AO ESPELHO
Tu, que não foste belo nem perfeito,
Ora te vejo (e tu me vês) com tédio
E vã melancolia, contrafeito,
Como a um condenado sem remédio.
Evitas meu olhar inquiridor
Fugindo, aos meus dois olhos vermelhos,
Porque já te falece algum valor
Para enfrentar o tédio dos espelhos.
Ontem bebeste em demasia, certo,
Mas não foi, convenhamos, a primeira
Nem a milésima vez que hás bebido.
Volta portanto a cara, vê de perto
A cara, tua cara verdadeira,
Oh Braga envelhecido, envilecido.
Rubem Braga
Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 12 de janeiro de 1913 – Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1990) foi um escritor lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros. Era irmão do poeta e jornalista Newton Braga.
Iniciou-se no jornalismo profissional ainda estudante, aos 15 anos, no Correio do Sul, de Cachoeiro de Itapemirim, fazendo reportagens e assinando crônicas diárias no jornal Diário da Tarde. Formou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Belo Horizonte em 1932, mas não exerceu a profissão. Neste mesmo ano, cobriu a Revolução Constitucionalista deflagrada em São Paulo, na qual chega a ser preso. Transferindo-se para Recife, dirigiu a página de crônicas policiais no Diário de Pernambuco. Nesta cidade, fundou o periódico Folha do Povo. Em 1936 lançou seu primeiro livro de crônicas, O Conde e o Passarinho, e fundou em São Paulo a revista Problemas, além de outras. Durante a Segunda Guerra Mundial, atuou como correspondente de guerra junto à F.E.B. (Força Expedicionária Brasileira).
Rubem Braga fez diversas viagens ao exterior, onde desempenhou função diplomática em Rabat, a capital do Marrocos, atuando também como correspondente de jornais brasileiros. Após seu regresso, exerceu o jornalismo em várias cidades do país, fixando domicílio no Rio de Janeiro, onde escreveu crônicas e críticas literárias para o Jornal Hoje, da Rede Globo de Televisão. Sua vida como jornalista registra a colaboração em inúmeros periódicos, além da participação em várias antologias, entre elas a Antologia dos Poetas Contemporâneos.
Fonte: Wikipédia.
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8 comentários:
Lindíssima poesia de Rubem Braga! Profunda como o olhar ao espelho pode ser...abração,chica
Ao espelho, muitas vezes não entendemos o que se passa com os sentimentos do nosso próprio reflexo...abraços de bom dia pra ti amigo.
Que lindo!!! Poesia profunda que mostra o verdadeiro eu no espelho.
Abraço
POESÍA DE MUCHA ALTURA. GRACIAS.
UN ABRAZO
...Olá meu vizinho querido!
Rubem Braga é destaque na literatura...vc é destaque em postá-lo...
bjssssssssssss
Visitando mais um dos teus espaços e adorando tudoooooo! rs bjos!
Um belo final de semana pra ti meu amigo...abraços.
Meu querido amigo
Mais uma pérola que encontro aqui, sempre sensíveis as suas escolhas.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
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