O TORSO ARCAICO DE APOLO
Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam. Mas
Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado
Detém-se e brilha. Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.
De outro modo erger-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.
E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela. Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.
(Tradução: Paulo Quintela)
Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke, nasceu em Praga, na República Tcheca, no dia 04 de dezembro de 1875, e faleceu em Velmont, na Suíça, no dia 29 de dezembro de 1926. Foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.
Rilke fez seus estudos nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Em 1894 fez sua primeira publicação, uma coleção de versos de amor, intitulados Vida e canções (Leben und Lieder). Não exerceu nenhuma profissão, tendo vivido, sempre, à custa de amigas nobres.
Alguns anos depois, em 1899, Rilke viajou para a Rússia a convite de Lou Andreas-Salomé, a escritora e depois psicanalista, filha de um general russo, e que foi sua amante por longos anos. Sua passagem pela Rússia imprimiu uma inspiração religiosa em seus poemas. Rilke passou a enxergar a natureza, dada as dimensões e exuberância das paisagens russas, como manifestação divina presente em todas as coisas. Sobre este aspecto publicou em 1900 a coleção Histórias do bom Deus.
Em 1901 casou com Clara Westhoff, da qual logo se separou. O século XX trouxe para a poesia de Rilke um afastamento do lirismo e dos simbolistas franceses com os quais ele se identificara. Em 1905, publicou O Livro das Horas de grande repercussão à época. Nesta obra, seus poemas já apresentavam um estilo concreto, bem característico desta sua fase.
Em 1902 foi para Paris, onde trabalhou como secretário do escultor Auguste Rodin entre 1905 a 1906. Rodin exerceu grande influência sobre o poema de Rilke, que se reflete em suas publicações de 1907 a 1908.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, Rilke morava em Munique e lá permaneceu durante todo o conflito. Antes de se mudar para Munique, ele viveu na região do Trieste e publicou, em 1913, a A vida de Maria (Das Merien Leben) e iniciou a redação de Elegias de Duíno (Duineser Elegien), texto que só viria a ser publicado em 1923. Duíno era um castelo na região de Trieste, Itália, onde Rilke morou por dois anos antes da Guerra, a convite da princesa Maria von Thurn und Taxis. Após o conflito na Europa, Rilke mudou-se para a Suíça, a última de suas pátrias de eleição,
Fonte: Wikipédia.
10 comentários:
"Finos clarins que não ouvimos devem
soar por dentro da terra, nesse mundo
confidencial das raízes, — e arautos sutis
acordarão as cores e os perfumes e a
alegria de nascer, no espírito das flores."
Cecília Meirelles
Feliz Domingo e excelente semana prá voce!Sempre Beijos...M@ria
Opera preziosa, Furtado.
Buona domenica!
Belíssimo post, amigo Rosemildo!
Adoro o poeta e fico-lhe grata pelo poema selecionado e pelos dados biográficos.
Forte abraço
Caro Furtado:
Otimo trabalho!
Belo texto de Rainer Maria Rilke
Com tradução de Paulo Quintela
Meu conterraneo nasceu em Bragança, Tràs os Montes Portugal em 24.12.1905
Otimo Domigo Luz, Paz
Forte Abraço
Antònìo Manuel
Amigo, obrigada por me dar o prazer de ler um poema tão belo... Me envolvi na magia dos versos, tenho uma certa facinação pelos deuses mitológicos... Um ótimo e abençoado domingo pra você! Carinhos... Bjsss
Bom dia meu querido amigo.
Bom receber sua visita.
Obrigado pelo comentário,vc é mil.
Seu blog está envolvido de uma forma explêndida!!! Cultura pura.
Parabénssssssssss.
Beijokas mil.
Lindp poema amigo poeta.
Já te disse que aqui eu aprendo neh?
mas tbem me inspiro.
Bjos achocolatados
siempre es muy interesante lo que usted nos comparte. por eso siempre me encanta visitarlo.
un abrazo
Furtado,
Que maravilha!!!Além de ser um belíssimo soneto, o conjunto da postagem ficou divino!
Ah, vou levar esse soneto de Rainer comigo...verso sobre Apolo é difícil encontrar!!
Um grande beijo e abençoada semana!!
Reggina Moon
Olá amigo!
Maravilhoso poema!
Sempre que venho aqui ler-te, saio feliz e honrada por dividir suas escritas conosco.
Beijo carinhoso
Lady
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