sexta-feira, 6 de junho de 2014

O reino.

 
O REINO

A José Olímpio Vasconcelos

Época de goiabas – no meu quarto
o aroma delas se incrustou no gesso
do cavalo troiano que o lagarto
cavalga; e estas goiabas de começo

de estação sobrenadam o hausto farto
do olfato – o meu cavalo escarva o avesso
do branco onde se funde e em cujo parto
goiabas e lagartos têm o seu preço.

Assim meu quarto esta estação de aroma
envolve – e das goiabas me apercebo
que é tudo hora frutal que em tudo assoma;

e tenho para reino os meses quatro
do aroma de goiaba, e é minha carne
o gesso em que cavalgam tais lagartos

Walmir Ayala
Walmir Ayala nasceu em Porto Alegre (RS) a 4 de janeiro de 1933 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) a 28 de agosto de 1991. Em 1955 publicou seu primeiro livro, Face dispersa (poesia). Em 1956 transferiu residência para o Rio de Janeiro. Dedicou-se a vários gêneros literários: poesia, conto, romance, teatro, literatura infantil, diário íntimo, crônica, crítica (de artes plásticas, literatura e teatro). Dedicou-se também, intensamente, ao jornalismo: de 1962 a 1968, assinou no Jornal do Brasil uma coluna de literatura... Leia mais aqui:

Visite também:

3 comentários:

chica disse...

Poesia linda e bem escolhida!! Senti o cheiro das goiabas,rs abração,chica

Mariazita disse...

Como é que um fruto de que não gosto (é dos pouquíssimos de que não gosto...) pode originar um poema tão bonito???
Mistérios... -:)

Bom final de semana.
Beijinhos

Edum@nes disse...

Três apetitosas goiabas,
na árvore já estão elas
assim verdes amareladas
de certeza serão belas!

Desejo um bom fim de semana para você amigo Furtado, um abraço.
Eduardo.