quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Coco Pagu.

Retrato de Pagu feito no final da década de 1920.

COCO DE PAGU

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-coco quando passa.
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.

Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Raul Bopp


Raul Bopp nasceu no dia 04 de agosto de 1898, no estado do Rio grande do Sul, no distrito de Vila Pinhal, então pertencente ao município de Santa Maria (e atual Itaara), fundou dois semanários em Tupanciretã (cidade gaúcha para onde se mudou com a família nos primeiros meses de vida), nos quais expunha sua veia literária. Cursou Direito entre 1918 e 1925, em diversas faculdades do país, até formar-se (viajou, então, por todo o Brasil, tendo conhecido sobretudo a Amazônia, base para a construção de sua obra-prima, Cobra Norato).

Integrou o grupo paulista do modernismo, de cujas correntes verde-amarelas (Pau Brasil) e antropofágicas fez parte. Sempre conviveu em ambientes
literários, sendo amigo de autores consagrados como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.

Cobra Norato é considerado seu principal livro e obra mais importante do movimento antropofágico. A obra ostenta a grandeza do mundo em formação que é o Amazonas. Pela força de suas descrições, pelo lirismo que informa o poema, pelo seu aproveitamento das raízes populares, é um documento de valor definitivo do Modernismo brasileiro.

Raul Bopp faleceu no Rio de Janeiro no dia 02 de junho de 1984.

Foi Bopp quem deu o apelido de Pagu à escritora e jornalista Patrícia Rehder Galvão, figura importante na história cultural brasileira pelas participações em movimentos culturais e relações com artistas modernistas. Raul Bopp criou o apelido ao imaginar erroneamente que o nome verdadeiro de Pagu fosse Patrícia Goulart.

OBRAS:

Cobra Norato (1931)
Urucungo (1932)
Notas de Viagem (1960)
Nota de um Caderno sobre o Itamarati (1960)
Movimentos Modernistas no Brasil (1966)
Memórias de um Embaixador (1968)
Putirum (1969)
Coisas do Oriente (1971)
Poesia Completa (1998)

Fontes: Wikipédia e www.revista.agulha.nom.br

15 comentários:

Anônimo disse...

Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.

É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado.

Madre Teresa de Calcutá

Bons sonhos e beijos meus!! M@ria

Anônimo disse...

una bella dedicatoria.
un abrazo

ANTOLOGIA POÉTICA disse...

Agradeço o carinho de sempre.
Ótima quarta e beijos meus!! M@ria

Wanderley Elian Lima disse...

Olá amigo
Li Cobra Norato e adorei, aliás, estou precisando reler pois faz muito tempo. Adorei saber da história do autor e de Pagu.
Abração

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Ola amigo
Bom dia!

Que viagem no tempo ! Cita uma grande obra -Cobra Norato, um belíssimo poema de uma drama em nossa selva amazonica, o qual ele detalha muitas lendas e ritos.

Beijos e um belo dia

Andresa

Valéria lima disse...

Que gracinha de poema. E Pagu é lindíssima.

BeijooO'

Everson Russo disse...

Belissimo post meu amigo,,,abraços de bom dia pra ti.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Passei para deixar um beijinho

Sonhadora

Andri Alba disse...

Furtado, me impactado este poema, especialmente esta frase: Me duele porque es bueno para hacer daño.

El final también. Y qué decir del autor, magistral.

Gracias por compartirlo, ha sido bonito venir aquí y leer esta engrega, este post.

Un abrazo y un beso muy fuertes,

Andri

Sandra Gonçalves disse...

Belo poema, intenso em sentimentos...
Bjos achocolatados

Graça Pereira disse...

Adorei este poema meio ternura, meio sensualidade...Pagu era bonita e a alma
doce do poeta não poude resistir e ainda bem.
Aqui neste espaço vou conhecendo um pouco mais da literatura brasileira e isso tenho que te agradecer.
Beijo amigo
Graça

Unknown disse...

Lindo poema meu amigo.
Olhos de enfeitiçar, de atrair, de namorar...
Molejo que arrasta um bem querer...

Muita paz!
Bjs

Livinha

Anônimo disse...

Raul Bopp
Sempre me lembra peça de teatro.
Cobra Norato foi a minha primeira atuação no palco.
Bjs.

Lou Witt disse...

Adorei!

Beijo de saudade, querido amigo!

Sonia Parmigiano disse...

Furtado,

Voltando uma postagem para comentar que ela é maravilhosa!!!

Parabéns!

Beijos...

Reggina Moon