A
FOFOQUEIRA
Vem
logo vê muié! Se assenta aqui,
Oia
só quem vai passando por aí,
Nunca
vi muiesinha tão derpravada.
A
safada veve todo tempo cum fome.
Num
pode nunca avistá um home,
Qui
fica logo fogosa, toda assanhada.
Só
veve na rua, é o dia todo andano,
Pra
riba e pra baxo, somente mostrano,
As
coisa qui tem e qui divia di iscondê.
A rôpa vremêia, curtinha e apertada,
Pra
riba do joeio, tá sempre alevantada,
Qui
é pra mode os home da rua vê.
Trabaiá?
Eu? Qui nada! Nem pensá,
Vadiá
é muito mais mió pra nóis ganhá.
Isso é como as garrafa! Sai puraí falano.
Adispois
é só lavá, imboicá e já tá nova,
Aí,
a mais otros besta eu vô dano prova,
E as
merreca qui arrumá, eu vô imbosano.
Num
vá dizê a ninguém qui eu disse,
Pruquê
eu vô só dizê qui tu mintisse,
E
qui tu gosta munto dumas istorinha.
É
qui a quenga qui agora eu tô falano,
Qui
veve puraí, pelas rua só vadiano,
Mora
aqui junto deu, é fia da vizinha.
Mais
dêxa pra lá, ela faz pruquê é dela,
Pros
povo daqui, ela num vale uma ruela,
Faz
desde minina, cumeçô muito cedo.
É!
Vamu se arrumá, qui hoje é dia de festa,
Vô
cumê, e bebê, vô dançá cá mulesta
Inté
o sol raiá, qui hoje é vespra de São Pedo.
R.S. Furtado