AO ILUSTRÍSSIMO E EXCELENTÍSSIMO SENHOR CONDE DE OEIRAS
SONETO
Ergue de jaspe um globo alvo e rotundo,
E em cima a estátua de um Herói perfeito;
Mas não lhe lavres nome em campo estreito,
Que o seu nome enche a terra e o mar profundo.
Mostra na jaspe, artífice facundo,
Em muda história tanto ilustre feito,
Paz, Justiça, Abundância e firme peito,
Isto nos basta a nós e ao nosso mundo.
Mas porque pode em século futuro,
Peregrino, que o mar de nós afasta,
Duvidar quem anima o jaspe duro,
Mostra-lhe mais Lisboa rica e vasta,
E o Comércio, e em lugar remoto e escuro,
Chorando a Hipocrisia. Isto lhe basta.
Basílio da Gama.
José Basílio da Gama nasceu em 1741, na cidade de São José do Rio das Mortes, atual Tiradentes, Minas Gerais. Teve formação jesuíta, chegando a noviço. Mudando-se para Portugal, acabou preso sob a acusação de ligação política com os jesuítas, recentemente expulsos do território português, na crise Pombalina. Condenado ao degredo, ficou em Angola durante algum tempo, mas, graças a um epitalâmio (= poema nupcial) escrito em homenagem à filha do marquês de Pombal, livrou-se do exílio. Retornou a Portugal e recompôs sua vida, no que foi ajudado por autoridades simpáticas ao Ministro. Escreveu muitos poemas de bajulação ao Marquês, dedicando-lhe sua obra-prima O Uraguay. Morreu em Lisboa, no ano de 1795. Seu pseudônimo de pastor era Termindo Sipílio.
Basílio da Gama deixou uma coletânea lírica, Lenitivo da Saudade, mas sua obra máxima é o poema épico O Uraguay. Esse poema foi baseado no conflito gerado pelo Tratado de Madri (1750), que interferia no trabalho desenvolvido pelos jesuítas com os índios, nos chamados Sete Povos das Missões. A guerra opôs tropas portuguesas e espanholas a jesuítas e índios. No poema, o autor posiciona-se favoravelmente ao marquês de Pombal e aos portugueses, caracterizando os jesuítas como os vilões da história.
José Basílio da Gama escreveu um poema de qualidade em que, além de cenas muito bem estruturadas, faz detalhadas e exuberantes descrições da natureza brasileira. Expressa um delicado lirismo, além de se dar ao luxo de escapar da quase inevitável influência de Os Lusíadas, feito conseguido por poucos nos séculos XVII e XVIII.
Quanto à estrutura técnica, o poema tem cinco cantos, versos decassílabos sem esquema rimático (brancos) e sem estrofação, obedecendo à tradição épica das cinco partes (proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo), mas sem seguir essa seqüência. Misturam-se personagens fictícios com outros que efetivamente viveram o fato histórico, como: Sepé, Padre Balda, Gomes Freire e mais alguns. Evitou-se a descrição da natureza. Basílio da Gama é também considerado um pré-romântico, a exemplo de Bocage e Tomás Antônio Gonzaga.
Fonte: www.profabeatriz.hpg.ig.com.br
7 comentários:
A hipocrisia esteve e está presente nas relações até hoje...Lindo soneto!abração,tudo de bom,chica
Olá Rosemildo
Mais um poema clássico para nos encantar e aumentar o nosso conhecimento.
Um abraço
Lembranças nostálgicas do companheirismo de outrora.
BeijooO'
Belissimo post amigo,,,abraços e uma bela tarde pra ti,,,,fica com Deus.
Que bom ter vc de volta!
bjs.
És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.
Cecilia Meireles
Beijos de coração prá coração!! M@ria
Vir aqui é adquirir cultura. Lindo poema e a história do Basílio.Desde aquele tempo a hipocresia já incomodava.Adorei! Montão de bjs e abraços
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