quarta-feira, 28 de maio de 2014

Símbolo d'arte.

 
SÍMBOLO D'ARTE

Se o meu verso não fora o agonizar de um lírio,
E o suave funeral de um crisântemo roxo,
Diluindo-se, murchando, à vaga luz de um círio,
Entre o planger de um sino e o gargalhar de um mocho;

Se, essas flores do mal, em pleno desabrocho,
Eu não sentira em mim, num êxtase e em delírio,
Meu orgulho de rei julgara vesgo e frouxo,
Pois a glória de um sol não vale esse martírio.

Se, na terra que piso, algum prêmio ambiciono,
É o deserto , a cabala, o claustro, a esfinge, o outono,
O Calmo encanto da noite e a augusta paz da morte...

E o meu símbolo d'arte, o ideal que me fascina,
É a tristeza a florir a graça feminina,
Como um farol pressago a iluminar o norte!

Félix Pacheco
 

Segundo ocupante da Cadeira 16, eleito em 11 de maio de 1912, na sucessão de Araripe Júnior e recebido pelo Acadêmico Souza Bandeira em 14 de agosto de 1913. Recebeu o Acadêmico Constâncio Alves.

Félix Pacheco (José F. Alves P.), jornalista, político, poeta e tradutor, nasceu em Teresina, PI, em 2 de agosto de 1879, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de dezembro de 1935.

Era filho do magistrado Gabriel Luiz Ferreira e de Maria Benedita Candida da Conceição Pacheco. Fez os estudos primários... Leia mais aqui: 

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2 comentários:

chica disse...

Lindo poema e não tenho certeza se já conhecia o autor! Gostei! abração,chica

Clau disse...

Boa tarde Furtado :)
Não conhecia Félix Pacheco, e
achei a poesia sofisticada e bonita.
Bjs!