FAMÍLIA VENDE TUDO
família vende tudo
um avó com milito uso
um limoeiro
um cachorro cego de um olho
família vende tudo
por bem pouco dinheiro
um sofá de três lugares
três molduras circulares
família vende tudo
um pai engravatado
depois desempregado
e uma mãe cada. vez mais gorda
do seu lado
família vende tudo
um número de telefone
tantas vezes cortado
um carrinho de supermercado
família vende tudo
uma empregada batista
uma prima surrealista
uma ascendência italiana &; golpista
família vende tudo
trinta carcaças de peru (do natal)
e a fitinha que amarraram no pé do júnior
no hospital
família vende tudo
as crianças se formaram
o pai faliu
deve grana para o banco do brasil
vai ser uma grande desova
a casa era do avó
mas o avó tá com o pé na cova
família vende tudo
então já vi
no fim da quinhentos contos
pra cada um
o júnior vai reformar a piscina
o pai vai abrir um negocio escuso
e pagar a vila alpina
pro seu pai com muito uso
família vende tudo
preços abaixo do mercado
Angélica Freitas
Angélica Freitas é uma poetisa e tradutora brasileira, nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 8 de abril de 1973. Formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), residindo alguns anos em Porto Alegre. Mudou-se mais tarde para São Paulo, onde trabalhou como repórter para o jornal O Estado de São Paulo e a revista Informática Hoje. Deixou a capital paulista em 2006, iniciando uma série de passagens e residências temporárias em países como a Holanda a Bolívia e a Argentina. Atualmente, a poeta vive e trabalha em Pelotas, Brasil.
Fonte: Wikipédia.
9 comentários:
E o que sobra, diga lá meu grande amigo?
talvez as sobras que com certeza família vende tudo...
Acabou-se então a família...
Interessante poesia.
O que será que tinha na cabeça da Angelica Freitas...
Feliz fim de semana
Bjs
Livinha
Paulo Francisco: linda poesia. Um retrato da desintegração numa suavidade poética que toca-nos visceralmente... a família se vende e se descobre já liquidada.
abraços comc arinho, jorge bichuetti
www.jorgebichuetti.blogspot.com
Adorei a postagem...Maravilha...A foto foi feita para o poema,. Ou o poema foi ao leilão...
Abraço
Que encanto essa poesia, e caso ainda não tenha sido vendido; eu fico com o Limoeiro!
Que legal isso!Adorei e essa gaúcha escreve muito bem! abração,chica
Muito criativo e original o poema. Adorei.
Tenha uma ótimo sábado.
Grande abraço
Aff... Eu que me cuide se a moda pega meus filhos me colocam à venda...
Beijsos Confessos... Adorei!
Parabéns pela transcrição do belo poema 'familia vende'.
Muito bom seu blog
abraço
Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog rosa solidão. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs
Narroterapia:
Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.
Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
Abraços
http://narroterapia.blogspot.com/
Postar um comentário