segunda-feira, 30 de maio de 2016

Morremos!

    

MORREMOS!

Cansei de mendigar as tuas ínfimas migalhas,
Arrastar-me aos teus pés como um mísero coitado.
Implorar o teu amor e só receber tuas ralhas,
Como um germe qualquer, todo tempo enxotado.

Cansado da tua frieza, da tua cruel indiferença,
Vivendo só de amargura, foi essa a minha revolta.
Por não poder alimentar mais a minha crença,
Nem a esperança de um dia poder ter-te de volta.

Quem sabe, a vida nos ofereça algo bem diferente,
De tudo aquilo que em tão pouco tempo tivemos.
Muito amor, paz e felicidades venham de presente,
Para que logo esqueçamos que nos conhecemos.

Segues o teu caminho, esqueces que me conheceste,
Tires da mente a minha praia, ancores em outro porto.
Para mim já não mais existes, passaste e morreste,
Pois pra ti já não mais existo, passei, estou morto.

R.S. Furtado.



segunda-feira, 23 de maio de 2016

Suicídio.




SUICÍDIO 

O suicídio é o único erro lamentável, impensado, brutal, covarde, irreparável, imperdoável e 'irrepetível' que o ser humano pode cometer.”

R.S. Furtado

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tipos da rua.

TIPOS DA RUA

Ambos descendem de ínfimo monturo,
Ela, amarela, feia e embrutecida.
Ele é um canalha preguiçoso, a vida,
Passa a beber cachaça com mel de furo.

Todas as noites, em um beco escuro,
Ele vai esperar a bem querida.
Que desleixada e de moral despida,
Mantém com ele o seu idílio impuro.

Então, dão expansão sem nenhum decoro,
Ela manhosa, ele velhamente,
O tão rasteiro e misero namoro.

Com tais colóquios de um amor imundo,
Preparam-se afinal nojentamente,
Para um aborto vil deitar ao mundo.

R.S. Furtado


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Saudades.

SAUDADES

Quando a pessoa sente saudades de algo, é porque em algum momento da vida já foi feliz. Pior é aquele que não tem o porquê, ou por quem sentir saudades.” 

R.S. Furtado 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Mãe penitente.

 
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MÃE PENITENTE

“Ouve-me, pois!... Eu fui uma perdida;
Foi este o meu destino, a minha sorte...
Por esse crime é que hoje perco a vida,
Mas dele em breve há de salvar-me a
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“E minh’alma, bem vês, que não se irrita,
Antes bendiz estes mandões ferozes.
Eu seria talvez por ti maldita,
Filho! Sem o batismo dos algozes!

“Porque eu pequei... e do pecado escuro
Tu foste o fruto cândido, inocente,
– Borboleta, que sai do lodo impuro...
– Rosa, que sai de – pútrida semente!

“Filho! Bem vês... fiz o maior dos crimes:
– Criei um ente para a dor e a fome!
Do teu berço escrevi nos brancos vimes
O nome de bastardo – impuro nome.

“Por isso agora tua mãe te implora
E a teus pés de joelhos se debruça,
Perdoa à triste – que de angústia chora,
Perdoa à mártir – que de dor soluça!

“Mas um gemido a meus ouvidos soa...
Que pranto é este em que meu seio rola?
Meu Deus, é o pranto seu que me perdoa...
Filho, obrigada pela tua esmola!” 

Castro Alves

Através deste belíssimo poema do nosso grande Castro Alves deixo minha homenagem a todas as mães do mundo.