sábado, 21 de agosto de 2010

Questão de pontuação.


QUESTÃO DE PONTUAÇÃO

Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);

viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):

o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.

João Cabral de Melo Neto


João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife – PE, no dia 09 de janeiro de 1920 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro – RJ, no dia 09 de outubro de 1999.

Poeta e ensaísta. Irmão do diplomata e historiador Evaldo Cabral de Melo (1936), e primo do sociólogo Gilberto Freyre (1900 - 1987), autor de Casa Grande & Senzala, e dos poetas Manuel Bandeira (1886 - 1968) e Mauro Mota (1911 - 1984).

Até os 10 anos vive em engenhos de açúcar em São Lourenço da Mata e Moreno, na Zona da Mata pernambucana. De volta ao Recife, estuda no colégio dos irmãos maristas até 1935.

Aos 22 anos muda-se para o Rio de Janeiro e publica seu primeiro livro de poemas, Pedra do Sono. Inicia a carreira diplomática em 1945 - passa a maior parte da vida fora do Brasil, na Europa (Espanha, Inglaterra, Suíça, França, Portugal), na África (Senegal) e na América Latina (Paraguai, Equador, Honduras), e se aposenta em 1990.

Em 1947, servindo em Barcelona, adquire uma impressora manual e, pelo selo O Livro Inconsútil, edita obras de amigos brasileiros e espanhóis, assim como a sua Psicologia da Composição. Seu trabalho torna-se mais conhecido, quando, em 1965, o grupo de Teatro da Universidade Católica - Tuca encena em São Paulo Morte e Vida Severina, peça baseada em poema homônimo, musicado por Chico Buarque (1944).

É eleito para a Academia Brasileira de Letras - ABL em 1968 e é o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Camões, em 1990, patrocinado conjuntamente pelos governos do Brasil e de Portugal. Dois anos depois, é agraciado com o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma, Estados Unidos.

Fonte: www.itaucultural.org.br

14 comentários:

Anônimo disse...

Nas horas tardias que a noite desmaia
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz

Fagundes Varela

BOM FDS.....Beijos no coração!!M@ria

Gianna disse...

Vero!
Buon w.e. con un abbraccio

Unknown disse...

Não me negue as flores,
pois, tiro delas a minha essência!
seu perfume, é minha inspiração...
seu colorido, é minha alegria...
sua beleza, é minha vida!

Jacira Cardoso

OBS: Leve este mimo que te ofereço com muito carinho.....M@ria

Wanderley Elian Lima disse...

Olá amigo
Ninguém quer chegar ao ponto final, mas é inevitável.
Grande abraço, fique com Deus

Elaine Barnes disse...

Legal demais conhecer a história dele.Eu adorei o poema e lembrei de mim literalmente com toda dificuldade que tenho em pontuar. Vou colocando como quero e não como manda a literatura. rs... tenho muito que aprender,pois a vida também é uma interrogação.
Montão de bjs e abraços

Ira Buscacio disse...

Furtado, meu querido,

Até o pt final, o homem vive msm é de interrogações.

Bom fds e um grande bj

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
As interrogações acompanham a nossa vida até final.
Adorei o poema.

Beijinhos
Sonhadora

Everson Russo disse...

Que nos demore o ponto final...abraços de bom sabado pra ti amiog.

Maria Rodrigues disse...

Amigo, a nossa vida é realmente cheia de pontos de interrogação, até colocarmos um ponto final.
Não conhecia este poeta e adorei conhecer, obrigado pela partilha.
Tenha um excelente fim-de-semana, cheio de paz, alegria, saúde e amor.
"Felicidade é saber aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos." (Léa Waider)
Bjs do tamanho do infinito
Maria

Unknown disse...

pontuar é a pior parte, pq é a que dá sentido ao caos da nossa existencia, de outra forma, inexplicável...
Mas um fragmento de genialidade, bom demais te ler...

Unknown disse...

Lindo texto gramatical.
Adoro!
Sabe meu amigo, na verdade é difícil chegar-se a um ponto final,
se não for hoje, haverá de ser amanhã o repontuar dessa gramática fatídica pessoal...
Por isto vivo nas reticências, elas me levam a pensar...

Feliz Domingo pra ti

Bjs

livinha

Anônimo disse...

Como eu gosto de João Cabral de Melo Neto!
Bjs

Helô Müller disse...

Um grande poeta, sem dúvida alguma! Ainda não conhecia esta poesia, e adorei!
Bj meu, querido!
Helô

Bruna Furtado disse...

Realidade pura.

Te amo