LOUCURA VERDE
Nas longas noites em
que eu me enveneno,
cigarro a espiralar
sobre cigarro,
traz-me a saudade o teu
perfil bizarro,
que eu não sei mais se
é louro ou se é moreno.
Não é bem um perfil,
mas um pequeno
alvoroço de névoas,
um desgarro,
de linhas onde,
surpreendido , esbarro
com o teu olhar a me
sorrir, sereno...
Depois teu vulto se
dilui aos poucos,
mas teus olhos heris,
como os dos loucos,
ficam parados, mortos,
ante os meus.
– Verdes, curvos
cristais, por onde eu vejo
monstros verdes
passando num cortejo,
sob um sol verde como
os olhos teus.
Afonso Schmidt
Nascido
em Cubatão (São Paulo), em 29 de junho de 1890, estudou no Grupo
Escolar do Oriente, na Capital. Em 1907 viajou para a Europa só com
a roupa do corpo; depois de ter estado em Lisboa, chegou a passar
fome em Paris. Voltaria ao Velho Mundo em 1913, desembarcando em
Gênova e regressando ao Brasil por Marselha. O livro de estreia de
Schmidt, um simples folheto, Lírios Roxos, saiu quando o poeta nem
tinha 15 anos. Num só ano, o escritor obteve 3 prêmios da Academia
Brasileira. Pertenceu à Academia Paulista de Letras e foi presidente
da U.B.E. De São Paulo. Faleceu em São Paulo, em 3 de abril de
1964.
Fonte: Poesia
Parnasiana – Antologia. Edições Melhoramentos – 1967.
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3 comentários:
Poesia linda e forte, intensa! O autor bem inspirado! abração,chica
Rosemildo
Loucura Verde, é bem escrito demais. Ser divulgado é mérito a indiciar sensibilidade tua.
Abraço
Un poema intenso y de fuertes sentimientos, excelentes letras!
Me gustó mucho la elección, te dejo un fuerte abrazo, bella jornada!
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