segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As três irmãs do poeta.


AS TRÊS IRMÃS DO POETA 

É noite! As sombras correm nebulosas. 
Vão três pálidas virgens silenciosas 
Através da procela irrequieta. 
Vão três pálidas virgens... vão sombrias 
Vindo colar n'um beijo as bocas frias... 

Na fronte cismadora do – Poeta – 
“Saúde, irmão! Eu sou a Indiferença. 
Sou eu quem te sepulta a idéia imensa, 
Quem no teu nome a escuridão projeta... 
Fui eu que te vesti do meu sudário... 
Que vais fazer tão triste e solitário?...” 

– “Eu lutarei” – respondeu-lhe o Poeta. 

“Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome. 
Sou eu quem o teu negro pão consome... 
O teu mísero pão, mísero atleta! 
Hoje, amanhã, depois... depois (qu'importa?) 
Virei sentar-me sempre à tua porta...” 

– “Eu sofrerei” – respondeu-lhe o Poeta. 

“Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte. 
Suspende em meio o hino augusto e forte. 
Marquei-te a fronte, mísero profeta! 
Volve o nada! Não sentes n'este enleio 
Teu cântico gelar-se no meu seio?...” 

– “ Eu cantarei no céu” – diz-lhe o Poeta! 

Castro Alves  


Antônio de Castro Alves nasceu a 14 de março de 1847 na comarca de Cachoeira, na Bahia, e faleceu a 6 de julho de 1871, em Salvador, no mesmo estado brasileiro. Fez o curso primário no Ginásio Baiano. Em 1862 ingressou na Faculdade de Direito de Recife. Datam desse tempo os seus amores com a atriz portuguesa Eugênia Câmara e a composição dos primeiros poemas abolicionistas : Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, declamando-os em comícios cívicos. 

Em 1867 deixa Recife, indo para a Bahia, onde faz representar seu drama : Gonzaga. Segue depois para o Rio de Janeiro, recebendo aí incentivos promissores de José de Alencar, Francisco Otaviano e Machado de Assis. 

Em São Paulo, encontra nas Arcadas a mais brilhante das gerações, na qual se contavam Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Bias Fortes e tantos outros. Vive, então, os seus dias de maior glória. A 11 de novembro de 1868, em caçada nos arredores de São Paulo, feriu o calcanhar esquerdo com um tiro de espingarda, resultando-lhe a amputação do pé. Sobreveio, em seguida, a tuberculose, sendo obrigado a voltar à Bahia, onde veio a falecer.

Castro Alves pertenceu à Terceira Geração da Poesia Romântica (Social ou Condoreira), caracterizada pelos ideais abolicionistas e republicanos, sendo considerado a maior expressão da época. Sobre o grande poeta, Ronald de Carvalho diz : "- mais perto andou da alma nacional e o que mais tem influído em nossa poesia, ainda que, por todos os modos, tentem disfarçar essa influência, na verdade sensível e profunda".

Suas obras : Espumas Flutuantes, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Cachoeira de Paulo Afonso, Vozes D'África, O Navio Negreiro, etc.

Fonte: orbita.starmedia.com

Visite também:





10 comentários:

Lu Nogfer disse...

Parabens amigo pela bela postagem!Muito bom saber mais sobre esses ícones!
Ja sentia saudades daqui!

Beijos!

Pena disse...

Precioso Amigo:
Um nome a reter: Antônio de Castro Alves!
Parabéns sinceros. Uma excelente escoha literária e de uma Arte genial e extraordinária.
Gostei muito, amigo de Luz.
Abraço amigo ao seu genial estar.
Com respeito pela sua grandeza de pensamento.
Sempre a admirá-lo.

pena

chica disse...

Que belo poema do poeta encontraste.Linda escolha!!!abração,tudo de bom,chica

Everson Russo disse...

Uma bela definição dessa alma poeta...abraços de boa semana.

Sandra Gonçalves disse...

lindo poema, uma ótima escolha .Bjos achocolatados

Anônimo disse...

SIEMPRE TEXTOS DE MUCHA CALIDAD.
UN ABRAZO

Si Arian disse...

Vim te desejar uma ótima terça-feira recheada de muita luz.
Parabéns pela postagem, adoro Castro Alves, pois as suas poesias, tanto de amor quanto da escravidão, são muito profundas e com uma sensibilidade incomparável.
Abraço

Everson Russo disse...

Um dia de paz e poesia pra ti meu amigo...abraços.

Marcia M disse...

Vim passear pela arte que aqui habita e deixar meu carinho!!

Severa Cabral(escritora) disse...

Meu amigo vizinho!
Estavvim com saudades de vim por aqui...vc sempre nos presenteia com os melhores em literatura...
bjssssssssssssssssssss