CIGARRO
A
brasa silenciosa me consome o cigarro.
Olho-a
e me deixo ir junto, incinerando.
Há
um gosto de fim no acre sabor do sarro
e a
fumaça me enlaça feito um fantasma brando.
Vou
lançando no ar volutas em que esbarro
impulsos
de um querer que se desfaz pairando.
E o
cinzeiro me dá uma náusea de barro
com
a tumba circular das baganas cheirando.
O
ameno suicídio de fumar isolado...
A
vida a reduzir-se à chama que caminha
para
o centro de um eu que se vê descentrado.
Me
abandono a fumar, fica tudo afastado.
Vou
indo pelo tempo à hora que avizinha
de
enfim não ter vivido, mas fumado...
Paulo Hecker
Paulo Hecker Filho nasceu em 26 de julho de 1926, em Porto Alegre.
Seu pai foi advogado, mas já nessa época exercia a profissão de
farmacêutico, além de ser renomado espiritista, lotando as salas de
cinema da época com suas palestras. Em uma carta remetida ao filho,
na ocasião do falecimento de paulo Hecker, em 1976, consta: “Teu
pai sempre me dizia: 'farei de tudo para que o Paulinho possa se
dedicar somente às letras.'”
Foi exatamente o que aconteceu. Antes de se tornar escritor, PHF já
demonstrava imensa curiosidade intelectual: brilhante trajetória no
colégio militar, o primeiro 10 em Latim na história do IPA, formado
com média total de 9,6 na Faculdade de Direito, e, claro, devorador
de livros. “Quando descobri que eu era capaz de ler um livro
inteiro, foi o destino.” Paulo não exerceu a advocacia em nem...
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9 comentários:
Poesia linda,mas de cigarro,nem o cheiro gosto por perto! Bela biografia do autor gaúcho! abração praiano,chica
É um veneno o tabaco,
o tabaco mata lentamente
provoca-nos o catarro
é inimigo de toda a gente.
Também já fumei,
mas quando me apercebi
do mal, de mim o afastei
por isso ainda estou aqui.
Boa dia amigo Furtado,
um poema bem escrito
ainda há quem por um vicio,
troque a vida, desgraçado!
Um abraço.
Uma muito interessante trajectória de Paulo H. Filho, caracterizada pela paixão pelas Letras.
Quanto ao soneto, de conteúdo e forma excelente, destaco esse "enleio" que fumar um cigarro provoca, e que quem é ou foi fumador bem conhece.
Fumei durante muitos anos e apenas no início deste ano consegui deixar de fumar. Mas posso dizer que apesar de todas as censuras, de vez em quando ainda sinto essa vontade horrível de fumar um cigarro, embora até aqui tenha sempre resistido...:-)
xx
xx
Bom dia Furtado,
O poema é triste,
pois demonstra alguém consciente sobre os danos causados pelo cigarro, no entanto continua a fumar...
Gostei de ler a biografia de Paulo Hecker.
Bjs!
Uma bela biografia! O soneto é bonito, apesar do cigarro. Meu marido faleceu precocemente, provavelmente por causa do cigarro...mas, isso é outra historia! Sempre um prazer, vir aqui, Furtado!
Rosemildo
Como sempre, adorei ler a biografia do poeta, já que gosto se saber da vida do literatos.
Quanto ao soneto, gostei do seu nível, também por abordar um tema que me é muito caro.
Sei dever a vida, ao caso de nunca ter fumado.
Abraços
SE NOTA QUE EL POETA ES EXCELENTE!!!
UN ABRAZO
Boa tarde Prezado amigo!
Linda poesia, mas o cigarro...
Foi o cigarro que não deixou meu avô desfrutar da dele, com mais alegria e menos dor!
uma linda semana para voce. abraço fraterno
Maria Alice
Oi amigo,
Minha vizinha morreu de tanto fumar( e bebia também), tem gente que não consegue viver os problemas da vida sem se viciar.
Eu fumei algum tempo, depois parei.
Eu não sei que gosto tem uma bebida alcoólica, quando saía, ainda jovem para bailes pedia ao garçom a minha bebida: ele já conhecia: num copo de uísque colocava sodinha e uma azeitona no palito.kkk
Beijos no coração
Lua Singular
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