sábado, 22 de junho de 2019

São João da minha Terra.

SÃO JOÃO DA MINHA TERRA

O São João da minha terra,
É porreta, é arretado.
Começa no pé da serra,
E se espalha no povoado.

Tem festa pra todo lado,
Tem traque, foguete e rojão.
Cachaça tem pra danado,
Tem xote, xaxado e baião.

Tem quadrilha, com casamento,
Tem padre, e até delegado.
Tem carroça puxada por jumento,
Pra carregar o casal enforcado.

Tem inhame, batata e macaxeira,
Bolo tem, de toda qualidade.
Tem milho assado na fogueira,
Pra ninguém ficar na saudade.

Tem cuscuz, tem canjica e pamonha,
Tapioca, beijú, arroz doce e mungunzá., Xaxado
E tudo isso é pra comer, sem vergonha,
E encher a pança até se empanturrar.

Forró tem em todo canto,
Pra quem pra lá, for brincar.
Mulher tem demais, no entanto,
É proibido, no salão se esfregar.

As mulheres de lá são fogosas,
Mas, tem umas que vivem pra rezar.
As que não casam ficam em pavorosas,
Enquanto as outras, só querem ficar.

Tem gente de toda qualidade,
Pacata, mas também arruaceira.
Quem lá chegar com maldade,
Vai pra ponta da peixeira.

Portanto, meus queridos amigos,
Não sendo um burro que emperra.
Vou relembrar os festejos antigos,
Do São João da minha terra.

R.S. Furtado
   Reedição 

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Significância.


SIGNIFICÂNCIA

Lembre-se! É da sua forma de proceder em vida que depende a sua significância pós morte.

R.S. Furtado


segunda-feira, 10 de junho de 2019

Acode eu Santo Antonho!


ACODE EU SANTO ANTONHO!

Hoje acordei arretada, virada cum a molesta!
Êta vida desgramada. Só pra eu nada presta!
Passei a noite toda sozinha, cum muita fome.
Mais hoje, sem farta vou cedinho lá pra festa,
Vesti a rôpinha mió, carçá a sandaia qui presta,
Pru mode vê se dá sorte, e eu arrume aigum home.

Hoje é vespra de Santo Antonho casamentêro,
Quem sabi aculá na festança, no meio do terrêro,
Ele atenda o meu sonho, arranje um home pra eu.
E acaimá mais, só um pouquinho minha vida,
Aquetá minha disprezada, surfrida e inxirida,
E mostrá qui Deus é bão, e nunca mi isqueceu.

Quem tivé a vida surfrida, iguarzinha a minha,
E quisé tombém aquetá a assanhada bixinha,
Faça comu eu, pedi baxinho, pur baxo do pano.
Aproveita qui hoje é o dia de pedí, num isquece,
Pruque num é todo dia qui o santinho aparece,
Essa xanxe demora, a genti só tem de ano e ano.

Acode eu Santo Antonho!

R.S. Furtado


segunda-feira, 3 de junho de 2019

Amarga desilusão.


AMARGA DESILUSÃO

Esta tua ausência que em mim tanto dói,
Que impõe e me leva à ingrata solidão.
Maltrata, machuca, e aos poucos corrói,
O pouco que resta do meu pobre coração.

Esta tua indiferença que nada constrói,
Só aumenta a angústia e alimenta a aflição.
E ao passar do tempo, lentamente destrói,
O mais puro amor e uma grande paixão.

Já não mais sou a mesma, viver já não sei,
A vida pra mim já não tem mais fundamento.
Vagueio nas lembranças do tempo que passei.
E alimento-me do mais cruel sofrimento.

Até quando não sei, seguirei resistindo,
Neste mundo carrasco e sem compaixão.
Pois sem ter a ti, aos poucos vou partindo,
E na bagagem levando a amarga desilusão.

R.S. Furtado.