beijo grannde e uma linda noite.
… venho deixar um mimo: “recorto pedaços de ti para me construir a mim”
Uma bela semana pra ti querido amigo.
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