SONETO À LIBERDADE
Primeiro tu virás, depois a tarde
com terras, mares, algas, vento, peixes.
trarás, no ventre, a marca das idades
e a inquietude dos pássaros libertos.
virás para o enorme do silêncio
— flor boiando na órbita das águas —
tu não verás o fúnebre das horas
nem o canto final do sol poente.
primeiro tu virás, depois a tarde
sem desejos e amor. virás sozinha
como o nome saudade. virás única.
eu não terei a posse do teu corpo
nem me batizarei na tua essência,
mas tu virás primeiro e eu morro livre.
Manuel Lopes
Manuel António dos Santos Lopes nasceu a 23 de Dezembro de 1907 na ilha de S. Vicente. Estudou no Colégio de S. Pedro e na Escola Comercial em Coimbra. Regressou a Cabo Verde e empregou-se como telegrafista, primeiro na Italcable e, com o fecho desta companhia devido à II Guerra Mundial, passou a tesoureiro da Câmara Municipal de S. Vicente, depois empregou-se de novo como telegrafista na Western Telegraph, primeiro na ilha de S. Vicente, depois (1944) na cidade da Horta, ilha do Faial nos Açores, e por último em 1956, foi transferido para os escritórios de Carcavelos, Cascais, Portugal, onde se reformou e passou a viver. Possuí condecorações portuguesas e cabo-verdianas.
Fonte: http://manuel-lopes.blogs.sapo.cv/290.html
5 comentários:
"(..)Virás sozinha como o nome saudade (...) Inquietude dod pássaros libertos (...)" lindos esses versos.
A liberddade da uma inquietude e um certo medo mesmo.
Beijos de bom sábado!!
Olá Rosemildo
Liberdade é fundamental à vida. Liberdade para amar, para sonhar , para viver.
Grande abraço
Liberdade sempre meu amigo,,,precisamos dela...abraços de bom sabado pra ti.
Rosemildo, o que me encanta em seu blog é a variedade de poetas que ficamos conhecendo; não só seus poemas, mas um pouquinho de suas vidas.
bjs
Tais Luso
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