NA FAZENDA
Dorme ainda a fazenda: ao longo da varanda
Repousa o boiadeiro em couros estendidos;
Desponta no horizonte aurora froixa e branda,
No meio do terreiro o cão solta ganidos!
Mas nisso de repente escutam-se alaridos,
Dum sino que desperta estruge a voz nefanda;
Começam a soar conversas e balidos
E a ordem de rigor que rude aos negros manda!
Chegou o começar das lides e trabalhos,
Ressoam do feitor os brados e os ralhos:
A boiada desfila à porta do curral.
Os pretos esfregando os olhos sonolentos
Levando samburás lá vão a passos lentos
Da porta da senzala ao denso cafezal!
Afonso Celso.
Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior nasceu em Ouro Preto, em 31 de março de 1860. Seguiu a Faculdade de Direito de São Paulo, onde colou grau de doutor em 1881. Foi deputado ainda no império: filho do Visconde de Ouro Preto, era republicano a essa altura. Exerceu a advocacia e o magistério (professor da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro). Católico influente, recebeu o título de Conde Romano em 1905. Fundador da Academia Brasileira de Letras, faleceu no Rio de Janeiro em 11 de junho de 1938.
Fonte: “Poesia Parnasiana” Antologia – Edições Melhoramentos – 1967.
5 comentários:
Olá amigo
Esse poema me levou ao interior, não no tempo da escravidão, mas na fazenda do meu avô onde brincava e era feliz.
Grande abraço
un escrito de mucha calidad.
un abrazo
A escravatura já lá vai......ou não????
Abraço
LINDO poema...
Com foi no teu blog o problema com o BLOGGER?
Também perdeste comentários e postagem? abraços,lindo fds,chica
Menino até que enfim posso te visitar. Nada como um dia depois do outro amigo.
Belo poema!
Carla
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