AMOR-PRÓPRIO
Arfa-lhe
o seio, o coração lhe bate,
Ferve-lhe
o peito num desejo ardente...
Ella,
contudo, finge estar contente,
Velando
a custo o intimo combate.
Que
se estortegue em ânsias, que se mate
De
aceradas paixões interiormente...
Forçoso
é rir, com a lágrima latente,
Lutar
com a tentação, que n'alma embate.
Querem
falar os lábios, mas não falam;
Querem
gritar as dores, mas se calam,
De
austera voz ao mando soberano.
Padeça
o amor, sublime de ternuras;
Que
esse amor-próprio, origem de torturas,
Bárbaro
sendo, infelizmente é humano.
Xavier
Marques
Segundo
ocupante da Cadeira 28, eleito em 24 de julho de 1919, na sucessão
de Inglês de Sousa e recebido pelo Acadêmico Goulart de Andrade em
17 de setembro de 1920.
Xavier Marques (Francisco X. Ferreira M.), jornalista, político,
romancista, poeta e ensaísta, nasceu na ilha de Itaparica, BA, em 3
de dezembro de 1861, e faleceu em Salvador, BA, em 30 de outubro de
1942.
Iniciou os primeiros estudos em sua cidade natal. Cedo se transferiu
para a cidade de Salvador, matriculando-se no colégio do cônego
Francisco Bernardino de Souza. Na capital baiana dedicou-se ao
jornalismo, atividade que só interrompeu durante o segundo dos seus
mandatos... Leia mais aqui:
6 comentários:
Um poema de grande beleza.
A vida é um combate.
Se queremos vencer
Haveremos de lutar
Sem nunca esquecer
Que o amor nos fará viver
Lindo poema e o amor próprio é humano, precisamos dele até para fazer com que nos respeitem! abração praiano,tuuuudo de bom,chica
Não consigo não vir aqui. Mais um lindo soneto de questionamento de algo extremamente humano.
Abraço,
Renata
Amor próprio, poema...
quem assim escreve com imaginação
quando verdadeiro contenta
e não magoa o coração!
Amor esse que não apoquenta,
esse amor que tanto satisfaz
acompanhado ele venha
de alegria, carinho e paz!
Resto de bom domingo, um abraço.
Muito belo , e mais um poeta do qual nunca tinha ouvido falar.
O amor próprio é condição primeira para que possamos amar os outros, e não ser deles escravos.
Gostei muito.
xx
Não sei se me vou repetir: recolhes o MELHOR que há na Poesia. Este Soneto prova isso.
Parabéns.
Abraços
SOL
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