segunda-feira, 14 de julho de 2014

A lancha negra.

 

A LANCHA NEGRA


Para velar da luz a face refulgente
Nuvens pesadas vão correndo acumuladas,
E, na treva do oceano, as vagas compassadas
Passam, uma por uma, interminavelmente.

Mais do que a sombra, escura, avulta de repente
A lancha negra, vem… dos remos as pancadas
Ferem o mar, que chora, em gotas prateadas
As lágrimas sem fim, da sua dor pungente.

Eil-a a meus pés, a lancha, e nella, silenciosa,
Embarca a doce e branca imagem de outra idade!
E vejo-a ir… sumir-se… a lancha mysteriosa!…

Então, dentro de mim, num soluço, a saudade
Murmura, a perscrutar a sombra tenebrosa:
Nunca mais voltarás, nunca mais! Mocidade.

Em: A Faceira, ano 1, n. 4, nov. 1911.

Adelina Lopes Vieira
 

Leia mais um belo soneto e a biografia da autora aqui: 

12 comentários:

chica disse...

Sensacional!! Linda poesia, tema bem abordado nela.Adorei! abração,chica

Lua Singular disse...

Oi amigo,
Linda poesia, bem estruturada com lindas metáforas que encantam a alma e nos faz sonhar.
Beijos
Lua Singular

Anne Lieri disse...

Furtado, triste mas muito linda essa poesia cheia de saudade!Adorei conhecer a autora! Abraços e boa semana,

Edum@nes disse...

A lancha negra no mar,
no céu a nuvem escura
o trabalhador a lavrar
a terra com a charrua,

Para as sementes semear,
depois delas o trigo colher
em farinha o transformar
no moinho o trigo moer.

Da lancha negra um poema,
amigo Furtado bem o soube escrever
não com lágrimas de pena
sem elas nos olhos o estive a ler!

Um abraço.

Maria Rodrigues disse...

Um poema nostálgico e belo.
Sim, a mocidade é só uma etapa da nossa vida.
Meu amigo pode copiar o que quiser do meu blogue, texto ou imagens.
Um beijinho
Maria

Graça Pereira disse...

Maravilhoso poema...Não sei se é mais triste dizer adeus a um amor ou à mocidade da vida...
Demoro a dar a volta aos meus amigos mas, chego sempre!
Um abraço e uma feliz semana
Graça

SOL da Esteva disse...

A maravilha da Poesia, é transformar sentimentos em palavras.
Belíssimo


Abraços


SOL

RENATA CORDEIRO disse...

Maravilhoso soneto. Sim, a mocidade passa, mas fica a sabedoria.
Um abraço,
Renata

Bell disse...

O passado a gente não pode mudar, mas podemos mudar o presente =)

AdolfO ReltiH disse...

UN TEXTO MUY NOSTÁLGICO Y DE SENTIMIENTOS.
UN ABRAZO

Lua Singular disse...

Oi amigo,
Às vezes precisamos mudar algumas coisas e eu estou precisando de um tempo para refletir a vida.
Obrigada pelos carinhos
Lua Singular

Clau disse...

Boa noite Furtado :)
Poema sofisticado, bonito e com analogias bem interessantes.
Gostei!
Bjs!