O REINO
A José Olímpio Vasconcelos
Época de goiabas – no meu quarto
o aroma delas se incrustou no gesso
do cavalo troiano que o lagarto
cavalga; e estas goiabas de começo
de estação sobrenadam o hausto farto
do olfato – o meu cavalo escarva o avesso
do branco onde se funde e em cujo parto
goiabas e lagartos têm o seu preço.
Assim meu quarto esta estação de aroma
envolve – e das goiabas me apercebo
que é tudo hora frutal que em tudo assoma;
e tenho para reino os meses quatro
do aroma de goiaba, e é minha carne
o gesso em que cavalgam tais lagartos
Walmir Ayala
Walmir Ayala nasceu em Porto Alegre (RS) a 4 de janeiro de 1933 e
faleceu no Rio de Janeiro (RJ) a 28 de agosto de 1991. Em 1955
publicou seu primeiro livro, Face dispersa (poesia). Em 1956
transferiu residência para o Rio de Janeiro. Dedicou-se a vários
gêneros literários: poesia, conto, romance, teatro, literatura
infantil, diário íntimo, crônica, crítica (de artes plásticas,
literatura e teatro). Dedicou-se também, intensamente, ao
jornalismo: de 1962 a 1968, assinou no Jornal do Brasil uma coluna de
literatura... Leia mais aqui:
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3 comentários:
Poesia linda e bem escolhida!! Senti o cheiro das goiabas,rs abração,chica
Como é que um fruto de que não gosto (é dos pouquíssimos de que não gosto...) pode originar um poema tão bonito???
Mistérios... -:)
Bom final de semana.
Beijinhos
Três apetitosas goiabas,
na árvore já estão elas
assim verdes amareladas
de certeza serão belas!
Desejo um bom fim de semana para você amigo Furtado, um abraço.
Eduardo.
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